sexta-feira, 6 de maio de 2011

Antes, agora e depois

Quer se queira quer não, vive-se antes, durante e depois. Não vale a pena evitar riscos, curtir receios ou ficar à espera do melhor momento. Pode não se viver bem, a bem ou da melhor forma. Pode não se ter chama ou intensidade, sentido ou direcção mas vive-se!

É fácil acomodarmo-nos e viciarmo-nos no conforto do "agora", seja influenciado por receios do futuro ou por influências do passado, mas passado e futuro são importantes. O que quero vir a ser e, como tal, aquilo em que me torno - preferencialmente na melhor versão de mim mesmo - forjam-se no passado e no futuro, naquilo que experienciei e no que está por vir agora, e agora, e agora, e agora, e agora, e mesmo mais tarde.

Tendo por base a dança do ANTES, que me deu o traquejo e jogo de cintura com que desenvolvo o AGORA, torno-me melhor para DEPOIS.

Já dizia a personagem de Morgan Freeman no filme Shawshank Redemption: "get busy living or get busy dying", como se "being comboftably numb is working peacefully towards one's demise".

Tudo é sobrestimado, o verdadeiro equilíbrio fica algures no fio da navalha e essa é a questão principal!

Vivo no presente mas também vivo no passado e no futuro, vivo em todo o lado! Sem pressões, sem ansiedades. Alimento-me de coisas que fizeram ou poderão fazer-me bem e mal, para sentir melhor o presente, porque esse sim, deve ser projectado para agora, sem dúvida, mas não somente ao sabor do vento. Se calhar porque viver só para o momento pode revelar inconsciência e inconsistência, pois se assim não fosse, que sentido faria a leitura de um livro, o visionamento de um filme, seguir uma série, acompanhar uma equipa de futebol, conversar e debater ideias opostas ou consequentemente engrenáveis? Para quê, se só interessaria o agora!?

Mais idiota ainda seria reler ou rever algo que nos deu prazer e conhecimento anteriormente. Se fosse tudo para agora, fazíamos o que nos dava na real gana. Seriamos profundamente egoístas e eternamente desorientados. Deixar-nos-íamos ir no momento, confiando mais em qualquer outra pessoa do que em nós, ou até mais em nós do que nos outros todos.

Aproveitar cada minuto e abraçar todas as sensações e emoções faz todo o sentido, mas não é a mesma coisa do que viver à toa, sem norte, à deriva. Queiramos ou não, deixamos rasto, impressões - por vezes indeléveis - nos outros e marcamos a diferença até em acções simples e aparentemente pouco ou nada relevantes.

O presente é feito de uma mistura tangencial e exponencial entre passado e futuro. O presente não existe, é pura ilusão! Faz-se e acontece à medida que vai sucedendo, por vezes quase em catadupa e viver exclusivamente para ele, de forma "cega", será um vício estranho de consequências imprevisíveis que nos pode deixar a leste de nós próprios ou dos outros, aqueles que significam tanto e que merecem mais e melhor de nós.

Agora sim, claro, mas antes e depois também.

1 comentário:

Marisa Caraça disse...

É isso mesmo Pedro. é o que penso não sei porque tantas vezes não o faço... obrigada!