sábado, 29 de setembro de 2007

Tive de ler o manual!

Não vou sequer esboçar uma tentativa de comparação da minha geração com esta que anda agora entre os oito e os doze anos, pois não valeria o esforço. Prefiro antes explicar que no meu tempo não carecíamos de ler manuais para aprender a mexer nas coisas tecnológicas. Hoje em dia também não há necessidade de manuais, aliás, nem precisam de aprender, já nascem ensinados! Tive computador desde cedo, consola de jogos, bem primitivos é certo, mas difíceis de dominar, vídeo VHS, televisão com comando, rádio digital, relógio com cronometro, telefone de botões e mais tarde telefone portátil, e nunca precisei de recorrer a um manual de instruções ou guia de utilização, que na realidade teria sido o seu quê de complicado pois era raro o manual que tinha as instruções em inglês, quanto mais em português. A minha geração conseguiu orientar-se com todo o tipo de engenhocas sem que para isso necessitasse de ajuda, apenas afinco e determinação para compreender o que se tinha à frente e como pôr aquilo a funcionar em condições… ou com o mínimo de condições. Por muito que me custe admitir, devo fazê-lo sem grandes quezílias, pois cheguei aos meus vinte e nove anos e senti pela primeira vez a violenta necessidade de recorrer a um manual de instruções para emparelhar o auricular Bluetooth com o telemóvel e para perceber como o meu auto-rádio (comprei um carro em segunda mão que já trazia um rádio todo xpto montado, especial naquela série) “engolia” os cd’s pela ranhura. Parece ridículo não? Pois foi exactamente assim que eu me senti na altura, em três momentos distintos: quando constatei que o rádio não engolia cd’s pela ranhura, quando sucumbi à tentação e me predispus a consultar o manual, e quando finalmente me apercebi de que tudo funcionava bem e que estive muito perto de ir chatear o tipo do stand que me vendeu o carro, que me tem como alguém que sabe tudo sobre carros e os avanços tecnológicos que os caracterizam, nomeadamente ao nível da segurança, motores, gadgets, etc. – já estou a aborrecer com tanta descrição – porque, claro está, era mais uma prova de que o carro valeu o dinheiro que paguei por ele – antes enfadado, agora satisfeito e orgulhoso… não com a consulta pró-activa do manual, mas com o investimento – pois percebi que o rádio xpto come seis cd’s seis pela mesma ranhura e esta não estava disponível para engolir cd’s porque primeiro se têm de escolher as slots em que se querem inserir os ditos. Simples e fantástico, não? E tive de ler a porcaria do manual para perceber isto!

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