segunda-feira, 11 de julho de 2005

Para o Rui...

"And so it is / Just like you said it would be / Life goes easy on me / Most of the time"

Começo este post com uns versos da música do Damien Rice que me fazem pensar em inúmeras coisas. Entre elas, uma pessoa que morreu esta madrugada. Era das pessoas mais vivas e vividas que conheci até hoje. Sempre cheio de vontade de fazer e acontecer, com aquele brilho cintilante nos olhos e um sorriso aberto e sincero. Morreu estupidamente, afectado por um cancro que começou nos pulmões. Ele fumava imenso!

Este post vem no seguimento do “Papel Decisivo” e serve para mostrar que o Rui teve um papel decisivo na minha vida, postura e forma como encaro os meus dias e o meu futuro. Recentemente vi o filme Million Dollar Baby e fez-me lembrar outro filme, Magnólia. Passo a explicar...

Ainda não “assisti” a muitas mortes, mas as que presenciei, ou pelas quais passei de perto, afectaram-me sempre. Recentemente o meu avô materno, há pouco tempo o meu cão, pouco antes disso a minha gata de dois anos que me deixou dois leais companheiros, há algum tempo um amigo de família, pouco mais tempo que isso um tio/avô, e há mais tempo o meu gato, companheiro de dez anos que morreu velhinho e fui eu que o enterrei, tal como ao cão do meu primo aqui há tempos. Isto não vos diz nada mas serve de desabafo, para mostrar que é péssimo quando se perde alguém que nos é próximo e querido. Pior ainda, quando perdemos a hipótese de estar com quem está próximo ou quando nos perdemos de nós mesmos.

A vida é uma coisa estranha e por vezes sem significado, mas vale sempre a pena ser vivida. Tenho muito respeito por quem cá está, tanto quanto por quem parte. Sei bem que não há nada depois do que sentimos e vivemos aqui. Não há ali nem mais tarde! Só há a ausência de dor e sofrimento desnecessário, como aconteceu agora, neste caso. Ninguém pode travar o caminhar para a morte, mas há outra postura que se pode ter: caminhar pela vida. Quero com isto dizer que além de se ter objectivos, expectativas e um querer chegar lá, importa também gozar a paisagem, ver umas árvores "pela janela", tirar umas notas e umas fotos, observar, reflectir... Talvez resulte melhor em inglês: a journey through life!

Há vícios que são bons de ter e isso é MESMO com cada um! Mas há vícios estúpidos que, irreflectidamente, vamos tendo e deixando estar e seguir, sem que nos apercebamos do possível e mais que provável resultado. Quando pensarem em vícios como o álcool ou o tabaco, que são, DE FACTO, as piores drogas do mercado (e legais!!!), pensem numa pessoa, que uma vez irradiava vida e depois, ainda cedo, sofria à espera do fim… e que fim estúpido, morrer-se doente! QUE FIM ESTÚPIDO!!!

Não quero ser pessimista, muito pelo contrário! Idealizo a vida como uma viagem com destino certo mas sem rumo. E cada pessoa que morre não deita abaixo. Não perco força nem vontade de viver. Faço a celebração da vida. Da minha e de quem morre. De quem parte e de quem fica. Porque a vida pertence aos que fazem por ela e a sentem.

"Get busy living or get busy dying”.

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