quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adeus, o sr. do adeus e um último adeus

Sinceramente, para quem acha que estamos a enfrentar a pior crise de sempre e que isto está feio, as coisas vão ficar bem piores agora que o sr. do Saldanha faleceu. Quem é que vai dizer adeus aos transeuntes que se deslocam enraivecidos no trânsito de Lisboa? Quem irá felicitar os peões desatentos e devoradores de montras com um olá espontâneo? Agora que o sr. disse adeus pela última vez, Portugal vai ficar bem mais triste, taciturno e melancólico. Eu conversei uma vez com ele em frente ao Saldanha e, tirando o tom por demais abichanado e mais um ou outro pormenor que aqui não vou revelar, era um tipo excêntrico mas extremamente simpático e prestável. Não o fazia só por sua vontade, era a forma de tornar a vida dos outros mais positiva, nem que fosse num breve instante, respondendo sempre com surpresa, com um esgar, um sorriso ou até um palavrão incompreendido. São estes seres corajosos e desviados que dão alguma cor ao padrão social a tender naturalmente para o cinza acastanhado, quase tom de cocó. São estas almas que dão profundidade às nossas histórias e recordações. Ficarás para sempre na memória de quem te viu, de quem te ouvi, de quem te respondeu. Adeus sr. do adeus. Um grande e eterno bem-haja! Quem é o próximo...!??

(não a lerpar, mas a passar-se dos carretos... a julgar por este e outros posts, eu já estou na calha)

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