terça-feira, 26 de julho de 2011

Faenas, posições e contraposições

Recentemente envolvi-me em mais discussões sobre touradas no Facebook que resultaram em reacções estranhas que tenho dificuldade em reconhecer, nomeadamente a forma como alguns (não todos, felizmente!) defensores argumentam com desonestidade intelectual e acabam dizendo “cada um gosta do que gosta, olé!”; o facto de me dizerem na cara (virtual e presencialmente) que sou deselegante, mal educado e arrogante ao afirmar a minha convicção fundamentada em raciocínios lógicos; que deixem de ser meus amigos no Facebook (e a fazê-lo na internet, arriscam-se a que o faça eu na vida real). Tudo isto me deixa estupefacto!

A minha posição…
Em relação às touradas, independentemente de ter amigos que gostam, uns mais à vontade com isso do que outros – porque alguns se questionam e admitem que vacilam entre razão e emoção – devo dizer que me recorda as crianças e os adolescentes que faziam mal a cães e gatos, lutas de galos e de cães e outras situações do género. NÃO SUPORTO que façam mal a animais, fico fora de mim com este assunto e isso revela-se claramente, não no conteúdo da minha argumentação, mas na forma como invariavelmente termina uma conversa à volta deste tópico tão polémico.

"Mal educado" ...eu!?
Mal educadas são os defensores da festa brava (não todos) que toureiam pessoas e terminam a sua argumentação com um pungente "cada um gosta do que gosta, olé!!". No meu dicionário há um nome feio para estas pessoas. Eu digo o que penso e se ofendo, paciência!

"Ofensivo" ...!?
Eu sim, ofendo-me com pessoas que pagam para assistir a outras pessoas infligirem sofrimento num animal. Ofendo-me com gente apática, submissa, subserviente, seguidista, morbidamente curiosa e promotora de espectáculos organizados que envolvem maus tratos a animais.

"Deselegante" ...!?
Deselegante, incoerente e estúpido é afirmar que se gosta de animais e gostar de touradas, mas isso fica com a consciência de cada um. Amigos meus acusam-me de entrar em bate-bocas, mas eu sei que entro em conversas, discussões e sempre com argumentação (negativa para quem defende, positiva para mim e para os touros, mesmo que isso os leve eventualmente à extinção). Percebo que sou inconveniente e corrosivo, mas sobre este assunto, só posso ser assim, não há meio-termo!

A tourada é um espectáculo que envolve arte, elementos culturais e negócio, é uma prática centenária enraizada na nossa cultura mas é um espectáculo degradante e asqueroso! É por isso sentir isto que reajo como reajo!
Nunca abro as hostilidades, pois os defensores (a maioria) já se encarregam disso, uma vez que adoram esfregar a sua vontade e gosto na cara de quem está deste lado. Não abro hostilidades, mas respondo ao nível e aqui reside o problema… o que fazer quando se argumenta com um idiota, se este nos faz descer ao seu nível e nos ganha aos pontos pela experiência!? Só posso dizer que vou continuar a perder amigos, embora ganhe outros no mesmo processo (interessante esta história do equilíbrio social), e que só irei reagir com ponderação com os amantes e defensores das touradas quando eles agirem com igual ponderação para com os touros! Se eles lançam farpas aos bichos, eu lanço farpas a eles e gosto mesmo – porque sou um ser humano carregado dos mesmos instintos primários e canalizo-os desta forma – quando os bichos os trespassam com cornadas no estômago!!! Digamos que se põem a jeito...

As discussões...
deixo-as aqui, para quem tem Facebook: 1, 2, 3

Deixo também um post genial do Miguel Sampaio no blog Lérias, com a sua posição face às touradas...
"Sou contra as corridas de Touros. Como, caso fosse membro da ICAR, seria contra a auto-flagelação, como sou contra a excisão. Sou contra a barbárie transvestida em fenómeno cultural. A cultura no seu sentido lato não é um contentor, é um pulsar colectivo, um crescimento consensual. Também considero que crescer não significa acumular, antes pelo contrário; crescer é alijar carga inútil, ficar mais leve para chegar mais longe. Hoje em dia, a tourada é um negócio. como as mantas de sela do general Custer, ou os autênticos pedaços da cruz de Cristo, ou as cabeças encolhidas dos Jívaros, são para "épater le bourgeois", para ganhar uns cobres, para marcar uma posição no mercado. São um modo de vida em suma.
As grandes praças enchem-se de curiosos, que pagam bilhete para vivenciar as pulsões primitivas dos autóctones. Como todos os negócios, tem de ter uma margem de incerteza, um pequeno factor aleatório, uma moderada pimenta... o homem, apesar de tudo preparado para o seu triunfo, por vezes falha. É na esperança que esse erro ocorra que as pessoas pagam bilhete, não pela absurda tortura do animal, não pela pretensa graciosidade dos movimentos da faena, as touradas existem para sustentar o triunfo das pulsões de morte.
Quando alguém eleito, com responsabilidades sociais, promove uma tourada em festa de aldeia; apesar de poder optar por outros caminhos, quando se organiza uma tourada apenas para dar o circo e assim disfarçar a míngua de pão... Alguma coisa vai mal. Ou se quer agradar a alguns, apenas por agradar, ou se quer assumir o papel de pequeno Nero, o político medíocre, que se convenceu que seria melhor assumir-se como apoderado de segunda, nas poeiras deste país.
Está mal! a ética sobrepõe-se sempre às conveniências ocasionais."

domingo, 24 de julho de 2011

Vida, mundo e a diferença que faz a diferença

Nestas últimas três semanas em que estive na rua com outras pessoas, em que falámos, discutimos ideias, partilhámos preocupações, tentámos encontrar soluções, lemos e ouvimos poesia, contos e histórias, cantámos e ouvimos música, dançámos e acima de tudo vivemos os finais de tarde de uma forma diferente, original e única, começámos por fazer algo memorável e histórico. Uma batalha ganha logo à partida, porque fomos precisamente travá-la na rua. E percebi, mais uma vez e de uma outra forma – diferente de ler numa frase, numa cena de um filme, no refrão de uma música – que isto não está para ter grandes chatices com e no dia-a-dia. Que esta única vida que temos e vivemos é mesmo para ser vivida! Não se muda o mundo, é muito grande, tem muita gente e é complicadíssimo, mas efectivamente, com motivação e a companhia certa, muda-se o mundo à nossa volta! E para isso basta que o vejamos de outra forma e lá está ele, diferente, melhor, pleno de uma multiplicidade que o caracteriza, de uma diversidade estranha, curiosa e arrebatadora. Há que nos deixarmos de merdas e vivermos o que temos para viver, e se não for assim tão bom ou estiver longe do que esperávamos, não há que fazer outra coisa senão mudar isso e diferente nem sempre é melhor, como já tinha referido, mas é sempre bom e este mundo, a partir de ontem, para mim e para outras cento e tal pessoas em Évora, está diferente!


» Cultura Na Rua

sábado, 23 de julho de 2011

Conan O'Brien, NBC e um discurso fantástico

‎"please do not be cinical, it doesn't lead anywhere! Nobody in life gets exactly what they thought they were going to get but if you work really hard and you're kind, amazing things will happen!"
Conan O'Brien

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Presente, Passado e Futuro

Texto escrito para a Frente Alentejo, com base num outro que já tinha publicado aqui no blog...


Vive-se no presente mas também se vive no passado e no futuro, vive-se em todo o lado!

Sem pressões, sem ansiedades, é bom alimentarmo-nos de coisas que nos fizeram ou poderão fazer bem e mal, sentir o presente, projectando-o para agora, mas não somente ao sabor do vento, e enveredar por uma maneira diferente de olhar as coisas e o mundo, numa nova forma de conhecer a vida a cores e a fundo.

Evitar caminhos normais e habituais, trilhando novos percursos físicos e veredas mentais alternativas. Num arrepiar de sentido ou numa mudança de direcção, é a melhor forma de atingir o que desejamos e, ao mesmo tempo, estranhamente, chegar onde ou como nunca esperaríamos vir a estar.
Como que realizar objectivos sonhados, guiados por ideias e realidades aumentadas pela imaginação mas também pelos sentidos, viver só para o momento até pode parecer uma loucura, um devaneio egoísta que revela inconsciência e inconsistência, mas a experiência da novidade, a inquietação do desconhecido e a envolvência da descoberta podem ser tão consistentes como a frequência da normalidade.

Um trilho novo pode ser um desafio mas também é uma alienação, momentânea ou irreversível. Há quem goste, há quem se vicie e há quem consiga ignorar ou virar as costas ao que está para lá do que é facilmente atingível com o olhar. A mudança que nos leva a essa alteração de postura pode realizar-se em pequenos e mundanos gestos como a leitura de um livro, o visionamento de um filme, conhecendo pessoas e lugares, conversando e debatendo ideias opostas ou consequentemente engrenáveis ou até por pura e simples frustração! Por vezes, sem querer e até mesmo contestando, mudamos! E mudar pode não ser necessariamente para melhor mas é sempre bom!

É igualmente bom dedicarmo-nos a compor essa mudança através da orquestração da alegria dos outros com a nossa simpatia, boa vontade e por meio de gestos solidários de preocupação e cuidado interessado. No fundo estamos todos ligados num entrelaçado de emoções, sentidos e vontades, no passado e no futuro desta fantástica viagem que vale acima de tudo pela paisagem.

O nosso caminho deve ser traçado por múltiplas veredas coloridas e animadas, cortando esquinas de avenidas cinzentas, fadadas por um confortável torpor pós-prandial de gente a aboborar numa quietude terrível, dispostas em vias largas, limitadas apenas pela velocidade da luz mas que não alcançam muito mais que um palmo à frente do nariz, do teclado ou do capot. Pessoas consumidas por esse nevoeiro denso e morno que amedronta e incapacita mas que não é de todo irreversível e até nos ajuda a achar o ritmo para o tempo certo.

Todo o salto carece de equilíbrio e de uma contagem decrescente, só não convém começar nos 100… um, dois, três… a ideia é encontrar novos itinerários, frescos e arejados, num rumo incerto mas conducente à desejável paz de espírito individual e à consciência da felicidade comum.

É simples e mais fácil do que se pensa, ou se calhar o melhor é não pensar muito!


in Frente Alentejo nº3 Maio/Junho

terça-feira, 12 de julho de 2011

Vida, arte e existência

















Entendo o "horror da existência" como a forma de caracterizar o facto de sermos uma incrível coincidência no meio da imensidão de inconstantes e incertezas que é o Universo e tudo o que está para lá. Frio, bruto e envolto num silencio aterrador, embora com vida e muita beleza.

Se analisarmos a vida assim, é um pesadelo, mas se pensarmos no amor, na amizade, na arte, na criação humana, já se parece mais com a frase do Shakespeare, de que "somos feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos".

Há coisas que valem mesmo a pena e viver é uma delas!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cultura, Revolução e Rua

texto do movimento “A Cultura Está Viva e Manifesta-se na Rua

A Cultura Está Viva e Manifesta-se na Rua.

Não vamos deixar morrer a Cultura em Évora!

Somos anónimos até dar a cara por aquilo em que acreditamos e sentimos que pode e deve haver mais e melhor para todos.

A Cultura nasce da necessidade de criação e exploração dos sentidos, nas mais fundamentais características do espírito humano, ganha forma na harmonização de intenções, cresce na partilha de sentimentos e floresce na divulgação dos projectos.

Queremos mostrar o que de melhor se faz nesta cidade, dar a conhecer o que há de original e único, criar empatias e espaços de diálogo, juntando, de forma positiva e interessada, artistas, agentes culturais e público.

A Cultura forma, é estruturante e mostra-nos o futuro. Vamos transformar a ideia de Cultura numa ideia viva, actuante e partilhada. Cidadania pura e simples!

Temos ruas, temos praças, temos as pessoas que passam. Larguemos o conforto das nossas casas por uma hora e meia em cada dia e vamos para a rua partilhar emoções, sentimentos e opiniões.

Não interessa se somos mais à esquerda ou mais à direita. Somos pessoas, temos interesse e estamos interessados. Estamos vivos!

A mudança está em cada um de nós.

Cultura é Vida.


Este movimento de cidadãos livres visa apenas e só contrariar a tendência dos tempos que correm e forçar o activismo e a manifestação cultural em qualquer espaço mas sobre tudo na rua.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Reflexão, motivação e acção

Texto inicial do evento “Ocupar a Praça – A Cultura Está na Rua” criado por mim como reacção à proposta crítica, pro-activa e positiva do blog A Cinco Tons por Carlos Júlio
(em 4.7.11 e todos os dias às 18h30 desde então)

"importa clarificar o que aqui se passa (o que aqui tento fazer):

Eu, Pedro Pinto, cidadão, munícipe e artista, sinto-me incomodado com alguns aspectos que envolvem a questão da "Cultura" nesta cidade. Não quero estar contra ninguém em particular e sou, acima de tudo, a favor da MUDANÇA! De uma mudança consciente, de uma alteração de postura e de uma maior proximidade entre todos - agentes culturais, responsáveis associativos e de colectividades, artistas e público. Pode ser uma ideia peregrina e utópica, mas é uma ideia comum a muita gente, que ocupa espaço e tempo nas nossas conversas e dissertações e, como tal, merecedora de atenção geral... (e não serão as ideias que fazem o mundo girar!?)

A mim, incomodam-me algumas bocas que ouço de gente que não se mexe senão para criticar e de forma muito pouco construtiva. Irritam-me algumas tomadas de posição em jeito de franco-atirador (como podem pensar de mim, claro!) e principalmente deixa-me triste perceber que esta cidade é um tanto ou quanto estranha e diferente de tantas outras por essa Europa fora. Mas uma cidade é feita das pessoas que nela habitam, transitam e visitam e face ao que tenho conhecido nestes últimos meses, ao que tenho vivido com gente nova com quem tenho privado, face ao que tenho sentido em tanta gente anónima, vejo que há muitas pessoas interessantes e interessadas nesta CIDADE QUE APARENTA TER PERDIDO O INTERESSE POR SI MESMA. Aposta-se mais no Entretenimento do que na Cultura e Entretenimento faz falta, a todos ou à larga maioria, e eu também gosto, mas Cultura também! A Cultura educa, é estruturante e mostra-nos o futuro e se há altura em que temos de apostar no futuro, talvez mais pela Cultura do que pela Economia, é agora!!

É importante haver Associações, Colectividades e Grupos, mas mais importante neste momento – parece-me e até posso estar enganado e não me levem a mal pelo atrevimento – é mostrar a todos, inclusive a nós próprios, que ESTAMOS VIVOS do pescoço para cima. Por isso é que eu digo e volto a referir que não interessa se somos mais à ESQUERDA ou à DIREITA. Somos pessoas sensíveis, temos interesse e estamos interessados! Fartos de gente interesseira estamos nós!!

HOJE VOU ESTAR NA PRAÇA DO SERTÓRIO ÀS 19h com a guitarra nas unhas à espera de gente que se interesse pelo futuro de todos (não pelo meu!)

Lanço este repto: larguem o conforto do ar-condicionado e do sofá e venham para a rua... cá vos espero!! ;))

...se não vierem, um grande bem-haja. a gente vê-se por aí noutro dia"

Entre o Facebook e uma quantidade quase astronómica de sms, espicacei para lá de 100 pessoas e apareceram mais de 50 interessantes e interessados. Qualquer coisa de fantástico!
Fica aqui um abraço a quem lá foi no primeiro dia, no segundo e no terceiro - sempre à volta de 40 pessoas, muitas delas diferentes de dia para dia - e o convite para o dia de hoje às 18h30 na Praça João de Deus (frente ao antigo Café Portugal). Apareçam, interessem-se, opinem e dêem alma e vida à Cultura em Évora.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cultura, Mudança e Revolução

«Eu, cidadão, munícipe, artista e membro anónimo de um público interessado, sinto-me incomodado com alguns aspectos que envolvem a questão da 'cultura' na cidade de Évora. Não me ponho contra alguém em específico e ninguém em particular. Não me incomoda que haja grupos de pessoas que decidam fazer associações por qualquer razão – eu próprio me sinto mais confortável em grupo e rodeado de pessoas activas e interventivas, subversivas, até – desde que produzam conteúdos com significado e que tragam mais cores a esta paleta que teima em cair nos tons de cinzento que nos escondem de nós próprios e das nossas potencialidades individuais e colectivas. Sou acima de tudo a favor da mudança!

Como povo, penso que devemos alcançar outro tipo de interacção social. Como artistas, um outro tipo de intervenção cultural, talvez mais direccionada a 'destabilizar', inteligente e subtilmente, as inúmeras zonas de conforto que nos caracterizam e demarcam individualmente. Como agentes culturais, sem dúvida uma maior envolvência no diálogo, que permita erguer pontes de confiança, concordância e conciliação – como quem estica os braços, talvez num abraço fraterno – entre indivíduos e grupos com pouca dissemelhança, que muitas vezes caminham em sentidos paralelos e de costas voltadas. Évora é fértil em pequenos triunfos, orgulhos e validações claustrofóbicas que enevoam o espírito e a alma criadora. Há que quebrar o ciclo!

Somos responsáveis pela nossa felicidade e devemos aceitar a mudança como forma de estar numa sociedade moderna. É uma questão de cidadania pura e simples! Devemos fomentar esta mudança de forma consciente e pró-activa numa alteração de postura e maior proximidade entre todos os agentes envolvidos na vida cultural desta cidade; artistas, responsáveis associativos, de colectividades e público. E esta é uma ideia assente em valores fundamentais de liberdade, comum a muita gente – que tem ocupado espaço e tempo nas conversas de café, nas discussões entre amigos, tertúlias circunscritas a espaços culturais – e como tal, merecedora de atenção.

Fascinam-me as bocas que ouço de gente que não se mexe senão para criticar de forma muito pouco construtiva, irritam-me algumas tomadas de posição sem nexo ou o propósito de ter uma continuidade positiva e fico triste ao perceber que a cidade de Évora é um tanto ou quanto estranha e diferente de outras cidades por essa Europa fora. Mas uma cidade é feita das pessoas que nela habitam, transitam e visitam e face ao que tenho conhecido nestes últimos tempos, ao que tenho vivido com novos amigos, com quem tenho privado e partilhado, face ao que tenho sentido em tanta gente anónima com opinião e ideias, vejo que há muita gente interessante e interessada numa cidade que aparenta ter perdido o interesse por si mesma, que aposta demais no entretenimento e menos na cultura, que se fecha continuamente nas suas ruelas já de si labirínticas, que foge às responsabilidades formais, onde amiúde se evita o óbvio e se contornam realidades que marcam a vida de muitos de nós que fazemos esta cidade pulsar. A Cidade vive muito para além do que é visível e palpável. Entretenimento faz falta a todos (ou à larga maioria), mas cultura também. Há espaço para tudo e todos.

A Cultura é estruturante e mostra-nos o futuro, e se há momentos em que temos de apostar no futuro, talvez mais pela Cultura que pela Economia, esse momento é AGORA!! E já se faz tarde…

Arte não se faz apenas em espaços nobres, por encomenda ou com objectivos bem estruturados. É importante perceber que há quem tenha a cultura como modo de vida e de subsistência (e não há mal nenhum nisso, excepto quando se gera algum tipo de habituação a roçar o clientelismo) e que essa dá vida a uma cidade que se move de muitos e variados eixos e interesses que vão para além da própria cultura. Importa perceber que esta gera empregos, promove benefícios e até pode, em certos casos, gerar lucro, mas que não deve ser orientada com outro objectivo que não o de educar e formar pessoas a sentir, reflectir e a criar. A arte nasce da necessidade de conceber e explorar os sentidos nas mais fundamentais características do espírito humano, ganha forma na harmonização de intenções, cresce na partilha de sentimentos e floresce na divulgação dos projectos. Há que mostrar o que de melhor se faz nesta cidade, dar a conhecer o que há de original e único, criar empatias e espaços de diálogo, juntando, de forma positiva e interessada, artistas, agentes culturais e público.

Somos anónimos até dar a cara por aquilo em que acreditamos e sinto que pode e deve haver mais e melhor nesta cidade. Neste momento é importante mostrar a todos, inclusive a nós próprios, que estamos vivos! Não interessa se somos mais à esquerda ou mais à direita. Somos pessoas, temos interesse e estamos interessados. Não vamos deixar morrer a Cultura em Évora! Temos ruas, temos praças, temos as pessoas que passam. Larguemos o conforto das nossas casas, das nossas mentes e os receios que as povoam e vamos para a rua partilhar emoções, sentimentos e opiniões.

A mudança está em cada um de nós.

Cultura é Vida!»


in Registo 7.7.11