Uma das coisas que muita gente sabe que irrita, mas poucos terão o destemor e o desembaraço para comentar, é a forma inexplicável como aleatoriamente a pasta de dentes que já usamos há anos, a qualquer momento pode parecer que tem picante, e escusado será de referir a reacção enfurecida que este tipo de situação provoca na mais pacata criatura. Depois de uns valentes grunhidos e meia dúzia de obscenidades, lá conseguimos voltar à calma para nos questionarmos: “mas porque será que esta porcaria umas vezes pica e outras não?”. Haverá outros, como eu, que apontam as ocasiões em que isso acontece, de forma a obterem um termo de comparação para assim conseguirem perceber com que alimentos a endemoninhada da pasta de dentes poderá ou não ser totalmente compatível. Mas isto provoca outra irritação crónica, que por si só já é chata o suficiente, mas quando acumulada a uma outra poderá ser a gota de água capaz de transformar um moderado cidadão num venal mercenário, que é o facto de pontualmente escrevermos uns post-its (*) para nos lembrarmos de certas e determinadas coisas, e depois apercebermo-nos que lhes perdemos o rasto, ou estarão tão seguros que sabemos que os temos e talvez estejam todos juntos, mas sem perceber onde!? Seja como for, é interessante concebermos a ideia de que já visitámos todos os cantinhos deste planeta, já pusemos o pé na lua, conhecemos de vista o universo em quase toda a sua totalidade, mas anos depois de inventados os vários formatos de dentífricos disponíveis no mercado, ainda ninguém conseguiu entender o porquê deste curioso fenómeno, ficando a “questão da pasta de dentes” ainda por explicar.
Notas:
1. (*) com ou sem cola, com um formato predeterminado ou apenas usando restos de envelopes e folhas de rascunho, consideram-se aqui “post-its” como aqueles papelinhos onde se apontam notas
2. e esta anterior é exactamente o perfeito modelo de uma nota a colocar num postit, servindo, claro está, apenas como exemplo
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