O post anterior fez-me pensar e ao mesmo tempo deu-me vontade de regurgitar algumas hipóteses e especulações (se tivesse escrito verdades ainda me crucificavam ou fechavam o blog). Trata-se de um assunto sério que já tenho debatido entre amigos e nem sempre é trazido para a praça pública, por razões pouco óbvias que vou tentando descortinar.
As autoridades e os jornalistas insistem em apelidar os tugas de aceleras, com alguma razão, mas há uma distinção que deve obrigatoriamente ser feita para que todos se apercebam da diferença: excesso de velocidade e velocidade excessiva não são a mesma coisa, atenção! Se não vejamos:
Seguir a 50km/h numa zona em que o limite de velocidade é 30km/h
Seguir a 110km/h numa estrada em que o limite de velocidade é 90km/h
Seguir a 140km/h numa auto-estrada em que o limite de velocidade é 120km/h
Qualquer dos cenários descritos apresentam situações de excesso de velocidade mas não necessariamente de velocidade excessiva. O conceito de velocidade excessiva depende muito de vários factores, alguns deles subjectivos:
- estado e qualidade do veículo em que se segue (pneus e pressão, travões...)
- capacidade física (idade) e instintiva (reflexos) do condutor
- estado psicológico em que se encontra o condutor (cansaço, irritabilidade, alterações químicas por drogas legais ou ilegais...)
- estado de conservação do piso (buracos, rasgões...)
- visibilidade da estrada (árvores, arbustos, cercas, vedações...)
- sinalização da via (traços no piso, sinais de trânsito...)
and last but not least... tacto do condutor! ...que, parecendo que não, nada tem a ver com a capacidade e/ou o estado psicológico em que este se encontra no momento.
Nisto tudo, o que me parece mal é misturarem nas notícias (repórteres, polícias entrevistados e conferências de imprensa por parte das várias autoridades envolvidas) um conceito com o outro e apenas dizerem que foram apanhados "X" condutores durante tal período em excesso de velocidade e que se conseguiu "Y" quantidade de dinheiro em multas. É pura demagogia e sensacionalismo barato.
Quantas pessoas que foram multadas por conduzir em excesso de velocidade seguiam em velocidade excessiva?
Quantas pessoas que seguiam em excesso de velocidade e não a velocidade excessiva sabiam efectivamente que estavam a ser filmadas e fotografadas?
Quantas das pessoas que foram multadas por excesso de velocidade estavam envolvidas nalgum tipo de acidente?
Quantas destas pessoas todas causaram alguma vez um acidente na sua vida?
Meus amigos (já pareço um político qualquer a falar)... porque é que a ASAE, o SEF, a PJ e a GNR têm tido o comportamento que se nota? Não querendo entrar na questão de um futuro, mais que provável, Estado totalitário, apenas vos deixo a seguinte consideração: além dos impostos, onde acham que este governo vai buscar o dinheiro para tapar os buracos deixados pelos anteriores e sucessivos governos? São todos uns cabrões (perdoem-me, mas não têm outro nome!) hipócritas e cínicos aprendizes de déspotas. Em vez de irem buscar o dinheiro ao bolso dos seus amigalhaços e familiares ricos, donos de bancos, seguradoras e clínicas de saúde, vão buscá-lo ao bolso dos que têm algum (classe média alta), dos que mal ou bem ainda vão tendo (classe média e média-baixa) e sempre que podem ao bolso dos que pouco ou nada têm (classe baixa). Estes último, quando não podem vão de cana e lixam-nos para a vida. Isto já para não falar dos medicamentos, das consultas e operações, das reformas, da falta de incentivos à natalidade, desemprego, entre muitas outras coisas.
Neste blog brinca-se muito, mas também se fala a sério! Espero comentários a favor, contra, ou meramente a dizer mal dos Pintos da Costa, Albertos João Jardins, Valentins Loureiros, e entre que tais. Esses estão sem dúvida na raiz de muita merda que p’raí há. É o costume, e o costume diz que "quem se lixa é sempre o mexilhão". Vá tudo a abrir a pestana-tana oh faxavor!
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