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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Carros, gadgets e o futuro

Sobre a discussão do momento...

...não é sobre Gaza... nem sobre a Ucrânia... ou sobre Trump e Epstein, Rússia ou China...

...é sobre carros eléctricos vs carros a combustão!

A arte e engenho que levou a industria automóvel, via desporto automóvel, a fazer as obras de arte e engenharia (passo a redundância) que são um Porsche 911 com um motor boxster ou um Ford com um V8, um BMW M5 com um V10, um Volkswagen com um W12, um Bugatti com um W18 ou mesmo um  simples L4 num Renault Clio Williams ou num Peugeot 205 Turbo dos anos 90 é mesmo outra fruta!!

Um automóvel com motor a combustão tem cheiros, tem som, tem personalidade, carácter, alma! Liga-se aos nossos sentidos de forma directa, crua, visceral e personalizada!

Um automóvel a combustão não tem nada a ver com um carro eléctrico, nada!!

Um carro eléctrico é como um frigorífico, um ar condicionado ou um smartwatch... é um gadget!

terça-feira, 11 de março de 2025

Idades, gerações e pilotos de F1

Se for preciso, uma boa forma de avaliar a que geração uma pessoa pertence, sem arriscar perguntar que idade tem, é esperar que algum acelera passe na rua e ver que referência é feita.

Um “eh Fitipaldi!” ou "lá vai outro Ayrton Sena" ou "este deve achar que é o Schumacher" ou ainda "outro pensa que é o Verstappen!" vai dizer-nos o que precisamos saber.

Se começarem com referências obscuras ao Rally da Madeira, à rampa da Falperra, a provas de enduro ou motocross ou mesmo ao MotoGP que não seja o Miguel Oliveira é que vai ser tramado.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Este blog faz hoje 20 anos

Não sei se é uma espécie de milestone ou algo para recordar, mas este blog faz hoje 20 anos!

E pronto, é isso. São 20 anos a desabafar, 20 anos a acumular irritações, 20 anos a escrever disparates.

Não sei se alguém lê estas "postas de pescada" mas a mim dá-me muito gozo escrevê-las.

Se serve para alguma coisa!? Não, mas é obra!

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Trump e Musk, saudação romana e armários bafientos

O que dizer do que se passou ontem!?

"Trump foi eleito democraticamente"

...ok, facto, mas é inteiramente discutível porque os republicanos - com a ajuda dos gurus da tech (Musk, Zuckerberg, Bezos, Cook, etc.) - controlam a narrativa política e muita da desinformação que circula nas redes sociais e, como tal, facilitando a moldagem da opinião pública. Desinformação e o chorrilho de mentiras no seu discurso e da corja que o segue.

"Trump diz que foi salvo por deus para salvar a Amárica"

...eh pá, depois dos linfomas e leucemias em crianças, é mais uma razão para não acreditar em deus!

"aquilo que o Elon Musk fez foi a saudação romana"

...e onde é que o Mussolini e os nazis foram buscar a saudação que usavam!?

Sabendo que a História é cíclica, que as modas voltam e que os ciclos políticos são o melhor exemplo de alternância que se pode usar para explicar que, mais tarde ou mais cedo, tudo acaba por voltar, acredito mesmo que estamos numa fase em que isto ainda vai piorar antes de começar a melhorar!

E não haverá muito a fazer para além de evitar a todo o custo discutir com idiotas e - para quem tem redes sociais - desamigá-los e deixar de os seguir, por uma simples questão de sanidade mental! É manter essa gentinha irritante, histérica e delirante à distância! Não há pachorra!!

O que tenho visto nos últimos tempos e se verá nos próximos semanas e meses, mais parece uma estranha e bizarra peça de teatro de revista em que os gays e trans voltam para dentro do armário e os fascistas saem dele cá para fora. Não é só por estarmos no pico do Inverno e estar de chuva que o ambiente tresanda a bafio!!

Agora a sério... é evitar navegar em mar alto, procurar um porto de abrigo e deixar a tempestade passar.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 de Abril, folgas e tentativas

50 anos volvidos, as mesmas ameaças mas muito mais sobranceria e arrogância por parte de quem tenta... não dá para tirar folgas nem dar abébias e há que estar atento, sempre!


25 de Abril SEMPRE!! 🥀

sábado, 29 de julho de 2023

Músicas, coincidências e aparelhos nos dentes

Há coincidências muito engraçadas!

Noutro dia a minha mulher saiu de casa e ligou-me 3m depois, toda entusiasmada, a dizer “no carro está a passar a mesma música que tu estavas a ouvir aí em casa”!

Ok, sendo a mesma playlist na pendrive do carro que tenho no computador em casa, embora em shuffle, não é uma probabilidade assim tão alta…

Ontem, no intervalo das notícias à hora do almoço apareceu um reclame da Dacia com uma música muito gira... e imediatamente a seguir, outro da Sumol, precisamente com o mesmo tema e praticamente com o mesmo tempo de anúncio!!

Esta última sim, já é uma coincidência difícil de prever!!

Relacionado ou não, quando era miúdo aconteceu-me MUITAS vezes estar a cantar ou assobiar uma música, ligar a aparelhagem lá em casa ou o rádio do carro e a música estar precisamente no mesmo sítio... era estranhíssimo!! À conta disso desenvolvi uma teoria de que o meu cérebro apanhava as ondas da rádio... mas como nunca usei aparelho nos dentes, não sei bem como é que isso acontecia... mas acontecia e não poucas vezes!

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Realidade virtual, metaverso e invisibilidade

 Desde miúdo que gosto de super-heróis e desde essa altura que de vez em quando, secretamente, penso: "se tivesse um super-poder, qual seria!?"

Já pensei em vários, mas o que mais vezes me veio à cabeça foi o da invisibilidade.

Passados estes anos todos e ao ler notícias e ver reportagens e alguns documentários, apercebendo-me que a realidade virtual e o metaverso são, não só uma realidade, como muito provável e rapidamente se tornarão moda, dou comigo a pensar em super-poderes mais uma vez:

- "quando esta gente toda estiver ligada ao metaverso com óculos de realidade virtual e phones, completamente alheados da realidade, vou finalmente conseguir ser invisível no meio de toda a gente..."

Ok, não vai dar para roubar um banco ou comer chocolates e bolos numa pastelaria até cair para o lado - assim de repente é o que me vem à cabeça como "coisas a fazer se fosse invisível" - mas vou andar muito à vontade no meio da rua, porque vai estar toda a gente em casa ligado e online.

Seria anedótico, se não fosse o futuro em breve... ts ts ts

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Sporting, derrotas e crescimento

Pensando no que se passou ontem no Estádio de Alvalade e na 6ª feira no Estádio do Dragão, diria que estamos na melhor fase do Sporting desde que sigo futebol em Portugal (1998)...

Nem nos campeonatos de 2000 e 2002 vi direcção, clube, sócios, adeptos, simpatizantes, jogadores e treinador em tamanha sintonia!

É bonito, é diferente e é bom para o futebol e para o desporto em geral.

...pena que o futebol neste país seja tão mafioso e lamacento! Mas mais uma razão para o Sporting brilhar e fazer a diferença.

Se custou ontem perder em casa por cinco golos com uma das melhores equipas do mundo!? Um bocadinho, mas mais pelos golos permitidos com jogadas infantis, nitidamente resultado de algum nervosismo, mas, como diz o Ruben Amorim, "são dores de crescimento"!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Pôr do Sol, humor e revolução televisiva

Pôr do Sol é o que de melhor aconteceu à televisão portuguesa desde o Duarte e Companhia!

É uma espécie humor da tradução portuguesa do "Dragon Ball" dos anos '90 (pela malta que viria a fundar as Produções Fictícias e a escrever para o Herman José) meets "Tal Canal" meets telenovela mexicana, com a história, os clichés, o humor físico, as personagens, os actores, a banda sonora, o genérico... tudo funcionar em harmonia para nos agarrar a uma "novela" que, se fosse a sério, não tinha ponta por onde se pegasse.

Tiro o chapéu à malta que se lembrou de fazer isto e à RTP, que teve o rasgo de apoiar e produzir algo que é uma verdadeira pedrada no charco da programação e produção televisiva em Portugal.

Desde os Gato Fedorento que nada de novo aparecia por aí...

domingo, 15 de agosto de 2021

Música, rádio e Beja nos anos 90

Estou em Dublin, cidade interessante que gostei de visitar e conhecer durante 5 dias, em que apanhei quase sempre bom tempo, algo raro por estas bandas, e hoje tive um sonho delicioso!

Sonhei que tinha um programa de rádio com o Jorge Palma.

Muita conversa, algumas bocas sobre os tempos de Beja na década de ‘90, quando lá estive a estudar e o Jorge era um habitué por aquelas bandas, mas sobretudo música... temas de Crosby, Stills Nash & Young, Fairport Convention, Barclays James Harvest, Tim Buckley, Warren Zevon e outras cenas maradas.

Muito fixe!!

domingo, 8 de agosto de 2021

Crianças, adultos e caixas de cartão

Uma das coisas que se torna normal quando somos adultos é passarmos a guardar caixas de cartão, só porque são mesmo boas caixas de cartão.

Em mais novos podem ser carros, naves ou uma máquina de viajar no tempo...

...mas em adulto, pode haver necessidade de guardar algo na garagem ou no sótão, uma venda no OLX que precise de ser enviada por correio, para transportar alguma coisa...

Bem, pode dar jeito e guarda-se em vez de ir para a reciclagem... e depois acumulam-se várias e nunca passam de caixas vazias em stock... um stock de caixas vazias!

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Namoradas, namorados e selfies

Antigamente os namorados ficavam em manada em frente às lojas, nomeadamente junto aos corrimões dos centros comerciais, enquanto as namoradas iam comprar roupa e fazer as suas compras.

Agora estão sempre com elas, já não ficam à espera... mas estão constantemente de serviço a tirar selfies às meninas em tudo quanto é sítio, seja um lugar icónico, com uma paisagem bonita ou apenas uma rua normal.

A lógica de desapego é a mesma, eles estão lá mas elas não lhes ligam grande coisa.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Sporting, clube e conquistas

Não desfazendo na grandeza do clube Sporting Clube de Portugal, especialmente em ano de grandes conquistas em várias modalidades desportivas, é realmente relevante, digno, fantástico e épico quando o under dog dá lições de ética aos outros clubes em Portugal.

Por questões que se prendem com a educação que me deram, pelas minhas experiências de vida e até coisas tão simples como um livro, um filme ou uma série, toda a minha vida torci pelo "candidato" mais fraco em qualquer contexto que essa situação se apresentasse... e, naturalmente, tinha de ser sportinguista!

Claro que o Boavista também era o under dog em 2001, claro que também torço pelo S.C.Braga ou o Guimarães para o campeonato e taças, até por qualquer clube português nas provas europeias, mas em 2000, estando na Praça Sony à espera de um concerto que teria lugar naquela noite, vindo de um período em que apenas torcia por jogadores - nomeadamente pelo trio de tugas no Barça do final dos anos '90 - naquele momento percebi qual era o meu clube! Ok, escolhi o Sporting em momento de viragem e de vitória, mas a sua história recente, à data, a forma como os adeptos fizeram aquela bonita e estrondosa festa, bem como por outras razões pessoais - que só mais tarde compreendi e encaixei - fizeram-me escolher, consciente e inconscientemente, este clube enorme que é o Sporting Clube de Portugal!

A vitória no jogo de ontem contra o Boavista no Estádio de Alvalade revelou um pouco do que foi toda a época desportiva da equipa de futebol: experiência q.b., muita irreverência e inconformismo típicos da juventude da grande maioria do plantel, muita entrega ao jogo, algum sofrimento, dificuldade em que a bola entrasse apesar do grande caudal ofensivo e do muito bom e bonito futebol que se praticou, alguma sorte, porque não dizê-lo - até porque isso faz parte da atitude e também do trabalho de casa e de bastidores, "a sorte faz-se" - mas acima de tudo muita dignidade e a noção de que estávamos lá quase, que só faltava "aquele bocadinho assim" e que era justo, justíssimo por todo o percurso e, até, pelo passado recente que manchou a história do clube e do futebol em Portugal, nas mãos de um presidente com traços psicopatas e sua corja seguidora, com espirito criminoso e terrorista.

É bonito ver e admirar um presidente de clube recatado, tranquilo, digno e no seu canto; é bonito ver um treinador cheio de potencial conseguir estar por cima de tudo o que lhe provocaram pessoal e profissionalmente, com uma maturidade e visão fora do comum para a idade; é bonito ver jogadores veteranos repescados como Adán, Coates, Neto, João Pereira, Antunes e João Mário a reinventarem-se, agarrando com unhas e dentes a oportunidade que lhes foi dada; é bonito ver jogadores cheios de potencial serem preteridos mas ainda assim a trabalharem muito e a torcer como adeptos no banco ou na bancada como o Max, Eduardo Quaresma ou Tiago Tomás; é bonito ver como o Paulinho e o próprio Rúben Amorim souberam estar ao nível do valor que o mercado lhes atribuíu, calando as muitas e críticas com atitude, dedicação, trabalho e resultados - como é apanágio do Sporting, de quem faz parte do clube e de quem saiu da sua formação, como o Cristiano Ronaldo, mostrando o verdadeiro ADN do clube e instituição; é bonito ver tantos portugueses no plantel e tantos deles tão novos, alguns juniores, a jogar na equipa principal como gente grande, equilibrando irreverência e maturidade de forma tão eficiente; é bonito ver uma comunicação simples, limpa e sem alimentar casos, confusões e problemas tão típicos do futebol neste país, por vezes tão alimentador do culto da mediocridade e pequenez tacanha... e é bonito receber os parabéns de muitos amigos e conhecidos, adeptos de outros clubes, invariavelmente referindo e sublinhando a palavra "merecido"!

É bonito ver este Sporting campeão de futebol em 2020/21, como é bonito ver a equipa de futsal campeã da Europa, como a Telma Monteiro e tantos outros em tantas modalidades neste ano fantástico!

É bonito, é motivo de regozijo e muito orgulho!! Estou muito contente!

sábado, 10 de abril de 2021

Cabelo, ansiedades e crises de meia idade

Eu e a maioria dos meus amigos estamos na casa dos 40 e nesta fase da vida há uma série de coisas que nos começam a moer o juízo. Enfrentam-se questões que vão desde o sentido da vida, à nossa mortalidade, que mundo deixaremos aos nossos descendentes... e a mais pertinente de todas para os homens desta idade: a queda de cabelo!

Os meus amigos debatem-se com a questão da falta de cabelo, mas eu comecei a perder o meu em 1997, quando tinha 20 anos. Lembro-me de como andava chateado e ansioso com isso, mas com a agravante de ser ainda novo!!

Na altura fui a consultas de dermatologistas, tentei dezenas de tratamentos anti-queda, fiz trinta por uma linha e nada. Disseram-me que era genético e ambos os meus avôs tinham perdido o cabelo em novos - especialmente o avô materno, que pelos vistos é o que conta mais - e que não havia nada a fazer contra isso, que teria de me habituar à ideia.

Foram vários em que me deixei levar pela irritação que esse facto me provocava, até um dia, uma professora de História na universidade, que ia a passar no corredor e ouviu uma conversa que estava a ter com colegas, precisamente sobre a perda de cabelo e o que isso me deixava lixado, se chegou a mim e me disse - só para eu ouvir: “com esses olhos verdes, não precisas de te preocupar com ser careca".

Naquele momento soube-me bem o piropo com laivos de flirt, mas ainda demorei alguns dias a encaixar a ideia... até que deixei de me preocupar com tal coisa!

Volvidas mais de duas décadas, até entendo o incómodo dos meus amigos, mas só consigo usar como argumento as centenas de euros que poupei em champôs, barbeiros e cabeleireiros, o tempo que ganhei (porque corto o meu cabelo à máquina e em casa) e as chatices que poupei em não acordar com jeitos, despentear-me com capacetes e coisas do género.

Não ter (muito) cabelo é um descanso!!

sábado, 13 de março de 2021

Clã, Sérgio Godinho e Festival da Canção

Não sou fã do Festival da Canção, embora admita que deu contribuições interessantes e relevantes para a Música Portuguesa, mas nos últimos anos ando verdadeiramente entusiasmado com o que a música portuguesa tem contribuído para esse concurso de canções, nomeadamente com os manos Sobral, Tiago Nacarato,  Cláudia Pascoal e outros.

O que me encaminhou para a escrita deste post nem foi o festival em si, mas o muito bem conseguido tributo a Sérgio Godinho, feito no passado fim-de-semana aquando da mais recente edição do Festival da Canção. Aqui, especial, particular e originalmente interpretado pelos Clã, Cláudia Pascoal e Filipe Sambado, com a participação igualmente especial do próprio Sérgio Godinho, revelando oportunamente um tema novo seu, escrito e composto em 2020 a propósito do "novo normal".

Ora os Clã são a minha banda portuguesa preferida e das bandas que mais admiro desde sempre. Acho que são geniais nos arranjos, fazendo reinterpretações e verdadeiras reciclagens de temas de outros em versões memoráveis e únicas... até melhores que os originais! Fizeram-no com Xutos & Pontapés, Rui Veloso, Jorge Palma, Ornatos Violeta, Rolling Stones, Pato Fu, entre outros.

Claro que Sérgio Godinho vale por ele próprio, pela originalidade das letras e a sua também original forma de as interpretar a cantar, em métricas e rimas completamente “fora", com melodias por vezes “estranhas” (que depois se entranham) e outras vezes lindíssimas, sendo difícil - e quase injusto - comparar estas versões com os originais... mas que achei muito bem esgalhadas!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Concertos, palcos e música a sério

Saudades dos tempos em que o "videowall" no palco era apenas o logotipo da banda, em vez de bailarinos havia colunas e amplificadores e a música que se ouvia era toda tocada em instrumentos e ao vivo...



sexta-feira, 10 de julho de 2020

Redes sociais, estupidez e factor de transmissibilidade

A propósito de redes sociais, fake news, ignorância e (des)educação... em conversa sobre esta temática com uma amiga, ouvi-a soltar uma verdadeira pérola que se aplica aos dias de hoje e faz todo o sentido:

- "Antes educava-se pela culpa, hoje em dia educa-se pela vergonha."

De facto, vivemos tempos estranhos em que se perdeu a noção de muitas das lições que a História nos ensinou, nomeadamente com os acontecimentos à volta das grandes guerras, da emancipação da Mulher, do poder do voto, das crises financeiras e sociais e mesmo de períodos epidemias. Parece que as pessoas se esqueceram, ou não sabem mesmo, que precisámos de sofrer e penar muito para atingir um determinado nível de consciência social.

Analisando o percurso de Trump, Bolsonaro, André Ventura, mas também do Kanye West, Kardashians e aqueles que se arrogam saber tudo e mais alguma coisa, ou pelo menos muito mais que os outros, as redes sociais e a forma diletante como se encaram os assuntos e os acontecimentos só serve um propósito maior: a promoção sistemática da estupidez!

Liberdade de expressão, claro e toda a gente merece ter uma opinião... mas porque é que se dá tanto tempo de antena aos chicos-espertos, que primam por embandeirar em arco, emprenhar pelos ouvidos e arrotar arrojadas postas de pescada a torto e a direito... os idiotas! E ainda por cima se mete like e se partilha logo de seguida o que aquelas personagens e ‘artistas de circo’ trouxeram à luz do dia... epá, era deixá-los dizer o que querem e depois dar-lhes a oportunidade de se espalharem ao comprido!

Há uma outra frase que apanhei na net aqui há tempos que diz: "talentless is the new talent!" e isto só pode ser resultado de tanto concurso, reality tv, exposição nas redes sociais, só pode!

Não sei de quem é a culpa, mas isto é vergonhoso!

E, já que estamos em tempo de pandemia, é óbvio que a estupidez tem um "R", ou factor de transmissibilidade, bem superior ao da Covid-19.

sábado, 14 de março de 2020

Universo, Natureza e Humanidade

Na onda da partilha de textos interessantes, pertinentes e úteis, aqui fica mais um...

“Acredito que o Universo tem a sua maneira de equilibrar as coisas e as suas leis quando estão viradas do avesso. O momento que vivemos, cheio de anomalias e paradoxos, dá que pensar. Numa altura em que as alterações climáticas causadas por desastres ambientais chegaram a níveis preocupantes, primeiro a China e depois tantos outros países veem-se obrigados ao bloqueio. A Economia colapsa, mas a poluição diminui consideravelmente. O ar melhora; usam-se máscaras, mas respira-se.

Num momento histórico em que algumas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão a reativar-se em todo o planeta, chega um vírus que nos faz perceber que, num instante, podemos ser nós os discriminados, os segregados, os bloqueados na fronteira, os portadores de doenças. Mesmo que não tenhamos culpa disso. Mesmo que sejamos brancos, ocidentais e viajemos em classe executiva.

Numa sociedade fundada na produtividade e no consumo, em que todos nós corremos 14 horas por dia na direção não se sabe muito bem de quê, sem sábados nem domingos, sem feriados no calendário, de repente chega o “parem”. Fechados, em casa, dias e dias. A fazer contas com o tempo do qual perdemos o valor. Será que ainda sabemos o que fazer dele?

Numa altura em que o acompanhamento do crescimento dos filhos é, por força das circunstâncias, confiada a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e obriga a encontrar outras soluções, a juntar a mãe e o pai com as crianças. Obriga a refazer família.

Numa dimensão em que as relações, a comunicação, a sociabilidade se processam principalmente no “não-espaço” do virtual, das redes sociais, dando-nos uma ilusão de proximidade, o vírus tolhe-nos a verdadeira proximidade, a real: que ninguém se toque, nada de beijos, nada de abraços, tudo à distância, na frieza do não contacto. Até que ponto dávamos por adquiridos estes gestos e o seu significado?

Numa altura em que pensar no próprio umbigo se tornou regra, o vírus envia uma mensagem clara: a única saída possível é através da reciprocidade, do sentido de pertença, da comunidade, do sentimento de fazer parte de algo maior, de que cuidamos e que pode cuidar de nós. A responsabilidade partilhada, o sentir que das nossas ações depende não apenas o nosso destino mas o de todos os que nos rodeiam. E que dependemos das deles.

Por isso, deixemo-nos da caça às bruxas, de perguntar de quem é a culpa ou porque é que tudo isto aconteceu, e perguntemos antes o que podemos aprender com isto. Creio que temos todos muito para refletir e fazer. Porque para com o Universo e as suas leis, evidentemente, temos uma grande dívida. Explica-nos o vírus, com juros muito altos.”