terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Chocolate, amêndoas e mastigação

Um amigou revolucionou completamente a minha forma de apreciar chocolate. Apenas referiu estas palavras mágicas: "o chocolate não se mastiga!"

Por acaso já utilizava esta fórmula a comer amêndoas de chocolate, deixando-as desfazerem-se na boca quase até ao fim, mas ainda assim aplicando-lhes uma esmagadora e certeira acção de movimento tipo guilhotina com a língua contra o céu da boca, deixando-as completamente expostas e desfeitas a meu bel-prazer... altamente satisfatório, a tocar a genialidade gastronómica!

Agora que passei a comer bombons e quadradinhos de tabletes sem nunca os trincar, txiiiii, que brutalidade de gozo!! Recomendo vivamente!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Agradecimento, ondas etereanas e gente rija

Aproveitando o meu agradecimento nas redes sociais, faço dele um novo post neste dia pós-festa...

Ora cá está o agradecimento oficial a tanta gente boa que se chegou a mim no dia de ontem...

As redes sociais, agora falando exclusivamente no plano da virtualidade, andam todas a tender para a real morraça!! Iludem, enchem-nos de dúvidas e de falsas expectativas. Andamos todos a roçar o engano em muitos e variados momentos e tudo parece que é, mas vai-se a ver e não é bem assim... é um fenómeno caricato, por vezes bizarro e tangencial ao assustador, mas as redes sociais - o FB em particular - têm um pormenor que se lhes é intrínseco, marcante e apesar de tudo, o que se percebe e se vai interiorizando com o tempo, gerador de uma agradável tendência para a proximidade. Seja com os que estão geograficamente distantes, sendo uma excelente ferramenta para manter amizades nos meandros da militância, seja com as inusitadas surpresas de gente, que de outra forma muito dificilmente se chegaria a nós… ou nunca!!... este mundo etéreo, ridiculamente definido pela incerteza e insegurança, também é um potencial dinamizador de algo raro e extremamente necessário nos dias de hoje: ligações humanas. Em determinados chega a ser um bálsamo!!

Quem me conhece bem sabe que ando constantemente no fio da navalha no que à exposição virtual diz respeito, havendo pormenores fundamentais nestas andanças que me incomodam bastante, mas devo admitir, satisfeito ao fazê-lo, que o saldo continua a ser francamente positivo. Não o digo apenas e só depois de por aqui ter estado a responder a muita gente que dedicou umas migalhas de tempo a tornar o meu dia mais brilhante, especial e tradicionalmente sendo um dia invernoso e cinzento; digo-o porque saio revigorado depois de um dia bem passado! (apesar de não ter conseguido fazer “aquela festa” que costuma dar-nos que falar durante meses, em que me esforço por juntar muita gente interessante e interessada em estar junta, em partilhar um momento diferente regado de boa conversa e muita música ao vivo… este ano foi diferente mas igualmente bom)

Fico muito honrado por ser alvo da vossa atenção, mesmo sabendo que "alarmes" não faltaram na net e smartphones a avisar que ontem seria, vá lá, o meu dia. A quem me parabenizou e abraçou ontem e ainda hoje, o meu sentido obrigado!! Fez diferença, para melhor, num dia que já de si estava a ser em grande e em tão boa companhia.

Nas palavras sábias do Sérgio Godinho, “só quer a vida cheia quem teve a vida parada” e eu, cá ando muita satisfeito com isto!

Beijos e abraços, fiquem em boa companhia e BOM ANO de 2015!!

Vá agora acabar com esta merda de converseta mole, que isto tá feito é para gente rija! SIGA!!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Vida, relações e internet

Num final de ano e em jeito de balanço, apanhei este texto na net que dá muito em que pensar...

Não só nas relações românticas, mas nas relações em geral e nas amizades virtuais. Na questão da individualidade, maturidade e crescimento pessoal e principalmente na forma como vivemos o nosso dia-a-dia. Como ouvimos música e vemos televisão, como achamos que estamos tão focados no agora e ligados a tudo e todos e se calhar até não!

Não é suposto a vida ser tão fácil como aparentam as selfies e as fotos das viagens dos nossos amigos nas redes sociais, o acumular de inícios de relações românticas que não passam dessa fase, as amizades que não se encaram de forma militante, aquelas poucas mas expressivas relações em que não se investe tempo, presencialmente ou com um telefonema, porque se anda demasiado ocupado com tantas relações virtuais em chats, mensagens e troca de galhardetes em formato de post... enfim, sinais dos tempos.

Vale a pena ler e reflectir...


«This Is How We Date Now

We don’t commit now. We don’t see the point. They’ve always said there are so many fish in the sea, but never before has that sea of fish been right at our fingertips on OkCupid, Tinder, Grindr, Dattch, take your pick. We can order up a human being in the same way we can order up pad thai on Seamless. We think intimacy lies in a perfectly-executed string of emoji. We think effort is a “good morning” text. We say romance is dead, because maybe it is, but maybe we just need to reinvent it. Maybe romance in our modern age is putting the phone down long enough to look in each other’s eyes at dinner. Maybe romance is deleting Tinder off your phone after an incredible first date with someone. Maybe romance is still there, we just don’t know what it looks like now.

When we choose—if we commit—we are still one eye wandering at the options. We want the beautiful cut of filet mignon, but we’re too busy eyeing the mediocre buffet, because choice. Because choice. Our choices are killing us. We think choice means something. We think opportunity is good. We think the more chances we have, the better. But, it makes everything watered-down. Never mind actually feeling satisfied, we don’t even understand what satisfaction looks like, sounds like, feels like. We’re one foot out the door, because outside that door is more, more, more. We don’t see who’s right in front of our eyes asking to be loved, because no one is asking to be loved. We long for something that we still want to believe exists. Yet, we are looking for the next thrill, the next jolt of excitement, the next instant gratification.

We soothe ourselves and distract ourselves and, if we can’t even face the demons inside our own brain, how can we be expected to stick something out, to love someone even when it’s not easy to love them? We bail. We leave. We see a limitless world in a way that no generation before us has seen. We can open up a new tab, look at pictures of Portugal, pull out a Visa, and book a plane ticket. We don’t do this, but we can. The point is that we know we can, even if we don’t have the resources to do so. There are always other tantalizing options. Open up Instagram and see the lives of others, the life we could have. See the places we’re not traveling to. See the lives we’re not living. See the people we’re not dating. We bombard ourselves with stimuli, input, input, input, and we wonder why we’re miserable. We wonder why we’re dissatisfied. We wonder why nothing lasts and everything feels a little hopeless. Because, we have no idea how to see our lives for what they are, instead of what they aren’t.

And, even if we find it. Say we find that person we love who loves us. Commitment. Intimacy. “I love you.” We do it. We find it. Then, quickly, we live it for others. We tell people we’re in a relationship on Facebook. We throw our pictures up on Instagram. We become a “we.” We make it seem shiny and perfect because what we choose to share is the highlight reel. We don’t share the 3am fights, the reddened eyes, the tear-stained bedsheets. We don’t write status updates about how their love for us shines a light on where we don’t love ourselves. We don’t tweet 140 characters of sadness when we’re having the kinds of conversations that can make or break the future of our love. This is not what we share. Shiny picture. Happy couple. Love is perfect.

Then, we see these other happy, shiny couples and we compare. We are The Emoji Generation. Choice Culture. The Comparison Generation. Measuring up. Good enough. The best. Never before have we had such an incredible cornucopia of markers for what it looks like to live the Best Life Possible. We input, input, input and soon find ourselves in despair. We’ll never be good enough, because what we’re trying to measure up to just does not fucking exist. These lives do not exist. These relationships do not exist. Yet, we can’t believe it. We see it with our own eyes. And, we want it. And, we will make ourselves miserable until we get it.

So, we break up. We break up because we’re not good enough, our lives aren’t good enough, our relationship isn’t good enough. We swipe, swipe, swipe, just a bit more on Tinder. We order someone up to our door just like a pizza. And, the cycle starts again. Emoji. “Good morning” text. Intimacy. Put down the phone. Couple selfie. Shiny, happy couple. Compare. Compare. Compare. The inevitable creeping in of latent, subtle dissatisfaction. The fights. “Something is wrong, but I don’t know what it is.” “This isn’t working.” “I need something more.” And, we break up. Another love lost. Another graveyard of shiny, happy couple selfies.

On to the next. Searching for the elusive more. The next fix. The next gratification. The next quick hit. Living our lives in 140 characters, 5 second snaps, frozen filtered images, four minute movies, attention here, attention there. More as an illusion. We worry about settling, all the while making ourselves suffer thinking that anything less than the shiny, happy filtered life we’ve been accustomed to is settling. What is settling? We don’t know, but we fucking don’t want it. If it’s not perfect, it’s settling. If it’s not glittery filtered love, settling. If it’s not Pinterest-worthy, settling.

We realize that this more we want is a lie. We want phone calls. We want to see a face we love absent of the blue dim of a phone screen. We want slowness. We want simplicity. We want a life that does not need the validation of likes, favorites, comments, upvotes. We may not know yet that we want this, but we do. We want connection, true connection. We want a love that builds, not a love that gets discarded for the next hit. We want to come home to people. We want to lay down our heads at the end of our lives and know we lived well, we lived the fuck out of our lives. This is what we want even if we don’t know it yet.

Yet, this is not how we date now. This is not how we love now.

(Jamie Varon)»


Foi muito por causa destas e de outras questões que compus o tema "Dono do Teu Nariz"

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Arte, kitsch e a morraça da Joana Vasconcelos

Achei isto no Facebook e trouxe para aqui para lançar o debate...

«Haja pachorra, Joana!
Já tive mais pachorra do que tenho hoje para aturar o que não gosto. Também já tive mais dinheiro do que tenho hoje e, em compensação, menos cabelos brancos do que tenho agora. É assim a vida: vamos perdendo e ganhando coisas. Só a Joana Vasconcelos é que não ganha talento nem perde vergonha. Como diz o povo, mais vale cair em graça que ser engraçado, e com ela é isso mesmo que sucede. Há humoristas que acham que qualquer chorrilho de palavrões ditos em público tem um piadão a que ninguém resiste; a Joana Vasconcelos acha que qualquer coisinha feita em ponto grande se torna numa obra de arte. Este não é o único critério, não exageremos. Segue pelo menos um outro. Consiste em vestir qualquer objeto de croché. Compra um sapo na loja dos chineses; paga uma miséria a uma senhora na pré-reforma para que lhe faça uma espécie de preservativo em croché; veste o sapo e está a obra de arte feita. Vendem que nem pãezinhos, as galerias que o digam. Os compradores devem ser os mesmos que riem alarvemente com os palavrões ditos em público. Eu consigo apreciar menos as porcarias que ela faz que os palavrões ditos em público, mas isso sou eu, e com os gostos de cada um ninguém tem nada a ver. Nem eu diria nada não fosse ver a última diarreia da insigne artista. O galaró prantado na praia de Copacabana, putativa representação da portugalidade, roubou-me o último pingo de pachorra. Como o Brasil já foi terra de canibais não percamos a esperança: talvez ainda façam cabidela… de Joana. Enquanto fazem e não fazem, e procurando conciliar o riso alarve do palavrão com a diarreia da artista, que tal trocar o galo de Barcelos por um caralhão das Caldas?»
(Luís Cunha)


...de facto não consigo entender como e porque é que gostam tanto da "arte" dela no estrangeiro. Cá até dou e benefício da dúvida, uma vez que há tanta gente pirosa a usar desculpa para tudo "porque é kitsch" e pensando bem, há artistas a expôr fotografias de anus, esculturas de cocó e outras merdas apelidadas de arte só porque é 'trendy' ou "demasiado arrojado" para ser entendido por comuns mortais. Há arte útil como o design, arte comercial que entretém, arte contemplativa, arte especulativa... há muitos tipos de arte, sim, mas isto não sei o que lhe hei-de chamar que não seja "arte morraça"! Cá por mim a "artista" pode ir comer um cão cheio de pulgas. E ainda estou para saber se o Cavaco tem alguma obra da Joana Vasconcelos na sua marquise...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Vazio, cheio e meia benga

Uma das teorias mais controversas e paradoxais de que há memória, pelo menos desde que se lembraram de beber líquidos em recipientes de vidro - vulgo copos, principalmente tratando-se de bebidas alcoólicas, sendo que serão as que mais puxam pela imaginação, que muita gente se debate com a questão do copo estar meio cheio ou meio vazio. Filosofias à parte, consigo dar cabo deste problema em duas estocadas em jeito de frases lógicas:

- quando se enche o copo até meio, o copo está meio cheio;

- quando se enche o copo até cima e se bebe ou se vaza algum do líquido até ficar sensivelmente a meio, o copo está meio vazio.

End of discussion... ou não!

domingo, 14 de dezembro de 2014

Seinfeld, prémios e brutal honestidade

Nunca tive ídolos mas sou um profundo e convicto admirador de algumas pessoas interessantes que por aí andam ou já andaram há algum tempo.

Para mim, Jerry Seinfeld é um tipo que personifica a sofisticação que a simplicidade pode trazer, é como o peso do silêncio no meio das músicas, é a importância da observação consciente de uma sociedade cheia de podres mas que, assim como a caracterizam pela negativa, também a podem forçar a melhorar pela brutalidade que é apercebermo-nos das coisas como elas são, de facto e sem rodeios, inclusivamente até com algum humor à mistura, o que em si já é absolutamente delicioso.

Ser consciencioso é importante, fundamentar as opiniões é extremamente relevante, ser auto-crítico é determinante, mas temperar tudo isto com humor, é outro nível e há tipos assim, que minam o sistema por dentro. Este é um dos bons exemplos de alguém que aprendeu as regras do jogo e faz do jogo e das suas personagens o que quer, com frontalidade e honestidade em todos os momentos ("first learn the rules than break them like a pro"). É um tipo que conquistou a liberdade interessante que o dinheiro e o estatuto podem 'comprar' neste mundo bizarro em que parece que as coisas só fluem num sentido.

É deveras refrescante e até reconfortante perceber que há quem não inche demasiado com o dinheiro, o poder e a fama e se mantenha fiel a si próprio, sobretudo e apesar de continuar a fazer parte do jogo!

Este tipo é simplesmente genial!!


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Goucha, tribunais e falta de tacto

"Goucha Processa Estado Português"

Hoje dei com esta notícia e várias questões se levantam e me fazem confusão...

Em primeiro lugar, porque raio é que alguém no seu perfeito juízo processa um canal de televisão, tendo em conta que se trata de um programa de entretenimento que vive de monólogos tipo standup comedy, sketchs e entrevistas com convidados, sendo que, entre outros assuntos, se abordam temas como a comunicação social e figuras públicas!?

Em segundo lugar, sendo as questões da sexualidade e de género algumas das que suscitam mais arbitrariedade a nível de considerações humorísticas, ainda que considere a hipótese de haver limites até para o próprio sentido de humor, o Sr. Goucha pôs-se a jeito duas vezes: quando foi alvo de chacota no programa ‘5 Para a Meia-Noite’ e também quando perdeu em tribunal.

É que a liberdade tem destas coisas. Cada um pode ser o que bem entende e apresentar-se como lhe der na real gana, mas quando se é uma bichona doida, ao mesmo tempo apresentador (confesso que estive quase para escrever esta palavra no feminino… a equipa do “5” tem piada!) de um dos programas com mais visibilidade da televisão portuguesa e se passa grande parte to tempo a arranjar lenha para se queimar em directo e para quem quiser ver… epá, se há alguém que falta ao respeito a alguém, é o Goucha a si próprio! E isto sem nunca ter visto mais do que 5 minutos seguidos de qualquer dos seus programas na TVI – claro que no tempo da RTP e mesmo na TVI antes ter assumido a sua preferência sexual, esta questão não se punha; noutros tempos o apresentador primava pelo profissionalismo e não passava o tempo a mandar piadolas ambíguas e chalaças dúbias sobre Homossexualidade e as suas preferências sexuais, fazendo-se o centro de todas as atenções, num programa cuja audiência - ao vivo no estúdio e onde quer que alguém tenha ligado as televisões por este país fora - é maioritariamente composta por mulheres... e isto ao lado de uma loira que consegue rivalizar com a Júlia Pinheiro a nível de decibéis!! É obra!

Tenho para mim que um dia destes o Sr. Goucha ainda acaba a ser processado pela comunidade gay, mas para já está a pôr-se a jeito para ouvir outro sermão de um qualquer juiz europeu.

Esta gente não investe tempo e dinheiro noutros assuntos mais importantes como os alimentos transgénicos ou a questão da co-adopção!? Bons assuntos para serem levados ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Isto não é um problema de injustiça com base no preconceito, é um problema de estupidez com base na falta de tacto… de todas as partes envolvidas!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pais, meninas e meninos

Noutro dia um amigo meu, pai de uma menina com 3 anos e um rapaz recém-nascido nos braços, dizia orgulhoso:

- "Finalmente um 'pilas'!! ...mas atenção que adorei a experiência de ter uma menina... em todo o lado há tanta coisa e tão gira para elas, nas lojas, nos catálogos (...) fiz-lhe uma casa de bonecas com uma cozinha (...) estou sempre atento ao que diz (...) levo-a 'aqui' e 'ali'... sou um pai babado, estou a adorar!!"

Resposta pronta de vários dos homens presentes, em simultâneo e em polifonia:

- "...espera até ela ter 16 anos!!"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Paz, felicidade e redes sociais

Diz o Nobel da Paz que...

«o emprego é um tipo de escravatura porque se está às ordens de outra pessoa. Aceita-se um emprego, há horários e condições que se têm de aceitar: por isso não se é livre. Porquê escolher isso? Por que não ser livre, tomar as decisões sobre o que se quer fazer? Isso é o estado natural do ser humano. Quando se aceita um emprego começa-se por baixo. Vai-se subindo de nível, até que, no fim da vida, eventualmente se chega ao topo. Isso é uma utilização muito limitada do talento humano. Os seres humanos têm um poder criativo tão grande. Porquê perder a energia e o poder, fazendo algo que outros mandaram, e que nós podemos não gostar, só para ter um cheque ao fim do mês? Assim estamos a vender-nos. E para quê? Temos é que fazer as coisas de que gostamos. Por isso, o nosso estado natural é sermos criadores do nosso próprio emprego, sermos, nós próprios, empreendedores.

Como é que seria o mundo só com empreendedores? Não precisamos de pessoas que sigam outras?
Seria divertido, toda a gente ia adorar. Imagine que eu seria empreendedor e você também. Você precisava de mim e eu de si, teríamos uma parceria, trabalharíamos juntos. Seríamos livres. E esse seria o nosso trabalho. Faria as coisas porque queria, e não porque precisava.»

(Muhammad Yunus, artigo completo aqui...)

Entre o I think careers are a 20th century invention e the things you own end up owning you, esta lógica de 'ganhar' dinheiro para termos o que nos dizem que é importante - casa, carro, férias, gadgets... - é conducente a uma vida de escravatura, sim! Durante a nossa vida adulta passamos a maioria do nosso tempo a dormir e a sonhar com mais e melhor(es coisas) ou a trabalhar para as ter. Entre 6h de sono, que devia ser de qualidade e com total ausência de stress e 8h de trabalho que deveria ser de entrega e motivo de orgulho, investimos tanto em coisas que realmente não gostamos, para impressionar pessoas que, no mínimo, não nos interessam assim tanto e com o objectivo último e premente de nos tornarmos em algo que contraria a nossa mais intrínseca forma de ser. Na maior parte das situações até nos limitamos a nós próprios porque há regras estúpidas em jeito de 'porque sim', que nos são impostas a todo o momento por outros e por nós próprios, tanto em ambiente profissional como social. Somos demasiado exigentes com tudo e todos e isso até poderia ser bom, produtivo, desde que devidamente direccionado.

Vivemos tempos de livre e fácil acesso à informação, estando constante e frustrantemente inundados em estudos científicos, reportagens e artigos de opinião, sempre controlados pela confusão da realidade que nos apresentam, normalmente paradoxal e conflituosa... são os tempos dos treinadores de bancada, toda a gente tem direito a uma opinião... bah! Por mais ridículo que pareça, é um facto que hoje em dia é importante parecer que se tem ou que se é antes de ter ou ser. As páginas de Facebook, Twitter e Instagram iludem com um mar de selfies descontextualizadas, os blogs e o YouTube mentem descaradamente com vídeos manipulados mas ninguém liga, ou pior, entra-se numa corrida que leva a uma espiral de ilusão que não faz qualquer sentido... só 'porque sim'.

É sabido, pelo menos para alguns, que as hierarquias servem para manter o status quo e que certas instituições como as religiosas e políticas são os pilares desta falta de respeito pela humanidade na sua mais básica condição e hoje em dia já ninguém está disposto a confiar em políticos sérios ou líderes religiosos desinteressados, que são raros, mas dispõem-se motivadamente a dar poder a populistas demagogos que são produtos deste frenesim bizarro que promove a ausência de talento e o culto da mediocridade. Não importa se se é bom em alguma coisa, tem de se ser o melhor possível na arte da ilusão e ninguém se apercebe que o truque é sempre o mesmo e igual para todos. Já não há coelhos em cartolas ou cartas de jogo que surpreendam quem quer que seja, quando devíamos era surpreendermo-nos com o nível de falso interesse a que isto chegou, Já não vai havendo muita gente interessada, é tudo uma cambada de interesseiros!

Haja paciência para sobreviver a esta fase da nossa cultura ocidental (cada vez mais globalizada)... Para pegar em mais uma frase de filme: carpe diem e mente aberta!


...quem não 'apanhou', as referências: Into The Wild, Fight Club e Dead Poets Society.