quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Termos, referências e palavreado bizarro

Estou completa e decididamente apostado em deixar de dizer "gajo" e "gaja". Toda a gente - com a minha mãe à cabeça - me chama a atenção de que é feio, desagradável ou depreciativo e passados mais de duas décadas de extensa utilização, começo a achar que há algum fundo de razão nessas perspectivas. Quando se é criança não se pode chamar os outros de "puto/pita" ou "gaiato/a", porque não temos ainda essa destreza social; "rapaz/rapariga" ou "menino/a" combina perfeitamente com bibe e farda de colégio, estando completamente fora do nosso horizonte vocabulístico, e "senhor/senhora" apenas se aplica aos mais velhos, que, sendo a esmagadora maioria à nossa volta, acabam por assumir um papel pouco relevante nas nossas conversas, logo "gajo" e "gaja" tornam-se extremamente práticos e soam estupidamente bem para quem recentemente conquistou o gostinho e a capacidade de utilizar palavrões - verdadeira Caixa de Pandora para uma criança; depois crescemos e ainda não adquirimos traquejo ou experiência de vida suficientes para utilizar o termo "indivíduo" e sem dúvida que "fulano/a", "beltrano/a" e "sicrano/a" estão completamente fora de hipóteses porque fariam de mim alguém que também diria palavras bizarras como "urinar" e "obrar", o que não combina, de todo, com o meu feitio e gosto pessoal. Pois que nesta fase da minha vida me encontro num impasse, porque ainda não consegui achar substitutos à altura para "gajo" e "gaja" e isso coloca-me, em certos e determinados momentos, em situações embaraçosas quando não sei bem como me referir àquelas, vá lá... pessoas de quem quero falar sem as descompor, sem ofender os presentes e acima de tudo sem me afrontar a mim mesmo com termos de mau gosto ou inapropriados para a minha personalidade, ou sairia eu mais tocado da situação em causa do que os gajos a quem me queria referia.

A vivência social tem destas coisas. Umas mais histéricas, outras mais grotescas, mas todas elas interessantes... ou não!

3 comentários:

Marius disse...

a propósito de ainda sou do tempo...
O meu pai ontem dizia Agora vou pra lisboa de comboio em primeira classe e só pago 13€ ida e volta, depois apanho o metropolitano e vou etc e não consegui evitar comentar Pois, por isso é que só pagas 13€. mas quem é que ainda diz metropolitano?! pra clarificar, o desconto de 50% da CP, ou lá como se chama agora, é a partir dos 65anos... essas pessoas é que ainda são do tempo em que se dizia fulano e beltrano e metropolitano

Gandim disse...

Oops! eu digo metropolitano... lol
but I get your drift! ;)

Janelas do Alentejo disse...

Posso sugerir "moço"/"moça", à boa moda alentejana? Hum, que tal?