(este post é um update deste)
Quando se toca no assunto 'Matrix', inevitavelmente surge o comentário...
- 'Sim, mas só o primeiro é que presta! Os outros são sequelas manhosas para render o peixe e encher os bolsos à custa da genialidade do primeiro. O terceiro então, mais parece o Dragonball!'
O Projecto Matrix é composto por...
What is The Matrix
Animatrix (faz a ponte entre os dois primeiros filmes)
The Matrix Reloaded
Enter The Matrix (faz a ponte entre os três filmes)
The Matrix: Path of Neo (faz a ponte entre os três filmes)
The Matrix Revolutions
The Matrix Revisited (making of's de todo o projecto, filmes, animações e jogo)
The Matrix Online (o que acontece logo após o 'Revolutions')
Volto a refrir que não
há um primeiro filme e depois uma sequela. Há um projecto assente num conceito diferente que envolve várias
plataformas, com o intuito de revolucionar os filmes de acção e arte de fazer cinema. Para se conseguir captar a
essência do projecto é fundamental assistir a tudo (em cima) ou pelo menos ver os três filmes, as animações e, se possível, o making of de todo o projecto: Matrix Revisited.
A filosofia subjacente ao projecto é a de haver várias camadas de interpretação, daí os vários suportes tecnológicos: filme, animação convencional, animação 3D, jogo de pc/consola e short-stories online.
A própria história que dá vida ao projecto tem vários layers e sub-histórias!
Trata-se de arte, entretenimento, história, filosofia e uma visão distópica, mas de certa forma real da realidade (passo a redundância). Nunca tinha sido feito nada assim e os irmãos Wachowski revolucionaram a própria forma de fazer cinema do ponto de vista estético, técnico e da própria apreciação.
Depois de 1999, o cinema, a televisão, a publicidade e tudo o que gira à sua volta nunca mais voltaram a ser o mesmo!
É um excelente trabalho cinematográfico onde se conjugam várias perspectivas da realidade, assentes numa desfragmentação e reinterpretação da nossa história civilizacional. Tudo num pacote que agrada a quem gosta de ficção-científica, acção, drama, romance e de um bom thriller.
Pontos altos dos três filmes ou a melhor forma de explicar porque é que são precisos os três filmes para apreciar e entender o 'primeiro'...
- monólogo do Morpheus enquanto reeduca o Neo (1º)
- monólogo do Agent Smith com o Morpheus a assistir, drogado e torturado (1º)
- diálogo entre Neo e a Oracle (1º)
- chamada telefónica do Neo para as máquinas (1º)
- monólogo do Merovingian no restaurante (2º)
- diálogo entre Neo e a Oracle (2º)
- diálogo entre o Neo e o Agent Smith (2º)
- diálogo entre a Oracle e o Agent Smith no (3º)
- monólogo do Arquitecto sobre a Matrix (3º)
- diálogo final entre o Neo e o Agent Smith durante a luta (3º)
- diálogo no fim do filme entre a Oracle e o Arquitecto (3º)
É preciso entender a lógica, o fio condutor subjacente ao projecto e a forma como serviu para pôr as pessoas a pensar, mudar atitudes e manter a discussão acesa ao longo destes quase 13 anos.
O primeiro filme está para nós, como o comprimido vermelho está para a personagem Neo. Depois de o termos visto, despertámos para a discussão. Só com o segundo e o terceiro - que foram de facto feitos como um filme só, filmado em contínuo e só depois cortado - é que vêm as explicações, o entendimento e o verdadeiro despertar para a interpretação e a opinião fundamentada... dos filmes, de nós e da própria realidade. Era isto que os realizadores queriam, que se falasse do filme, de nós mesmos e do que se passa à nossa volta todos os dias!
Mais interessante ainda é saber o que vos revelo agora...
Os irmãos Wachowski (Andy e Larry... agora Lana!) eram desenhadores/escritores de banda-desenhada. Em meados de 1993 foram 'vender' o seu projecto à Warner Brothers, que adoraram a ideia mas ficaram reticentes quanto à sua viabilidade. Mais complicado se tornou quando os irmãos Wachowski revelaram a sua intenção de tomar conta de tudo: escrita, direcção (filmes, animação, jogo) e inclusive a realização dos filmes. Como nunca tinham pegado numa câmara de filmar, foi-lhes proposto que começassem por pegar noutro dos seus projectos para ganharem traquejo na escrita e realização. Teriam de realizar 5 filmes antes de iniciarem a pré-produção do 'Projecto Matrix'.
Começaram pelo filme Bound e logo após a sua saída e consagração nas salas de cinema, junto da crítica e em Hollywood, foi-lhes dito que começassem a trabalhar na pré-produção dos filmes Matrix.
Tem-se falado muito nos últimos anos sobre a possibilidade de haver um quarto e um quinto filme da saga Matrix e daquilo que tem aparecido na internet sobre o assunto, resumo-vos isto...
A razão pela qual haverá mais dois filmes...
- o facto deste
Neo ter sido diferente dos anteriores, como o Arquitecto explica no Revolutions, pois era alimentado pela 'sede de
amor e harmonia' e, por consequência e antagonismo, o Agent Smith pela sede
de 'ódio e destruição', o que resultou na não união do código contido no Neo com a Source
- pela primeira vez, desde o início da dialéctica entre máquinas e humanos, Zion e os seus habitantes terem sido poupados
- o Neo ter incorporado o seu alter-ego Smith e a auto-consciência que que se despertou e o processo que isso desencadeou na relação entre humanos e máquinas
- todas as pessoas ligadas terem estado 'às escuras' durante a fase negra em que o Agent Smith controlou a Matrix e depois terem visto a luz, o que rotunda na possibilidade das pessoas começarem realmente a acordar...
Como houve uma espécie de tréguas no final, em que a Oracle
diz que sim, iriam voltar a ver o Neo, a lógica que dará forma à sequela (agora sim, haverá uma sequela à trilogia inicial) é
que haveria uma outra Matrix, a verdadeira, e que toda a história se passou dentro
dessa Matrix. Que a melhor forma que as máquinas tinham de encontrado para manter toda a gente a dormir, era haver dois níveis de consciência, dois
"sonhos", um dentro do outro!
A questão é que, tal como os problemas que apareceram na altura em que saiu o primeiro, com as incríveis semelhanças e coincidências entre o Matrix e um outro filme de 1998, Dark City, entretanto saiu em 2010 o Inception de Christopher Nolan, cuja premissa é precisamente a de haver a possibilidade de existirem vários níveis de sonho e consciência.
Digamos que a coisa está em stand-by...
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