terça-feira, 11 de novembro de 2008

Trintões, solteiros e gays

Chegar aos trinta anos solteiro tem, a meu ver, mais vantagens do que inconvenientes. É certo que não cheguei a esta idade sozinho, apenas não tive uma só namorada e houve alguns interregnos em que pude dedicar-me apenas a mim, mas também é verdade que se está bem quando se está sozinho. Há fases e fases, mas uma coisa não tem jeito nenhum nesta idade sem uma mulher ao nosso lado: a desconfortável tarefa de comprar calças! Mesmo quando não tinha namorada, havia sempre uma amiga para me acompanhar, mas hoje em dia estão todas grávidas, casadas, demasiado ocupadas com o trabalho, no estrangeiro ou com namorados ciumentos. Consigo comprar sapatos porque há espelhos para os ver de perto e à distância, consigo comprar blusas e casacos pela mesma razão, mas não consigo decidir-me em relação a um simples par de calças! Parecem-me todas bem dos vários ângulos em que tento espreitar mas tenho a certeza que não podem todas cair bem e se escolho as calças erradas acabam por ficar penduradas para toda a eternidade – que no meu caso são 5 anos – no guarda-fatos até que decida dá-las à minha mãe para transformá-las em trapos ou oferecer a algum desgraçado carenciado que não se preocupe lá grande coisa com o aspecto ou tenha a sorte macaca de ficar bem com elas. A ironia está em todo o lado e por vezes tenho a ligeira impressão que as minhas calças também. Assim em jeito de dejá vu, por vezes ocorre-me a sensação de já ter visto “aquele” par de calças em algum lado, mas lá está, não sou de ficar muito tempo (mais do que 2 segundos) a olhar para as calças de outro homem! Não que seja homofóbico, pois estou plenamente consciente da minha sexualidade e sem problemas quanto a isso, mas há sempre aquele receio de olharmos ingenuamente para um homem e ele sim, ser gay! Este tipo de situações, nos dias que correm, pode trazer alguns problemas num futuro imediatamente após o olhar… por outro lado, ter um amigo gay era talvez a melhor coisa que me poderia acontecer agora. Se as minhas amigas não estão disponíveis, de certeza que haverá, para além de comprar roupa e falar mal de gajas, outras coisas interessantes para se fazer com um amigo gay! Pelo menos a questão das calças deixaria de ser um problema. Sem qualquer tipo de machismo latente ou tentativa de gozo para com a comunidade gay masculina, acho que já percebi porque é que há tantos homens gay a trabalhar em lojas de roupa, cabeleireiros e restaurantes. É tudo uma questão de sensibilidade!

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