quinta-feira, 2 de abril de 2009

Como se mede a vida?

Vivemos tempos de estatísticas, números e gráficos. Tudo é medido, avaliado e comparado. Em qualquer momento aparece uma notícia ou reportagem que nos mostra os factores de risco para se contrair uma determinada doença, para se estar na eminência de um determinado fenómeno meteorológico, ou de ser-se vítima de um certo acontecimento social ou económico. Há factores de risco para tudo e todos os gostos e receios, independentemente da idade, sexo, envolvência política ou credo religioso, mas o maior factor de risco dos nossos tempos, talvez até de todos os tempos, por mais que o nosso tempo nos pareça um tanto evulsivo e instável, é, sem sombra de dúvida, ser-se ignorante e burro! Se não fizermos por estar atentos ao que se passa à nossa volta e aos filmes que se vão fazendo na nossa ausência de consciência, independentemente do que os números nos revelem, acabamos por passar ao lado de muita coisa e isso pode ser o fim do nosso sossego psicológico, do nosso equilíbrio emocional e, eventualmente, do nosso tempo de (qualidade de) vida. Um dos clichés mais carregados de verdade é aquele que nos revela que “o maior risco que corremos é o de não corrermos riscos”. Há muita incerteza e ambiguidade em tudo o que nos rodeia e que observamos no nosso dia-a-dia mas como também nos diz outro cliché, desta feita escrito por John Lennon, “a vida é o que nos acontece enquanto fazemos planos”. Não vale a pena evitarmos riscos, salvo os puramente desnecessários, e também não nos serve de muito investirmos demasiado tempo a analisá-los com o intuito de planificar uma estratégia ousada para encontrar os mais acessíveis, senão, consoante os vários momentos que se desencadeiam, e os mesmo nos confrontam, até quando as coisas acontecem sem nossa responsabilidade ou culpa. A vida é o que se passa agora e agora, e agora e… agora, sempre e a todo o momento! Desenrola-se a uma velocidade, cadência e ritmo frenéticos, mesmo quando optamos por relaxar confortavelmente num sofá da sala a ver todo o tipo de porcarias – em formato de raios catódicos, ou, para os tecnologicamente mais evoluídos, em formato de cristais líquidos ou plasma – o que também sabe bem, não digo o contrário e até prescrevo aos mais acelerados. Fundamental é usar-se a cabeça para algo mais do que acertar num esférico normalizado pela FIFA ou desviar da ocasional chumabada ou regurgitação desvitaminada que aparece em tudo quanto é programa televisivo, revista e jornal. Os neurónios estão contados à partida e quer a agressão seja física ou psicológica, há que lhes dar protecção e uso ao mesmo tempo. Tudo isto funciona como uma espécie de forma de bolos que se enche de massa bem temperada e amassada, com recheio de inúmeros ingredientes, doces e amargos, e uma cobertura farta de coisas saborosas mas também agradáveis à vista. Resulta mais ou menos ao gosto e consoante a habilidade de cada um, mas convém sempre levá-la ao forno, de forma apaixonada, na temperatura e no momento certo. Parece simples mas não é, de todo. A receita difere em género e conteúdo de pessoa para pessoa e há tantos formatos de formas quantas as personalidades. Não tenho dúvidas que viver resulta de uma conjugação de factores e características individuais. Os factores, sendo estruturais ou conjunturais, podem ser anulados, minimizados ou ultrapassados pelas nossas características de personalidade e carácter. Essas características podem ser inatas e outras adquiridas, mas seja como for não há como aprender com a experiência para se evoluir em espírito e crescer em habilidade. No fundo, a vida mede-se pelas memórias, umas mais resistentes que outras, resultantes de experiências mais ou menos interessantes. Toda a causa tem um efeito e uma escolha que a norteia. Livre-arbitramos a nossa vida, correndo riscos em todos os momentos e a cada inspiração e expiração que realizamos, por isso, há que viver cada bafo e da melhor forma… erh… parece que resulta melhor em inglês – “live every breath!” – e os asmáticos também não devem temer essa postura de vida, toca-nos a todos!

8 comentários:

Marius disse...

No outro dia, enquanto esperava que começasse um episódio menos anestesiante de uma série que gosto de ver para adormeçer descansado - mentes criminosas - dei por mim, anestesiado a ver um filme com o travolta, em que ele faz de advogado para uma daquelas causas ecológicas contra as grandes corporções bla bla bla. ora vai que o travolta e os seus colegas advogados perderam tudo o que tinham na vida, menos a vida, e tiveram de entrar em acordo para receber 8 milhões que lhes iam pôr de novo a vida no eixos mas não agradavam aos clientes que só queriam um pedido de desculpas. bom, divago. onde eu queria chegar: a certa altura uma juiza pergunta ao travolta onde estavam todos os seus bens - perdidos naquela causa nobre mas pouco rentável - ao que ele responde unicamente com um encolher de ombros distraído, e ela continua: "todos os seus bens? acumulados ao longo de uma carreira? através dos quais se mede uma vida...?" fiquei aqui... de facto no mundo ocidental mede-se a vida pelos bens que acomulas, seja dinheiro, casas, carros etc. já ouviste dizer que um professor catedrático no topo da sua carreira, depois de anos de investigação e/ou ensino, com uma sabedoria imensa seja rico por isso? é rico se tiver vendido caro o seu tempo, ou o fruto do seu trabalho. é rico se tiver dinheiro. falas de experiências, psique, saude, o que de facto se fez, o altruismo, a família... esses sim, deveriam ser os critério pelos quais se mede uma vida. mas quem é que liga a um velho experiente sem intimamente pensar que é um velho do restelo? bom, já vai longo este, fico-me por aqui :)

Ju disse...

Todos os princípios que nos tirem do campo seguro das certezas e nos levem pela mão pelo caminho instável, parecem-me mais sedutores. Sempre preferi bosques com amoras silvestres a pomares ordenados à régua. Escolhas...

André Peixe disse...

A vida mede-se no número de dias que vivemos menos o número de dias que não aproveitamos. Ou seja, a vida não vale um ca%&lho.

Anonymous disse...

Gostei da maneira como o Marius mostrou a ideia dele, e concordo plenamente com o que ele diz e fala, infelizmente a sociedade hoje está muito consumista e os valores perderam-se...Enfim, continuem os bons post que eu vou ter que ir trabalhar para pagar o carro, o cartao visa e tudo o resto..

Gandim disse...

Depois de alguns comentários pertinentes, quis esclarecer toda a gente que neste blog não há censura.

relembro que devem ler as coisas como se de enunciados de testes se tratassem (não se lembram dos vossos professores vos darem este conselho precioso?)

"Comentário eliminado (...)
Esta mensagem foi removida pelo autor."

VIVA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E VIVA LA REVOLUCION MEXICANA!!!
aiaiaiaiaiiiiiiii

Gandim disse...

...ok, já percebi qual é o busílis...

"autor do comentário" e não "autor do blog"!

;)

Gandim disse...

...mais informo que só retiro comentários, porque de quando em vez o faço, se for publicidade ou spam. Por mais caralhadas e ofensas que apareçam escritas por vocêzes, sou incapaz de apagar seja o que for.
Cada um é responsável pelas figuras que faz!

Venha, daí comentários a granel, mas sentidos e reflectidos!

abraços, oh povo!

Lua disse...

A vida? A vida é apenas o espaço de tempo concedido pela morte... Tirar o melhor proveito da vida, vivê-la da forma mais harmoniosa, pacifica, com calmaria....dar valor a cada minuto, hora, ano que passa enquanto a morte não chega...isso é extramamente dificil, não há riqueza que se equipare com cada momento que passa por nós, que está connosco. A vida é de um valor incalculável e quando nos apercebemos disso, (pelas experiências que fomos tendo) UPS!!!...já não há vida pela frente,é o dia em morremos e já não há volta a dar...desperdiçamos toda a riqueza que conquistámos a partir do minuto em que nascemos, sem nos aperceber de tal feito!!!!