quarta-feira, 31 de maio de 2006

Abertura de latas e pacotes

O que é que se passa com as pessoas e o que é que aconteceu ao mundo!? Confesso que não dei pelas coisas chegarem a este ponto. Hoje em dia a informação circula em banda larga e a toda a velocidade, a ciência progride exponencialmente e a passos cada vez mais largos, os avanços tecnológicos dão-se em catadupa quase diariamente, e tudo isto com a ligeireza e a facilidade de um tempo em que tudo parece estar ao nosso alcance, apenas à ligeira distância de um click ou de um usar de um cartão de crédito. Estamos todos a 15 minutos ou a 15 cêntimos uns dos outros. Somos diariamente inundados com descobertas e invenções para tudo e mais alguma coisa, desde o ralador subsónico para beringelas e abacaxis até ao supositório de nicotina para quem quer deixar de fumar, até parece que vivemos no admirável mundo novo, mas sinceramente, e ao descobrir que os pacotes das Belgas já não custam a abrir, que da família da caixa da Cerelac já só resta a mãe – típica família monoparental, o pai deve ter ido comprar tabaco! – vendo que o pão vem sem côdea, os sumos sem gás, o chá sem teína, o café sem cafeína, a manteiga sem sal, e tudo o que aparece na publicidade televisiva contém aloé-vera, desde os detergentes e produtos de higiene pessoal até aos iogurtes e pastilhas elásticas, chego à triste conclusão de que vivemos numa época estranha e bizarra. Tenho saudades do tempo em que não havia abertura fácil nas latas de atum, e tínhamos de usar aquelas chavinhas para enrolar a chapa de cima da lata. Hoje em dia dão uma chavinha idêntica a essa para construirmos uma cómoda ou um camiseiro do Ikea. Estou a ficar um bocado farto do efémero e do volátil, que voltem os tempos das coisas marcantes e indeléveis. Nessa altura aprendíamos com o que corria mal – “o que não nos mata torna-nos mais fortes” – e o que corria bem marcava-nos para sempre. Hoje não há tempo a perder! Eu sei que já sou do século passado e que nasci em mil nove e setenta e sete, mas há sempre forma de lutar contra o status quo. Eu aprendi que sim, que “as ideias e as palavras podem mudar o mundo”, e é com esta ideia em mente que continuo a escrever todos os dias para este blog, e talvez seja por isso que vocês cá vão passando. Lá de vez em quando aparecem uns comentários, mas as visitas e as leituras mantêm-se constantes. Obrigado e um abraço apertado... não precisa de ser indelével pela força, mas sim pelo sentimento! ;)

2 comentários:

daniela disse...

muito bom...
Nada a fazer quanto às aberturas fáceis, mas podemos sempre continuar a andar de bicicleta..

Anonymous disse...

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