Pode não parecer, mas o tuga gosta mesmo é de complicar as coisas, atravancar os espaços e dificultar a sua vida ao máximo, quase a roçar o insuportável. Porque de outra forma não dá gozo, seria menos colorida e tornava-se quase banal, ora por aqui a malta quer tudo menos o que é normal!
Escadas de prédio sem nada ou uns centímetros de parapeito na janela? ...vá de vasos com fartura!
Um corredor, ainda que assim para o estreito mas com aspecto de que está vazio? ...não é bem Feng-Shui, mas colocar um armário, uma cómoda ou uma mesa corrida sempre compõe o espaço!
Uma varanda só com meia dúzia de floreiras? ...é o espaço ideal para uma carrada de lenha, que sempre fica perto da janela da sala!
128 manobras para estacionar o carro intra-muros, bem juntinho à porta de entrada da casa? ...é sempre melhor do que deixá-lo na rua!
Um pedacinho de terra no quintal? ... dá para ter umas couves, ervas aromáticas e uma palmeira, que leva tempo para caraças a crescer e depois só dá sombra praticamente para o seu tronco e é difícil como o raio passar a corda da rede para as sestas, mas dá um toque exótico e sempre fica mais alta do que o limoeiro do vizinho!
Uma praia cheia de gente, com pouquíssimo espaço para esticar a toalha e estar à vontade? ...qualquer pedaço de areia serve para abancar com a família, colocar 3 guarda-sóis, 1 daquelas "cortinas" anti-vento e 9 toalhas meio enroladas, espalhadas à volta a fazer uma espécie de forte, quase a lembrar a Vivenda Silva lá da aldeia, cadeiras de braços para os adultos e bancos da pesca para as crianças, 4 arcas frigoríficas, 5 alheiras, 2 garrafões de tinto e cerveja à descrição e o dia todo a cuspir sementes de melancia de papo para o ar a dizer palavrões e mal do governo!
Ser tuga não é fácil! É assim uma espécie de arte performativa e quase quase uma ciência!
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