sábado, 9 de abril de 2011

Amor, sensibilidades e o que é fantástico

Amor é o interesse mais desinteressado que conheço.

É uma espantosa e incerta mescla de egoísmo e altruísmo, em doses exageradas mas não extremadas. Capaz de destabilizar qualquer pensamento, raciocínio e ponderação. Podemos tentar escudar-nos de emoções e sentimentos, mas haverá sempre um instante improvável em que fraquejamos, para nosso bem, deixando-nos levar pelos sentidos, num belo momento que se perde no tempo.

Embora uma necessidade, a felicidade não é como um espirro ou um soluço oportunista, é bem mais do que uma querença ou uma carência. É um estado de espírito, uma habilidade que se conquista, trabalha e se aperfeiçoa com o tempo, inclusiva e especialmente com todos os acidentes de percurso que se sucedem e que por vezes nos abatem, amedrontam ou incapacitam. Pontualmente, e por vezes de forma irreversível, perde-se essa capacidade e tal como músculos, articulações e raciocínios, requerem exercício e um sem número de melhoramentos. Na vida nada é estático além da confortável estabilidade criada pela nossa falta de vontade em voltar à carga e de nos deixarmos levar por algo desconhecido, por vezes até assustador, sim, mas nada que valha a pena virá de forma fácil e inteligível. Não nos devemos deixar estar por muito tempo nesse stand-by! É bom, serve o propósito, como quem precisa de contar antes de dar o salto, mas temos de dar esse salto! A capacidade de nos deixarmos apaixonar e ser felizes, por nós, pelo mundo e pelas pessoas, pode e deve ser cultivada, desenvolvida, até aperfeiçoada, senão para que serviriam os livros, as comédias românticas e a companhia de animais!?

No filme Dan in Real Life aparece a frase "love is not a feeling, is an ability" e se isso é verdade, e nada disto é inato ou automático, requer controlo, falta de controlo, depois controlo novamente, descontrolo, ainda a entrega total, para depois nos perdermos por completo ao mesmo tempo que ganhamos tudo o que outra pessoa nos dá, até o que somos nós, bem mais do que somos sozinhos, numa melhor versão de nós próprios. Deixarmo-nos ficar prisioneiros do amor que sentimos, nunca da pessoa que amamos e com isso conquistarmos um extraordinário novo mundo que engloba o que era anteriormente só nosso, dando-lhe um outro sentido imprevisto, aumentando-o exponencialmente em forma e conteúdo, direccionando-nos paralelamente para um infinito desconhecido mas inesperadamente confiável.

1 comentário:

E. Rosado disse...

É pena que algumas pessoas não percebam que o amor é isso tudo e mais ainda!