sábado, 30 de dezembro de 2006

Just one man…

O comércio tradicional está em perigo, por toda a parte proliferam as grandes superfícies, ao longe na neblina ecoam suspiros e latidos de sofrimento e só uma pessoa pode responder positivamente às preces que aparentam ficar sem reposta… este homem é Steven Seagal, recorrente vingador de gentes oprimidas, deprimidas e comprimidas, habitantes de nenhures, onde o sol já chega baixinho e as aves cantam roucas e desafinadas, povos acabrunhados e desfalecidos. Mas eis que se renova o sentimento de esperança, dá-se um rasgo de confiança no herói. Mais uma vez voltarão a brilhar sorrisos. Pois que se este homem arrasa sozinho companhias petrolíferas e multinacionais de produção a granel, aguenta os avanços de dez matulões de uma só vez a quererem dar-lhe porrada partindo braços a três deles e desdentando os restntes, ele também poderá valer aos nossos conterrâneos esquecidos nas zonas mais isoladas. As localidades do interior jamais voltarão a ser as mesmas. Existe uma nova força capaz de devolver o alento e a motivação aos mais desafortunados. Seagal é o maior!

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Amigos, putas e vinho tinto

Há duas frases míticas que têm um grande fundo de verdade:
Um Homem mede-se pelos amigos que tem.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

Sendo assim, não sei bem o que sou, presumo que alguém mo dirá oportunamente, mas tenho a certeza que sou um colosso cheio de sorte. Um grande abraço e obrigado!
…ah!, o resto do título era mesmo publicidade enganosa só para causar efeito.

Parece um chupito, mas não é bem!

Estou prestes a fazer anos e chegando a esta altura faço sempre um balanço do que fica para trás e da melhor forma de encarar o que está para vir. É tudo uma questão de estabilidade, equilíbrio, e a vontade e necessidade de atingir um estado geral de harmonia. Pensando bem, depois de todo este tempo vivido, tantas experiências, muita aprendizagem que se traduz em sabedoria, senso comum e cultura geral, e um nível razoável de maturidade e crescimento psicológico mais do que suficiente (como é que isso se mede!?), não era já tempo para ter aprendido a beber água sem me engasgar!? Às refeições até me contenho e geralmente não sucedem qualquer tipo de percalços, mas se estiver em casa e for à cozinha beber um copo de água, ou beber de um cantil num passeio, ou de uma garrafa num bar, é desgraceira mais do que provável e suficiente para ficar a tossir e a respirar mal durante uns bons dois ou três minutos. Estamos sempre a aprender, é verdade, mas há coisas que não mudam e permanecem sem evoluir, e até têm a sua piada… mais tarde, porque quando acontece é sempre manhoso!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

A little big bit of soul!

Foi com muita pena que me apercebi da morte do grande James Brown, mas depois pensei “o gajo estava assim um bocado para o lado de lá já há algum tempo, será que o homem faz mesmo falta se temos a obra?” Nem é preciso reflectir durante mais do que dois ou três segundos para perceber que sim, claro que sim! Não se pode desligar o sujeito da obra, tal como não se deve desligar a forma do seu conteúdo. O tipo até podia ser um maluco, um excêntrico e um tresloucado, mas qualquer pessoa faz falta neste mundo. Desde que seja um ser humano razoável (bem sei que é subjectivo, vamos deixar o Bush, Hitler e outros facínoras de fora), possuidor de sensibilidade, sentido de humor e outras características que nos distinguem das restantes formas de vida, faz sempre falta e deixa saudades (ora aí está um conceito difícil de definir e perceber… será bom ou mau!?). Há uma grande máxima budista que mostra que todos os Homens são iluminados, uns saberão disso, outros não, e sendo assim fazemos todos falta! O James Brown, além de excelente músico, cantor e compositor, é um marco incontornável na música moderna: Funk, Soul, Rock, Pop… chamem-lhe o que quiserem. Mais do que o mundo da música, marcou indelevelmente a sociedade americana no que aos direitos humanos diz respeito, mais propriamente na questão racial. É, sem dúvida, uma grande perda em variadíssimos aspectos, até a polícia americana vai ter saudades dele.

domingo, 24 de dezembro de 2006

O Natal é quando um Homem quiser!

A altura do Natal é propícia à proliferação de mensagens manhosas. Quer seja por sms ou e-mail, todos os dias recebemos frases ou citações tristes de tão gastas que estão, e nota-se perfeitamente quem é que consegue ser original, quer na forma quer no conteúdo, fazendo um verdadeiro e sincero esforço por transmitir-nos que se lembra de nós numa altura especial. Nem toda a gente se lembra do nosso aniversário, ou de que acabámos o curso, conseguimos um emprego, arranjámos casa, nos juntámos com alguém, fomos promovidos, etc., e é nestas alturas que mais precisamos de sentir o calor humano, a solidariedade e porque não, o carinho de quem gostamos (ou de quem gosta de nós). Desculpem-me a franqueza, mas os e-mails com powerpoints cheios de ursinhos e personagens da Disney, perfeitamente idiotas, e as frases que já eram enviadas no tempo dos pombos correio e do cagar de cócoras, são degradantes de tão ingénuos que são (perdoem-me a redundância). Depois há a questão do consumismo por detrás desta quadra, chega a meter medo (basta ver a publicidade para as crianças, e os perfumes ou as bebidas…)! Se o Natal é quando um Homem quiser, e o ser humano está irreversivelmente caracterizado pela lógica do livre arbítrio, então porque não querer ser solidário e humano o ano inteiro? Seja como for, o Natal não vale (só) pelas prendas, pelos doces e pela festa em si, mas pela possibilidade de estar em família e com os amigos, e nos darmos um pedacinho às pessoas de quem gostamos. Se de facto não conseguimos ser sempre boas pessoas o ano todo, então que o sejamos sinceramente neste momento único que, até ver, só vem uma vez por ano. Boas festas e não se encharquem em ponche e eggnog, a bófia está sempre de serviço e é raro o espécimen que se mostra verdadeiramente imbuído (por vezes embubido, sim!) do típico espírito natalício.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

“Quer emagrecer, pergunte-me como”

Quando vejo aqueles anúncios típicos nas montras das farmácias, nos folhetos que nos aparecem na caixa do correio, ou nos vidros traseiros de carros em forma de autocolante, normalmente grandes bombas (a malta da Herbalife chega-lhe bem), fico sempre num imprevisível limbo entre o cepticismo científico e a gargalhada imediata e total. Sei perfeitamente que o truque para uma vida saudável, do ponto de vista da alimentação, é manter uma dieta equilibrada, não comer depressa nem de forma muita espaçada ou muito de cada vez, etc., mas também sei que há condições físicas especiais e certas doenças que impedem que se atinjam resultados “óptimos” (reparem no cuidado em utilizar as aspas em vez do itálico) com as dietas ditas “normais” (mais uma vez…). Aliás, a mania de se chamar dieta à altura em que se faz regime é ridículo e induz em erro, depois só podem vir os exageros. É como as inscrições nos ginásios a quadruplicar por altura da Primavera, patético! Bem, voltando à alimentação. Sei por experiência própria, não por mim mas por ter visto os resultados, que há certos artigos na TV-Shop que resultam e até são boas compras, ou investimentos, dependendo da perspectiva, mas quando vejo referências a comprimidos milagrosos, dietas fáceis e demasiado acessíveis arrepio-me logo. Pensando em coisas fáceis, acessíveis e muito possivelmente capazes de dar resultados, até estranho nunca ninguém se ter lembrado disto: uma técnica infalível para perder gordura, como que por artes mágicas, seria acrescentar umas gotas de lava-loiças Fairy à dieta de todos os dias – confesso que nunca provei óleo de rícino ou de fígado de bacalhau, mas lava-loiças já provei e não pode ser pior – e bastava apenas umas gotinhas, porque o que eles anunciam é de facto um gota dar para lavar não sei quantos milhares de pratos – milhares!? Centenas!!! – e funcionar como um íman com a gordura, repelindo e mais não sei quantas patacoadas que aqueles tipos inventaram (ou descobriram, sabe-se lá!). Se de facto os tipos dizem no anúncio que o Fairy é o milagre anti-gordura, e isso for verdade, só pode significar que alguém está a passar ao lado de uma ideia genial para conseguir conquistar as mulheres (e os homens, não quero correr o risco de ser tendencioso) para esta causa. Se o Goucha e aquele outro tipo que era da RTP e já está na TVI já há algum tempo, fazem reclames para colchões e trens de cozinha (este termo parte-me todo! lol), via muito bem o LaFéria ou o João Baião (recuso-me a falar daquela coisa que dá pelo nome de Castelo Branco) a fazerem um verdadeiro anúncio de sucesso, é que era garantido! É uma ideia a considerar…

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Línguas traiçoeiras e pensamentos malandros

Aqui há dias ouvi na rádio um anúncio do El Corte Inglês que incluía a expressão “…menage de cozinha e mesa...”. Bem sei que não era um anúncio do Pingo Doce com aquela voz extremamente sugestiva, mas será necessário acrescentar alguma coisa mais para chegarem a onde eu cheguei? “Menage de cozinha e mesa”!? Então, será perfeitamente plausível que qualquer pessoa deixe resvalar o seu pensamento para os meandros da sexualidade! Alguns até poderão considerar certas e determinadas hipóteses como sexo na bancada da cozinha (bom, é estável), sexo na mesa (hum, com jeitinho até dá; evitar mobília do Ikea), sexo no chão (chão é sempre pau para toda a obra… epá, juro que foi sem querer!), sexo d’encontra (d’encontra carrega uma valente conotação lasciva) o frigorífico, sexo na despensa (kinky!!), sexo em cima da máquina de lavar roupa (a trepidação parece-me bem!), etc., etc., etc. Este anúncio foi feito muito ingenuamente ou completamente propositado, e quer-me a mim parecer que não há lugar para ingenuidades na publicidade. Conhecem mundo mais premeditado e organizado do que este? Será só a minha pessoa ou qualquer um de vós pensaria o mesmo!? Pegando na frase e desenvolvendo um pouco mais o tema, até poderemos ultrapassar a barreira psicológica da cozinha e passar para o resto da casa, aliás, diria mesmo para o quintal! E não é só sexo e cozinha, mas a palavra menage também nos despe o pensamento para a completa e irreversível exposição a um admirável e inquietante mundo novo (agora foi propositado). Não serão só duas pessoas, mas várias! …tudo bem, várias até poderá ser um pernicioso exagero da minha parte, digamos antes três, pois que para serem várias teria de ser qualquer coisa do género: “…trem de cozinha com libidinosas pegas banhadas a ouro e orgia de mesa em variadíssimos tamanhos…”. Caramba, tanto ingrediente que pode ser acrescentado a esta receita... o único limite é o da imaginação!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Em vez de um Especial Natal, porque não um Especial Dentistas!?

Em vez de um Especial Natal, porque não um Especial Dentistas!?
Com tanta clínica e tantos dias por semana para escolher, logo tinha de vir calhar a uma clínica em Portalegre onde também vem o dentista à quarta-feira. Tenho de gramar o diabólico e carnificínico som da broca o dia todo, todas as quartas-feiras. Má sorte!
Quando tinha sete anos, na minha última vez em que fui a um dentista, fui tratado (na verdadeira acepção irónica da palavra "tratar"... da saúde!) por um facínora sedento de sangue, envergando uma bata branca que mais parecia um talhante. O indivíduo de trato gentil, aparentemente, conquistou a confiança do meu avô, que na falta dos meus pais me acompanhava nesse fatídico dia, e por conseguinte a minha também. Esfregou com o seu dedo indicador (inquisidor até soava melhor) uma pasta azulada nas minhas gengivas e depois dedicou-se à tarefa de desvitalização de um dente molar como se de partir brita se tratasse, à bruta e sem controlo. Tanto a criatura da bata como o meu avô (o tal do coelho) passaram o tempo todo a referir-se à minha humilde e desataviada pessoa como "fiteiro", "menino" e outras desconsiderações do género. Pois que passados aqueles vinte minutos infernais, que ainda hoje me parece terem sido duas semanas de tormento, o imoral malfeitor acabou por reconhecer que se teria “esquecido” (mais uma vez um termo irónico) de me dar a injecção de anestesia antes de começar. Tudo isto foi presenciado por mim, à distância, enquanto o bandido me filava e prendia o antebraço do meu avô, barrando-lhe a saída do consultório, falando-lhe ao ouvido com a sua pérfida língua bífida de forma quase sussurrada. O monstro, que não tem outro nome, teve a sorte de eu ser muito novo e de ter má memória para quem me faz mal, senão estaria hoje deveras arrependido. O azar dele, mesmo não me lembrando da sua cara ou do seu nome, é que eu tenho um blog e uma forma muito imaginativa de relatar verdades… bem feito!
Por falar em dentistas (…arrepio!) tenho mesmo de contar uma história, também ela verdadeira, que acho fantástica e carregada de um humor do mais fino que há. O meu primo (o Super-Pai) foi a um dentista com todos os dentes, com 50€ no bolso e sem qualquer manifestação física de dor. Esteve lá meia hora e saiu sem um dente, sem os 50€ que trazia e com uma dor de dentes que durou uma semana e ainda o fez lá voltar mais uma vez… pagando, claro! Onde está a parte cómica da história? a graçola? …é aquele tipo de humor preconceituoso, tipicamente meu, que só dá para algumas mentes mais perversas e corrompidas alcançarem, assim muito ao género do exagero que compus com o post dedicado ao Senhor dos Anéis.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Bifanas e canecas de leite morno

Quando venho de Lisboa para Évora e faço o trajecto pela estrada nacional, muitas vezes paro em Vendas Novas para comer umas bifanas (sempre duas, pelo menos!). A última vez que lá estive veio-me uma ideia à cabeça: alguém, no seu perfeito juízo, terá coragem para pedir uma tosta mista (ou uma sandes de presunto) num café em Vendas Novas? Pode parecer estranho colocar esta questão mas não se brinca com tradições (ou sim), e a bela da bifana de Vendas Novas já é um marco histórico e incontornável nas viagens de e para Lisboa. É a volta típica que faço muitas vezes nos meus passeios de mota, isso e os pastéis de toucinho em Arraiolos (sim, tem mesmo toucinho mas não sabe). Engraçado foi aqui há muito tempo, teria eu uns quinze aninhos, quando comecei a fazer as minhas primeiras incursões pela vida nocturna eborense, e fomos parar ao Manel dos Potes. Fizeram uma aposta comigo em como não conseguiria chegar até ao “barman” (sim, para quem conhece o local esta palavra até parece uma anedota), dar uma murreana no balcão para que toda a gente ouvisse (e ouviu!) e dizer: “quero um canecão de leite… morninho!”. Escusado será dizer que foi a cena da noite e fizemos sucesso com as universitárias. Nessas idades é coisa que marca! Agora estou à espera que novos desafios me sejam lançados, e esta ideia da tosta mista, dado que também é coisa que gosto muito, é mesmo para se fazer num futuro próximo. Até hoje só perdi duas apostas, e saíram-me caras, mas isso é conversa para outros locais menos virtuais.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Natal e Circo

Já há algum tempo que me debato vivamente sobre esta questão: porquê Circo e Natal? Que estranha e alegadamente inócua ligação une estes dois conceitos tão díspares e aparentemente incompatíveis? Qual a razão deste fenómeno curioso? A resposta, além de simples, já tem barbas, e não são as do Pai Natal. Desde os tempos da Roma Antiga que as coisas se passam da mesma forma, e com as devidas excepções, claro está, talvez tenha sido sempre assim. Nem todos vamos atrás de modas e do que nos é apresentado como sendo normal, mas certamente haverá um instinto primitivo que nos leva a comportar de forma idêntica à do nosso “semelhante”. Não falo contra mim, pois sei que faço parte da excepção que confirma a regra, mas a maioria das pessoas comporta-se de igual forma, senão reparem: quando vêm um acidente na estrada param para ver como foi (inclusivamente causando mais acidentes); se houver um fogo até fazem fila para ir espreitar e tirar fotografias; devoram revistas cor-de-rosa; ingerem quilos de novelas por dia como se não houvesse mais nada; de uma hora e meia de notícias no telejornal só lhes interessa aquelas que referem o peeling da tia ou a referência à nova alarvidade que o Castelo Branco terá proferido enquanto defecava sentado numa sanita dourada na sua mansão; entre muitos outros exemplos. No fundo é tudo pão e circo – ou Bolo Rei e Circo – e o que a malta quer é distracção e entretenimento, qualquer coisa que seja fácil de mastigar e não custe muito a digerir. O Roger Waters tem toda a razão, não estamos muito longe de nos satisfazermos até à morte (“this species has amused it self to death”). Nesta época festiva, supostamente tão marcada por sentimentos dignos e verdadeiros como a solidariedade e a fraternidade, há sempre quem se aproveite da nossa distracção com a publicidade, filmes, Circo, compras, etc., mas o que realmente interessa é que há vida para além da televisão e o Natal pode ser passado de forma autêntica em família e com quem realmente interessa. Eu faço questão de não me deixar levar pelo sentimento consumista e de imediatismo tão característico desta quadra, e dedicar-me ao que realmente importa, as pessoas e não as coisas, e se nem por isso a coisa correr bem, resta-me sempre a grande máxima: o Natal é quando um homem quiser!

domingo, 17 de dezembro de 2006

O Senhor do Comando

Os filmes da saga O Senhor Dos Anéis irritam-me! São chatos e compridos, assim na linha dos filmes do Manoel d’Oliveira, a música não ajuda a torná-los mais suportáveis, antes pelo contrário, a história é uma cagada de primeira, tudo muito sofrido e todos desgraçadinhos – nada que se compare à teatralidade dos textos de Shakespeare – e cada um deles ocupa uma tarde inteira. Parece-me ser uma má desculpa para ficar em casa. E a questão é: se já estão disponíveis em dvd, porque é que ainda os dão na televisão? É uma forma subtil de fazer tortura? Não bastaram já aqueles anos seguidos de Big Show Sic? Se estivesse a dar qualquer outro filme também não ficaria a assistir, mas estes têm uma forma peculiar e muito própria de azedar uma tarde de Inverno em que até sabe bem ficar em casa a abobrar sentado no soufá, como só uma peça do Lá Féria faria (e que bonito final de frase!). Passados sete minutos de filme, clico no botão verde do comando e vou tocar piano.

Play it again Sam!

Ontem, embora tenha tido pouco tempo para apreciar a decisão que tomei e o efeito do seu resultado, realizei um sonho que sustento desde há muito tempo: ter um piano e saber tocar nele. A primeira parte, a da compra, até foi relativamente fácil, a decisão é que se revelou teimosa, pois já andava a pensar fazê-lo há anos e só agora a tomei. Actualmente só me resta a consequência inevitável de todo este empreendimento mental e esforço intelectual, que é aprender a tocar, ou melhor, conseguir tocar com as duas mãos ao mesmo tempo, porque consigo fazer baixos e tenho alguma destreza para as melodias e solos. Aprender a tocar e conseguir evoluir num instrumento nunca foi problema para mim – tirando o violino e o acordeão – é tudo uma questão de tempo e disponibilidade. E se consegui aprender a tocar bateria sozinho, com muita exigência e teimosia, também vou conseguir dominar o piano. Não é de um dia para o outro, nem no espaço de um ou dois meses, mas vai acontecer. Pouca gente conhece este meu desígnio, uma vez que me dedico à guitarra desde os meus catorze anos, à composição desde os dezasseis, e mais recentemente à voz, mas depois da bateria e agora do piano, só me resta o saxofone para completar a tríade da minha veneração (alguém falou em jazz ou contrabaixo!?). E não se trata apenas de possuir e saber arranhar qualquer coisa ou fazer figura de quem sabe, mas sim de traçar o difícil objectivo (para alguns impossível), ter prazer em alcançá-lo, conseguindo dominar minimamente aqueles que desde cedo elegi como os meus instrumentos preferidos, e fundamentalmente tocá-los por gosto e deleite pessoal. Há quem faça desporto, há quem queira fazer filmes pornográficos, há quem se dedique à pesca, o meu chamamento é a música.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Cidade x Campinho

A casa de banho da minha casa é interior e não tem janelas, mas tem uma série de respiradouros espalhados por duas paredes e funcionam bem porque se nota que há circulação de ar e nem por isso tenho de gramar com os sons e cheiros característicos das casas de banho da vizinhança do resto do prédio, mas tem uma particularidade interessante (ou não!): ouvem-se os sons que vêm da rua. Quando estou sentado no cagueiro – acho que tem mais sainete do que dizer sanita ou latrina – oiço uma série de barulhos típicos da rua da frente da casa. Se fechar os olhos até parece que estou a arrear o calhau no telhado ou na varanda, pois a barulheira é mais que muita e também se sente corrente de ar, coisa que só sabe mesmo mal quando estou no banho, aí tenho mesmo de fechar algumas das grelhas para não rapar uma frieza desgraçada. O engraçado é que certos e determinados sons, como um cão a ladrar, um puto a chamar outro ou um trolha a assobiar enquanto carrega uma lata de 25 litros de tinta e vai dizendo alguns palavrões pelo meio, faz-me parecer que estão cá dentro de casa, ali mesmo na minha sala, a situação do cão foi a mais caricata de todas, porque apanhei um susto do caraças. São no mínimo curiosas, estas novas particularidades tão características da vida na cidade. É que até agora, e já vivi em Beja num r/c, em Faro num 3º andar e em Lisboa num 6º, nunca me tinha apercebido destas coisas. É caso para dizer “ai que bem que se está no campo Adelaide!”. Como vivo num bairro sossegado até me estou a habituar depressa e estou de facto a gostar da experiência de viver sozinho, mas a Courela do Tanganho domina, sem dúvida.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Long live and god save Quim Bóio

Em Inglaterra, um homem, e vamos identificá-lo como Bóio, Quim Bóio, foi encontrado a dormir numa linha de comboio, mas não se tratava de uma linha de comboio num local remoto e isolado, foi mesmo numa de oito ou nove linhas situadas numa zona que, a julgar pelas imagens, mais parecia um terminal ou uma estação. O Quim estava tão alcoolizado que nem se apercebeu de nada nem sequer acordou com as várias composições que passaram, e segundo referiu o pivot do telejornal, até fez do carril almofada para a cabeça. O que dizer de uma coisa destas? Ca’ganda carraspana, fogo!? Nem interessa porque razão o desgraçado se embebedou daquela forma, como se não houvesse amanhã, mas o pior é que além desse motivo ainda vai ter, muito provavelmente, de cumprir até seis meses de pena, visto ter sido acusado de obstrução de linha de caminho de ferro e ter provocado atrasos consideráveis e prejuízos significativos. E como foi o Quim descoberto, perguntam vocês? Aparentemente, os milhares de câmaras de vídeo-vigilância espalhadas pela cidade de Londres, que muito me chocam como princípio, até serviram para evitar que o tipo fosse passado a ferro enquanto dormia. Ganda maluco!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Josh Groban, o fenómeno!

Já repararam bem no reclame do Josh Groban que passa na tv? O tipo parece cantar bem e ter um vozeirão fantástico, mas com tanta gente a dizer o nome dele e de forma tão entusiasta, até parece que só eu é que ainda não ouvi falar dele. De facto o anúncio está muito bem conseguido, pois não mais esqueci o nome do gajo desde que o vi pela primeira vez na televisão, mas estou convencido de que se houvesse uma campanha de marketing consistente, assim deste género, para promover um tuga com um nome sugestivo, assim tipo Arrufa Picanço, Tomé Peidinho ou Augusto Fónix, também este se tornaria um fenómeno de vendas de proporções galácticas em muito pouco tempo. Senão, vejam o que aconteceu com o Zé Kabra. Numa altura em que se discute a possibilidade de regular a publicidade direccionada para as crianças com menos de 12 anos, acho que se devia pensar mais a fundo na questão (e não só na televisão). Não sou preconceituoso nem faccioso ao ponto de falar nesta ou naquela marca, neste ou no outro anúncio, a esta ou àquela hora, nesse ou no outro local, desta ou daquela forma, direccionado para esta ou aquela faixa, acho é que as pessoas deviam abrir a pestana… antes, durante e depois dos intervalos publicitários. E sinceramente, quem é o Josh Groban, além de ter um ar de lunático e pinta de ex-delinquente?

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Biografias e entrevistas a gente com (pouca) cabeça

Depois de reler o post anterior, e à luz dos recentes acontecimentos, acho inaceitável o que tem acontecido nos últimos dias. Há os que aceitam dar entrevistas em que confessam ter posto bombas em aviões, isto depois de trinta anos de silêncio; outros aceitam que se façam biografias sobre a sua vida, em que confessam terem sido responsáveis por pagar a capangas para que dessem sovas em alguém, a mando de dirigentes de clubes desportivos… Sinceramente, o que é que está a acontecer à justiça neste país? E às mentalidades individuais ou à noção de consciência comum? Já vai sendo cada vez mais normal ser-se cínico e contar-se as coisas apenas e só por dinheiro ou notoriedade e nunca por responsabilidade, sentimento de culpa ou arrependimento. Não preciso de reflectir muito para chegar à conclusão que esta gente me mete uma bequinha de nojo... assim a atirar para o bué!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Livros de cabeceira por gente sem cabeça

Nos dias que correm toda a gente que é gente, e isto significa mesmo TODA a gente, escreve um livro. Quer dizer, escrever não escreve, mas lança assunto para que se escreva um livro sobre a sua pessoa, assim em jeito de biografia. Desde o governante has been, ao político never was, passando pelo coveiro solitário, o árbitro polémico, ou até mesmo a ex-striper/puta-amante do dirigente de clube de futebol, qualquer pessoa pode ganhar dinheiro e protagonismo com uma biografia feita sobre si ou apenas sobre um pormenor ou um momento específico da sua vida. É ridículo! Sinceramente, já espero uma biografia sobre o Emplastro ainda a tempo de forrar as prateleiras da Fnac antes do Natal. Como em toda a obra de ficção que se preze, livro ou não, qualquer semelhança entre a realidade e um sketch dos Monty Python será pura coincidência. Este país é um antro de vendidos! Isto é curioso, quase, quase a roçar o cómico, mas não deixa de ser grotesco.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Monopólio da idiotice ou idiotas a jogar Monopólio?

Há uma questão pertinente e curiosa que me tem dado muito que pensar:
Será que o Vale e Azevedo, quando era puto, gostava de jogar ao Monopólio? E se sim, era pessoa para ganhar ou passava a maior parte do tempo a ir directamente para a prisão sem passar na casa de partida e sem receber 2000€?

sábado, 9 de dezembro de 2006

“Here, there and everywhere…”

Depois de tantas tentativas, eis-me a morar sozinho. E não é que é exactamente como o poeta dizia!? Primeiro estranha-se, depois entranha-se! Não vou ligar muito à sensação inicial, vai ser bom e já fazia falta, e o engraçado é de facto a mudança, é o que mete pica: os amigos a ajudar; a indescritível quantidade de tralha; a ligeira mas agradável confusão; descobrir como entreter a mãe para que não dê conta que agora é que é de vez, e ajustar o cronograma ardilosamente para que os dois não se encontrem, os pais, porque isto agora é território neutro, finalmente; as sete viagens da Jacky atulhada até ao tejadilho, inclusive no banco da frente, sem espaço para conseguir meter a quinta; o furgão do pai de um amigo; a montagem dos móveis do Ikea – até me saiu um brinde, desorganizados dum cabro grande! – a insanidade típica das mães, que fazem questão de lavar a roupa toda e também a loiça nova a estrear; as primeiras jolas na casa nova com os amigos; a perspectiva de muitas noitadas e jantaradas; a vizinhança a mandar vir por estarmos a montar móveis às duas da manhã; entre tantas outras coisas caracteristicamente interessantes… e é tão bom poder deixar o tampo da sanita sempre levantado! E as putas das torneiras do gás que para estarem abertas têm de ficar na perpendicular uma em relação à outra!? Meia hora gasta a entrar e sair de casa, descendo e subindo as escadas do r/c para a rua (ainda são dois lances), em pijama, para tentar perceber porque é que o gás não chegava ao esquentador, e finalmente acabar por pedir à vizinha da frente para ir espreitar as suas torneiras e ver em que posição estavam. Que cena manhosa! Mas é bom, é uma sensação de conforto e liberdade ao mesmo tempo, vale bem a pena! Assim como o Air Force One está para o presidente dos EUA, e a Jacky está para mim (qualquer veículo meu é uma Jacky), assim estão também os meandros por onde me movimento e os tugúrios onde habito. Hoje os Álamos, amanhã o mundo… a Courela do Tanganho é e será sempre onde eu estiver, and the blog lives on!!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Filmes, bebidas licorosas e piadolas foleiras

Segunda-feira é, por defeito, a noite do cinema, pelo menos cinema em sala de cinema. É o dia das sessões mais baratas e é quase sempre uma noite morta em que não se faz grande coisa, é quando dá jeito. Mas eu ando viciado no dvd – filmes, séries, documentários – e já não vou ao cinema há mais de três meses. Em casa posso comer o que quiser enquanto vejo um filme, o único a comer pipocas sou eu e com o barulho que faço a comer posso eu bem, vou à casa de banho quando bem me apetece e demoro lá o tempo que achar necessário, e faço ou não intervalos se bem me aprouver. No cinema, principalmente às segundas, e sobretudo em época natalícia ou de férias em geral, arriscamo-nos a gramar com um bando de putos irrequietos muitas vezes a roçar o insuportável. Mas a verdadeira razão que me tem afastado das salas de cinema durante tanto tempo, e sim, muito tempo para quem ainda há três anos chegava a ir três vezes por semana, desde a sala mais comercial ao tugúrio mais alternativo, passando pelos ciclos e festivais de cinema – aliás, os típicos ciclos de cinema em Évora não passavam de filmes bons em cenários maus: cadeirita de pau, projector de filmes do tempo da Segunda Guerra Mundial, o filme era visto projectado na parede, mesmo com escápulas e um ou outro cartaz de festas do 25 de Abril e há quinze anos atrás, pouco mais havia que beber do que cuba livre e mojitos, e outras características do género – prende-se com o facto de não ter companhia. Se estiver em Lisboa ou outra cidade qualquer em formação, férias, ou seja lá o que for, sou capaz de ir ver um filme sozinho, não considero tempo perdido, antes pelo contrário, mas já cá em Évora não consigo ter vontade de o fazer, soa-me sempre a tempo gasto quando podia estar a fazer outra coisa “melhor”. Talvez não tenha grande explicação, mas sinceramente não consigo ganhar vontade de o fazer regularmente, fi-lo uma vez e não me soube muito bem. Com quem é que eu vou mandar bocas sarcásticas ou lançar piadolas foleiras a arranhar o ordinário? E se precisar de perguntar “quem era aquele tipo dos óculos com mau aspecto que saiu da casa do mafioso, o gajo não estava do lado deles? E a loira é quem!?”. O cinema fez-se para se apreciar em companhia e não sozinho. Por outro lado, também achei algum interesse em estar na sala e ir dando atenção às reacções do público a certas cenas do filme – era um thriller. Há sempre coisas boas a aproveitar em qualquer situação, mas sozinho no cinema perco mais atenção ao filme do que se estiver acompanhado e constantemente a ouvir e mandar bocas.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Ganda galo, parte deux

Porra, já não bastava estar mal de estômago, andar a pouco mais de torradas sem manteiga e água há dois dias, dormir mal, ter de beber Coca-Cola como se não houvesse amanhã, ir a um casamento sem poder comer nada, e agora ter de aturar a pata da Floribella também na RTP1?!? Os tipos do Top+ bem podiam passar a informação do lugar em que está a merda do cd da banda sonora daquela série manhosa sem terem de pôr o videoclip todo do princípio ao fim, tenham dó! Perdoem-me o mau feitio e o trato assim a atirar para o áspero, estou mesmo com mau feitio. Mas só isso, porque a sinceridade é característica e já faz parte. Vá a ver...

Ganda galo!

Para quem gosta de piadolas, ditados e clichés, fiquem sabendo que o cúmulo do azar é estar mal de estômago – que é como quem diz "a cagar fininho" – num dia em que se vai a um casamento! Ganda galo, é preciso ter azar! Vou a dois, três casamentos no máximo por ano, e logo agora é que me deu para comer um doce de ovos e natas que a minha mãe fez para o aniversário do meu irmão, e eu levei para minha casa e lá ficou durante uma semana, até que anteontem me lembrei de o ingerir... burro, devia ter pensado nisso. Mas além de ser um casamento, pois que estou mal de estômago, não estou de cama, tenho mesmo de ir porque vou tocar na banda, não sou convidado, senão, e calhando a ser um primo afastado, até me baldava. Assim tenho de estar no palco a noite toda a ver aquela horda de grifos a banquetear-se com os enchidos, carnes fumadas, queijos, acepipes e ors d'ouvres (acho que é assim, nunca tinha escrito tal palavra), saladas e frutas tropicais, vários pratos principais, e os doces, aííííí os doces! É ver o pessoal a atascar-se em doces conventuais, doces alentejanos... txiii... bem, chega de tortura, já basta logo. Casamento do demo!!
Ah!, e se tomarem UltraLevur, abram o blister como a figura indica, porque se fizerem força como se faz para tirar os comprimidos, destroem a cápsula que está lá dentro. Dá um efeito giro, mas é um desperdício. Se quiserem partir uma coisa que faça um efeito giro e sem inconvenientes de maior, vão guardando aqueles cd's e dvd's que ficam mal "queimados" e aventem-nos à parede... espectáculo! Depois é só varrer os estilhaços, eheh!

Dica: Coca-Cola, líquido endemoninhado que raramente consumo, comummente utilizado para limpeza pratas, colecções de moedas, canalizações e fossas sépticas, é excelente para fazer um reset ao estômago, mas convém tirar o gás e bebê-la tipo xarope. É à confiança, até há médicos que receitam isso.