sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Natal, idiotas e chacina

Um Feliz Natal a todos excepto os envolvidos na chacina que teve lugar há uns dias na Herdade da Torre Bela na Azambuja... para essas bestas só desejo os piores sintomas de Covid19 (incluíndo os neurológicos!) e que lhes apareçam furúnculos nos locais mais recônditos das suas anatomias.

O Trump, o Bolsonaro, a Le Pen e o André Ventura também podem ir comer um cão cheio de pulgas!

Boas festas!!

sábado, 21 de novembro de 2020

Pandemia, Natal e covidiotas

Ou seja...

O que conseguiram com isto é que as pessoas que vivem nos concelhos de risco muitíssimo elevado, nos concelhos de risco muito elevado e nos concelhos de risco elevado poderão sair até às 23h das 6as feiras nos fins-de-semana das pontes e ir passear com a família toda para os concelhos de risco moderado, onde poderão andar à vontadinha durante o dia (até às 23h), levando o virus para lá!!

Sinceramente, apelar à consciência de gente irritada ou cansada das restrições e/ou intrinsecamente egoísta é inútil!

Os covidiotas vão matar o Natal 2020!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Pandemia, desafios e personalidade

Toda a gente tem as duas idiossincrasias, características definidoras do carácter, personalidade e feitio. Eu tenho as minhas e sei bem quais os defeitos e virtudes que acompanham a minha forma de estar e ser.

O ano de 2020 tem sido um desafio para todos e chego a esta altura e começo a estar ainda mais farto de mim do que da Pandemia.

Um dos meus defeitos é queixar-me muito, sei disso, mas considerando-me um tipo inteligente e observador, seria quase impossível ser diferente. Mas estou apostado em mudar nesse departamento. Estou altamente focado em deixar de opinar, criticar e me queixar tanto...

...mas o sacana do Universo teima em conspirar contra mim e assim não dá!!

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Pandemia, John Lennon e planos

Por estes dias lembro-me de muitas metáforas, alegorias, frases feitas e clichés.

Já dizia o John Lennon que “a Covid é aquilo que acontece enquanto fazemos planos”.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Pandemia, recolhimento e séries

Ainda sem sabermos bem se - mais quando, mas enfim - iremos estar de novo confinados, o recolhimento caseiro já é certo, pelo menos para os próximos dias, E ficarmos presos em casa pode não ser nada chato, se nos prepararmos para tal.

É importante dormir e comer bem, fazer exercício, porque não meditar, jogar jogos de cartas ou tabuleiro - quando há companhia para tal - é bem bom e ler, ver coisas positivas na tv é igualmente pertinente, para não gastarmos a nossa energia toda nos noticiários e na consequente ansiedade que isso gera.

Estas são duas séries que vêm mesmo a propósito deste estado de calamidade a que chegou o ano de 2020, que ainda teima em durar mais 2 meses.

After Life - ao nível do melhor que o Ricky Gervais já nos habituou; aparentemente down mas surpreendentemente uplifting; série interessante, cheia de pormenores que nos põem a reflectir e pensar no que realmente importa na vida.

Ted Lasso - surpreendentemente positiva e carismática, esta nova série que estreou em Agosto deste ano, bem no meio do olho do Furacão Covid! Mesmo para quem não gosta de futebol, é a série que combina na perfeição o melhor humor americano ao mais brilhante humor britânico e de forma super simples e ao mesmo arrebatadora.

sábado, 24 de outubro de 2020

Mundo, divisões e fait divers

Numa altura em que o mundo se encontra tão dividido e as opiniões tão polarizadas, é realmente importante perceber o que separa, de facto, as pessoas.

O mundo divide-se entre...

- as pessoas que dizem "o" esparguete e "a" esparguete;

- os que apertam o tubo da pasta de dentes pelo fim e os que o fazem pelo meio;

- quem instala o rolo de papel-higiénico como "barba" e quem teima em fazê-lo como "mullet";

- os que colam a cortina à banheira e aqueles que não se incomodam que ela se cole a si durante o banho;

- aqueles que fazem bolinhas dos papéis para deitar fora e os que rasgam tudo em quadradinhos;

- os que adoram redes sociais e os que #detestaminternet;

Isto é o sumo da coisa e o busílis da questão... tudo o resto são fait divers!

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Pandemia, público e restrições

 Bem sei que é necessário haver restrições por causa da pandemia, mas ver jogos de futebol e talk shows, só para nomear dois exemplos, sem público é para lá de estranho!

E por falar em estranho, como raio é que a SIC e o Ricardo Araújo Pereira conseguem ter uma plateia repleta de gente em todos os lugares!?!?

 São todos da mesma família? Fazem todos o teste antes de entrar? ...estranho, indeed!

domingo, 18 de outubro de 2020

Máscaras, toque e smartphones

Tenho participado em conversas e discussões sobre as consequências da pandemia e do confinamento, visto que parece que muitas pessoas, nomeadamente as crianças, andam mais fechadas, voltadas para dentro e a perder a capacidade de socialização e empatia, até mais irritadiças e porque não dizê-lo, parvas!

Há quem diga se perde por causa das máscaras a nível de expressões faciais e linguagem corporal, mas também pela ausência do toque, do abraço...

Eu cá continuo com a sensação de que, apesar de concordar com tudo isto, sendo contextual, o maior problema continua ao nível dos smartphones e redes sociais e o Louis CK tocou na mouche nesta conversa com o Conan O'Brien.


A tecnologia é, de facto, valiosa nesta fase mas não para nos desligarmos e nos fecharmos em nós. Antes pelo contrário.

Acho, sinceramente, que se perderá uma oportunidade única de dar valor ao que realmente importa nas nossas vidas, de nos entendermos melhor uns aos outros e de percebermos o que estamos a fazer ao planeta se não mudarmos a nossa forma de estar e de ver o mundo com o que a Natureza nos está a "ensinar" nesta fase de pandemia.

Se deixamos passar esta fase sem aprender, crescer e amadurecer como pessoas, comunidade e sociedade. Se cedemos ao histerismo e ao medo... é uma pena!

sábado, 17 de outubro de 2020

Ditadura, polícia e mesquinhez

Deram cabo do juízo ao actor Hank Azaria, responsável há décadas pela voz e sotaque da personagem Apu dos Simpsons, até o homem se fartar da polémica e desistir do papel;

Lixaram a vida ao Matt Damon por ter comentado que acha bem que mulheres assediadas sexualmente se insurjam e procurem justiça mas que acha ter-se chegado a um ponto difícil de comportar em Hollywood, em que pegam por tudo e por nada (tendo ele próprio sido um exemplo flagrante disso mesmo);

O filme Dune poderá ser cancelado por causa da polémica à volta da questão da religião e alegada apropriação por parte dos responsáveis pela nova adaptação cinematográfica... 

Andam a pedir um James Bond preto ou então uma mulher;

Sou todo a favor da justiça, igualdade de direitos e esbatimento de diferenças entre etnias mas epá, estou cada vez mais farto da Polícia do Politicamente Correcto!

É a mesma lógica das praxes e mais um exemplo da Ditadura dos Sargentos numa postura do "agora é a minha vez, então vou fazer pior!"

Equilíbrio, Equidade e Justiça sim, vingança não! Senão em vez de progredirmos como sociedade e crescermos como comunidade, só regredimos. É estúpido e uma perda de tempo.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Praxe, Trump e pandemia

Normalmente as praxes já são ridículas e promotoras de mediocridade, redundando naquilo que chamo de “Ditadura dos Sargentos”, mas em tempo de pandemia, então, é só estúpido e digno de gente com o QI do Donald Trump!

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Trump, Biden e perda maior

 O que é que se faz quando um oponente num debate político é uma besta e não deixa falar, interrompe constantemente, ofende com baixo nível, mente descaradamente, se recusa a responder às questões... e age como se fosse um verdadeiro inimputável?

Não se aguenta muito tempo e cai-se na esparrela de descer ao mesmo nível, perde-se a completamente o norte e a compostura...

Há uma frase que diz “nunca discutas com um idiota, porque ele faz-te descer ao seu nível e ganha-te aos pontos pela experiência”.

O Joe Biden não é grande candidato, tem as suas falhas, mas acima de tudo parece ser uma pessoa decente e está visto que ninguém aguenta aquele monstro sem ter vontade de lhe bater ou de o agarrar pela passarinha e mandá-lo calar à força!!

Quem é que perde? Perdemos todos, perde a Democracia!!

Estou preocupado, pois estou...

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

BMW, grelha e espaço

Os novos BMW só não são mais feios por falta de espaço... tal como a grelha, que só não é maior por falta dele!!

Tenho pena, porque gosto bastante da marca, mas estes novos modelos, em particular o XM, são para lá de horríveis, credo!

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Covid-19, chatices e sacos de plástico

Com tanta contrariedade, limitação e demais dificuldades inerentes a esta pandemia, aquilo que mais me irrita é estar de máscara num supermercado, querer abrir um saco de plástico para fruta ou vegetais e não conseguir abrir o cabrão do saco de feitio nenhum!!

Normalmente já é difícil, mas neste "novo normal" ainda fica pior não conseguir soprar para os dedos uma baforada de ar quente e húmido, para conseguir abrir o saco mais facilmente.

Santa paciência para esta morraça toda... já farta!!

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

BLM, violência e mudança

Tenho andado sem saber bem o que pensar - quanto mais o que dizer - sobre o movimento #BLM...

Em primeiro lugar, porque me irritam modas, tendências e manias que resultem em siglas para obter preponderância que se traduza em mera busca de validação pessoal;

em segundo, porque me incomodam movimentos sociais desorganizados que redundam em violência, tornando-se contraproducentes e obviamente perigosos;

em terceiro, e visto bem as coisas, sendo branco, homem e a viver numa cidade pacata em Portugal, país conhecido pelos seus "brandos costumes", consigo apenas atingir uma ténue e pálida percepção do que será ser preto a viver nos EUA nesta década, principalmente com este presidente actual.

Por mais filmes, séries e documentários que veja, por mais biografias que leia, por mais que esteja atento às notícias, não conseguia chegar ao âmago da questão por me sentir fora do terreno de jogo ou da equação... até que dei com este discurso e fiquei esclarecido:

A Kimberly Jones tem razão quando diz "o contrato social foi quebrado" e claro que "as vidas pretas contam"... TODAS as vidas contam, em particular a dos oprimidos!

Nesta altura é completamente justificado que haja inadequação na comunidade, rejeição do status quo e das regras de jogo viciadas e revolta social. É perfeitamente legítimo e relevante que haja agressividade na reacção e até violência, é um mais do que aceitável "JÁ CHEGA!!!".


"Real change is always violent, but it may hurt a lot less than what's in place before the violence occurs.

- John Edgar Wideman

domingo, 12 de julho de 2020

Pandemia, pessoas e abraços

Estava aqui a pensar se não seria boa ideia as pessoas darem uns mergulhos numa piscina, com água tratada com cloro, lixívia e tal, aproveitando para dar abraços, já que cá fora não se pode.

Parece-me boa ideia!

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Redes sociais, estupidez e factor de transmissibilidade

A propósito de redes sociais, fake news, ignorância e (des)educação... em conversa sobre esta temática com uma amiga, ouvi-a soltar uma verdadeira pérola que se aplica aos dias de hoje e faz todo o sentido:

- "Antes educava-se pela culpa, hoje em dia educa-se pela vergonha."

De facto, vivemos tempos estranhos em que se perdeu a noção de muitas das lições que a História nos ensinou, nomeadamente com os acontecimentos à volta das grandes guerras, da emancipação da Mulher, do poder do voto, das crises financeiras e sociais e mesmo de períodos epidemias. Parece que as pessoas se esqueceram, ou não sabem mesmo, que precisámos de sofrer e penar muito para atingir um determinado nível de consciência social.

Analisando o percurso de Trump, Bolsonaro, André Ventura, mas também do Kanye West, Kardashians e aqueles que se arrogam saber tudo e mais alguma coisa, ou pelo menos muito mais que os outros, as redes sociais e a forma diletante como se encaram os assuntos e os acontecimentos só serve um propósito maior: a promoção sistemática da estupidez!

Liberdade de expressão, claro e toda a gente merece ter uma opinião... mas porque é que se dá tanto tempo de antena aos chicos-espertos, que primam por embandeirar em arco, emprenhar pelos ouvidos e arrotar arrojadas postas de pescada a torto e a direito... os idiotas! E ainda por cima se mete like e se partilha logo de seguida o que aquelas personagens e ‘artistas de circo’ trouxeram à luz do dia... epá, era deixá-los dizer o que querem e depois dar-lhes a oportunidade de se espalharem ao comprido!

Há uma outra frase que apanhei na net aqui há tempos que diz: "talentless is the new talent!" e isto só pode ser resultado de tanto concurso, reality tv, exposição nas redes sociais, só pode!

Não sei de quem é a culpa, mas isto é vergonhoso!

E, já que estamos em tempo de pandemia, é óbvio que a estupidez tem um "R", ou factor de transmissibilidade, bem superior ao da Covid-19.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

BMW, design e passadice total

O que é que se passa com a equipa de design da BMW e o que raio é que andam a fumar naquele sítio!? Ou melhor... os artistas até podem andar à solta com as suas ideias mas alguém lhes anda a dar demasiada latitude, porque a grelha dos mais recentes modelos da marca alemã é para lá de exagerada, desproporcional e completamente ridícula.












WTF!?

Os tipos da Mercedes-Benz e da Audi devem estar mortos de festa por esta altura!

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tempo, viagens e filmaças

Pegando no post de ontem, levo o meu faro detectívico para os meandros da 7ª Arte...

O realizador e argumentista Oriol Paulo deixou-me muito bem impressionado com o primeiro filme que vi dele: Contratiempo (2016). Original, argumento muito bem esgalhado, história interessante, bons actores, realização cuidada e um final que achei genial, quase me fez lembrar o filme de Bryan Singer The Usual Suspects (1995), com aquele final tipo estaladão no focinho!

Fui explorar o espanhol e a sua obra no imdb e dei com outros filmes bem cotados. Apercebi-me que o filme Durante La Tormenta (2018) também estava na Netflix e eu e a minha companheira de filmes decidimos vê-lo.

Passei o filme todo com comentários do tipo "está bom, mas isto cheira-me a um filme que já vi...", "epá, está muito parecido!", "não acredito que isto seja plágio, só pode ser um remake ou uma espécie de tributo", "que cena marada, a ideia de base e os filmes são iguais!"... ou seja, tive de me calar quando do outro lado do sofá saiu disparado um "ou te calas ou deixo de ver o filme contigo e termino sozinha amanhã!". E calei-me, pois!

Ontem, consegui convencê-la a ver o Frequency (2000) e foi ela a passar o filme todo a comentar que estava igual, que era incrível o espanhol ter feito isto, como é que seria possível, etc. e tal...

Pois, que depois de ler dezenas de críticas online, parece que não é plágio coisa nenhuma e sim um tributo a Frequency e a outros time travelling movies como Back To The Future, The Butterfly Effect (2001), Donnie Darko (2004) e afins.

Em suma, o filme do espanhol está bem esgalhado mas deixa muitas pontas soltas e só espero que o Contratiempo não se revele ser, também, um tributo qualquer e não uma obra original...!!

terça-feira, 28 de abril de 2020

Música, quarentena e coincidências

Até pode ser coincidência e não plágio, mas epá...





Seja como for, ambos os temas são bonitos e o "tuga" está interessante dado o contexto.

domingo, 26 de abril de 2020

Trump, personagens e coelhos

Só há uma personagem comparável ao Trump... o coelhinho da Duracell!

...and going and going and going and going and going and going...


sexta-feira, 24 de abril de 2020

Trump, desinfecção e gente estúpida

Esta história do Trump referir, numa conferência de imprensa, que os americanos deveriam desinfectar-se com Raios UV ou produtos de limpeza comuns... dá todo um novo sentido e relevância à frase:


Alguém que cale esse atrasado mental ou coloque um aviso em tudo o que ele diz e escreve ou vão ter problemas maiores e mais graves do que a Covid-19 naqueles lados.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Quarentena, comezainas e sentidos manhosos

Estar fechado em casa por causa da Covid-19 até nem é chato, há, de facto, coisas piores!

Cá em casa temos apostado nos cozinhados e evoluído bastante nas comezainas e nos petiscos. O problema é que entre as alergias, que me deixam com pouco olfacto e, consequentemente pouco paladar, e as provas constantes do que se vai cozinhando, levando a colher de pau à boca (sim, não há cá instrumentos de silicone nesta casa!!) com a comida muito quente, fico derreado porque a comida me sabe toda ao mesmo.

Lá bom aspecto tem, mas sabor... pouco!!

segunda-feira, 16 de março de 2020

domingo, 15 de março de 2020

Pessoas, Natureza e afinação

Tal como num concerto, em que muita gente que assiste desafina a acompanhar os músicos e a grande maioria das pessoas canta bem e o todo afina (imperfeitamente) na perfeição, acredito que nestas alturas de crise, desafios e até de improviso, a humanidade vai conseguir encontrar o sincronismo, a verdadeira solidariedade, partilha e companheirismo e o mais do que necessário e urgente equilíbrio.

O mundo já precisava de algo que nos ajudasse a "afinar" com a Natureza.

Há males que vêm por bem... há que ter esperança e ser positivo, sempre!

sábado, 14 de março de 2020

Universo, Natureza e Humanidade

Na onda da partilha de textos interessantes, pertinentes e úteis, aqui fica mais um...

“Acredito que o Universo tem a sua maneira de equilibrar as coisas e as suas leis quando estão viradas do avesso. O momento que vivemos, cheio de anomalias e paradoxos, dá que pensar. Numa altura em que as alterações climáticas causadas por desastres ambientais chegaram a níveis preocupantes, primeiro a China e depois tantos outros países veem-se obrigados ao bloqueio. A Economia colapsa, mas a poluição diminui consideravelmente. O ar melhora; usam-se máscaras, mas respira-se.

Num momento histórico em que algumas ideologias e políticas discriminatórias, com fortes referências a um passado mesquinho, estão a reativar-se em todo o planeta, chega um vírus que nos faz perceber que, num instante, podemos ser nós os discriminados, os segregados, os bloqueados na fronteira, os portadores de doenças. Mesmo que não tenhamos culpa disso. Mesmo que sejamos brancos, ocidentais e viajemos em classe executiva.

Numa sociedade fundada na produtividade e no consumo, em que todos nós corremos 14 horas por dia na direção não se sabe muito bem de quê, sem sábados nem domingos, sem feriados no calendário, de repente chega o “parem”. Fechados, em casa, dias e dias. A fazer contas com o tempo do qual perdemos o valor. Será que ainda sabemos o que fazer dele?

Numa altura em que o acompanhamento do crescimento dos filhos é, por força das circunstâncias, confiada a outras figuras e instituições, o vírus fecha as escolas e obriga a encontrar outras soluções, a juntar a mãe e o pai com as crianças. Obriga a refazer família.

Numa dimensão em que as relações, a comunicação, a sociabilidade se processam principalmente no “não-espaço” do virtual, das redes sociais, dando-nos uma ilusão de proximidade, o vírus tolhe-nos a verdadeira proximidade, a real: que ninguém se toque, nada de beijos, nada de abraços, tudo à distância, na frieza do não contacto. Até que ponto dávamos por adquiridos estes gestos e o seu significado?

Numa altura em que pensar no próprio umbigo se tornou regra, o vírus envia uma mensagem clara: a única saída possível é através da reciprocidade, do sentido de pertença, da comunidade, do sentimento de fazer parte de algo maior, de que cuidamos e que pode cuidar de nós. A responsabilidade partilhada, o sentir que das nossas ações depende não apenas o nosso destino mas o de todos os que nos rodeiam. E que dependemos das deles.

Por isso, deixemo-nos da caça às bruxas, de perguntar de quem é a culpa ou porque é que tudo isto aconteceu, e perguntemos antes o que podemos aprender com isto. Creio que temos todos muito para refletir e fazer. Porque para com o Universo e as suas leis, evidentemente, temos uma grande dívida. Explica-nos o vírus, com juros muito altos.”

sexta-feira, 13 de março de 2020

Coronavirus, Covid-19 e Serviço Público

já há algum tempo que aqui não venho e, apesar de achar que o sentido de humor é sempre importante e até essencial em tempos de crise - desde que não seja mandar bocas por "dá cá aquela palha!" - hoje entro logo a matar com coisas sérias.

Esta mensagem não assinada anda a circular nas redes sociais e acho que é importante ser partilhada aqui:


"Caros amigos,

Não somos entidades com nomes sonantes nem peritos em epidemiologia, somos apenas a arraia miúda, médicos que vivem diariamente num Sistema Nacional de Saúde (SNS) que no seu basal já trabalha no limite, e como tal, vemos com apreensão os dias que se avizinham.

Não estamos satisfeitos com o modo como a situação do COVID-19 tem sido conduzida pelas entidades competentes. Na tentativa atendível de não causar pânico, a verdadeira mensagem não está a passar e a nossa perceção é que pessoas fora da área da Saúde acham que o atual cenário “é um exagero”. Compreendemos em plenitude, não fossem tantas as vezes que a comunicação social nos anuncia a catástrofe iminente, que como ao proverbial rapaz os ignoramos quando há mesmo um lobo.

Assim, pretendemos deixar umas notas, que vindas de alguém que conhecem poderão ter o impacto que conferências de imprensa não têm conseguido.

Com base no cenário que vemos em Itália e que começamos a ver em Espanha (e na informação que vai sendo partilhada entre a comunidade médica) consideramos ser necessário dizer e reforçar o seguinte:

1- Mais de 80% das pessoas infetadas com o COVID-19 terão sintomas muito leves, semelhantes a uma simples constipação ou a um síndrome gripal ligeiro. Estes casos podem e devem evitar idas aos Serviços de Urgência. Não o dizemos por capricho! Não há qualquer tratamento a oferecer aos casos ligeiros, não há nada que se possa fazer num hospital que os impeça de agravar (e a vasta maioria não agravarão e passarão por si sós!). Breve, ir ao hospital não vos adiantará nada pessoalmente e pelo contrário porá em risco todos os outros utentes e profissionais.

2- Pelo menos 10% dos casos serão graves o suficiente para causar falta de ar e obrigar a idas ao Hospital. Alguns destes serão graves o suficiente para precisarem de ventilação mecânica (“ficar ligado à máquina”). Apesar de estes casos graves serem maioritariamente pessoas idosas ou com doenças que os fragilizam, também acontecerão casos de pessoas jovens saudáveis (se 0.2% dos jovens afetados precisarem de ventilação, no caso de 10.000 afetados serão 20 jovens em Portugal em estado grave). Nos idosos e pessoas com problemas de saúde, essa percentagem pode chegar aos 15-20%, o que significa potencialmente uma enormidade de doentes graves que o SNS não terá capacidade de assistir da melhor forma, que é o que se vê acontecer em Itália, onde ventiladores estão a ser recusados logo à partida, sem qualquer contemplação, a pessoas com mais de 60 anos.

3- O que podemos fazer? Tentar que em vez de termos 10.000 casos até ao final de Março, tenhamos esses 10.000 casos espalhados no tempo ao longo de 6 meses. Faz muita diferença um hospital ter no mesmo dia 10 pessoas a precisar de ventilador ou

ter 50 pessoas a precisar de ventilador. É simples, não vai haver para todos. Como

podemos atrasar então o surgimento de novos casos? Isolarmo-nos o mais possível. E cada dia conta no atraso que vamos conseguir!

4- Se és dono de uma empresa ou de um escritório considera fechar portas e colocar os funcionários a trabalhar tanto quanto possível de casa. Pensa assim, vais ter que fechar

portas em duas semanas de qualquer forma, com uma grande diferença: salvaste vidas!!

5- Se podes trabalhar de casa, deves absolutamente fazê-lo.

6- Não vás ao ginásio, vai dar uma corrida (não em grupo!) e faz umas flexões em casa. Não vás ao café. Não vás ao restaurante. Escusado será mencionar esse ambiente fresco e arejado que existe em discotecas e bares noturnos. Almoço de fim de semana em casa dos avós? Cancelem. Jantar de anos da Filipa? Não vai dar, a Filipa compreenderá, mais não seja em duas semanas quando perceber a dimensão do problema.

7- As crianças, ao contrário do que se viu escrito em alguns locais, parecem ser bastante contagiosas. Apresentam também muito poucos sintomas quando estão infetadas. Ou seja, devemos evitar o contacto entre as crianças da família e respetivos avós e outros membros mais frágeis. Pelo lado bom e para tranquilizar: tanto quanto sabemos (e já sabemos alguma coisa após tantos milhares de casos pelo Mundo) não há qualquer caso

de doença grave em crianças menores de 10 anos. Os sacanitas são rijos, mas muito contagiosos.

8- A máscara só é útil para quem já está a tossir e espirrar - para pessoas sem sintomas

ajuda pouco. Importante mesmo é lavar as mãos frequentemente e

evitar tocar na cara/boca/olhos. E manter distância social: não há apertos de mão, não há beijinhos e falar de perto é também má ideia (vá, todos conhecemos aquela pessoa que manda muitos “perdigotos”).

9- Não é demais salientar que durante esta época as outras doenças, acidentes e infortúnios vários não vão tirar férias. Continuarão a existir AVCs, ataques cardíacos, outras infeções, acidentes de viação, exatamente na mesma quantidade de antes. Com uma diferença saliente: quando esses doentes graves precisarem de vaga nos cuidados intensivos (que mesmo num dia bom já são insuficientes e difíceis de gerir), podem bem não a ter. A mortalidade do COVID não é só a mortalidade do COVID - com um sistema a trabalhar para lá do limite, todas as outras doenças que já antes matavam, matarão mais.

10- Terminamos com uma nota importante: o pânico é contraproducente. Ninguém tem necessidade de açambarcar setecentos rolos de papel higiénico. A sociedade como a conhecemos não colapsará. Mas isto não é a gripe A, não é a vespa asiática, não é a crise dos combustíveis, não é nenhuma das mais recentes catástrofes sempre anunciadas e felizmente nunca cumpridas. Desta vez é a sério (palavra de escuteiro) e cabe a cada um de nós fazer a sua parte para que seja o menos sério possível."

Sinceramente, tenho receio que o outro lado da moeda do "desenrascanço" tuga, mais conhecido como "chico-espertice", venha ao de cima nesta altura crítica, e por isso mesmo, termos como sentido cívico, responsabilidade, lucidez, foco e serenidade são palavras de ordem nos dias que correm e espero que como comunidade e sociedade consigamos ter maturidade suficiente para não nos deixarmos chegar ao estado em que está a Itália.

Se tivermos tacto e nos mantivermos tranquilos, a coisa irá correr pelo melhor!