Não percebo a malta nova hoje em dia e a gestão que fazem das relações e das amizades. Quando acontece alguma coisa chata ou mais lixada, alguém que se embebeda e faz um disparate, que se desorienta e comete um erro, que é infiel a um(a) namorado(a) ou que é desleal para com um amigo em comum... a malta cospe para o lado, guarda como se fosse 'segredo' e continua em frente a dizer "não me meto na vida dos outros, não tenho nada a ver com isso". Porra, então somos 'amigos' e não nos metemos na vida deles!? Não há mais "meter-se em e com alguém" do que ser-se amigo de dessa pessoa. Seja ela só amiga, uma namorada ou até um familiar! Metermo-nos na vida uns dos outros à grande é que é um bom indicador de que temos vidas cheias e que as partilhamos com outras pessoas a quem também (pre)enchemos a vida. E ser amigo não é só coisas boas e interessantes, nem é fácil... é fodido!! Ser-se amigo é ser-se militante, apoiar incondicionalmente, não medir distâncias, nunca esquecer e estar lá... não sempre, mas pelo menos quando é preciso.
A formação do nosso carácter faz-se com o input dos amigos, tanto ou mais do que com o input dos familiares, professores e adultos mais próximos enquanto crescemos... e há que convir que levamos a vida toda a crescer, a aprender, a amadurecer e os amigos são a família que escolhemos, não nos são impostos... esses são os conhecidos, os colegas, os amigos dos amigos... os nossos amigos a sério são os que nós escolhemos!
Quando uma pessoa faz merda e é nossa amiga, quer queiramos, quer não, somos igualmente arrastados para a merda com essa pessoa!! Faz parte do "contracto"! Os amigos são a consciência uns dos outros e têm a obrigação de se colocar na pele do outro e de colocar o outro a jeito de se ver de fora também. Que raio de 'amizades' são essas em que a malta vai para os copos, faz desporto, passeia, vai de férias e tal mas quando é para segurar cabelos porque a amiga está a vomitar ou para despir umas calças todas mijadas porque o amigo está k.o. no chão... quando faz merda à namorada ou anda a dizer mal de outro amigo nas costas... quando anda a arranjar sarna para se coçar no local de trabalho... quando morre a avó, o pai, a irmã ou o primo... quando o amigo está no hospital... e sei lá quantos mais cenários aqui poderia descrever e não estarmos lá para apoiar, ajudar e até passar pela mesma merda em que o(a) amigo(a) está!? Se não for assim, se não engolirmos estes sapos e não sentirmos um pouco daquilo que os nossos "amigos" estão a sentir, isso não é ser amigo (e paga-se caro mais tarde ou mais cedo, quando precisarmos também; embora isto seja uma mera referência e não uma forma de dizer que "mais vale ajudarmos para depois nos ajudarem também", pois numa amizade a coisa deve ser feita voluntária e altruisticamente).
Orientem-se, pá!!
No meu tempo (e ainda hoje) não era assim. Levo constantemente na cabeça dos meus amigos (que felizmente não são assim tão poucos - embora cada vez mais estejam longe geograficamente, mas com Skype, Whatsup, Viber, Hangouts, Facebook e outros a coisa torna-se mais suportável e por vezes até mais interessante) e de ouvir coisas que me custa a ouvir, a engolir sapos gigantes e a levar com sermões a torto e a direito, mas ainda bem que assim é! É sinal que há quem se preocupe, tenha paciência e capacidade para sair da sua zona de conforto para me fazer ver como as coisas são e o que faço sem dar conta. Amizade é militância!
Esqueçam lá os orgasmos, as gomas e o vinho tinto, os amigos são a melhor coisa do mundo!
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