sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sacos de plástico, tilt de pescoço e filas de loucos às compras

Uma das tarefas mais empreendedoras a nível de uso de sinapses cerebrais e de derrapagens descontroladas de pensamentos voláteis é a da escolha dos sacos na altura de pagar as compras num supermercado Pingo-Doce. Em qualquer outro lado isto não chega a ser uma questão, quanto mais um problema, mas sendo que os sacos no Pingo-Doce são pagos, à medida que nos vamos aproximando da caixa começamos a pensar: "será que consigo enfiar isto tudo num saco só? ...e se se rasga?" Enquanto colocamos os produtos no tapete rolante damos continuidade ao brainstorming em jeito de monólogo a roçar a histeria controlada: "se calhar levo as latas e os frescos num e o resto vai com a garrafa noutro". Após este período fértil em teorização abstracta à la minute, lá nos decidimos: "é isso, vou dizer à senhora que quero dois sacos! Dois sacos, tal e qual!!". Mas como se todo este processo não nos fizesse chegar ao desespero, eis que outros pormenores nos deixam literalmente à beira da apoplexia: porque não conseguirmos abrir os ditos cujos enquanto os produtos já scanados se acumulam no lado de lá do tapete preto aborrachado, porque reparamos que na fila já há quem nos olhe de lado e porque o cliente imediatamente a seguir a nós, enverga aquela cara de quem pensa: "epá, calha-me sempre um destes à minha frente, é como nos semáforos! ...agora é os sacos, depois vai ser a carteira que custa a sair do bolso, não vai achar dinheiro no meio dos talões e papelada lá enfiada e por fim até o cabrão chip do cartão de multibanco vai dar problemas e eu aqui à seca enquanto o gajo se decide a tentar lembrar-se do código do outro cartão que nunca usa e tudo isto enquanto tenta ensacar apressadamente e sem jeito uma alface, três latas de atum e duas de cogumelos laminados, uma caixa de chocapic e uma garrafa de groselha... só a mim! Santa paciência!! vá a ver, minha anormalidade, mexe esse batoque e toca a despachar!!" até que se apercebe que nos conhece e, enquanto engole o sapo que nem sequer tinha deixado escapar vocalmente, mas que custa tanto como qualquer outro, deixa-se levar pela conformidade, cumprimentando timidamente com um ligeiro tilt de pescoço e usando grunhidos quase imperceptíveis, reveladores de uma de muitas coisas: a sua demência é ainda mais deprimente e preocupante do que a nossa!

2 comentários:

Terapia das palavras... disse...

e o pior e fazeres conta aos sacos e depois nao keres pedir outro e as compras nao te cabem e la vao algumas soltas..sim pk isto de se pagar os sacos poe a mente a fazer contas..afinal nos outros nao tens essa preoucupaçao..eu trago sempre muitos ..sempre os reciclo para alguma coisa..
Bom fim de semana,E nao vas as compras a um sabado de manha...e de doidos..

bj

Cristal disse...

A quantidade de sacos que preciso para as compras que faço deve ser o único cálculo que faço que sempre bate certo! Há vezes que sei mesmo que vai caber tudo certinho e que só vou levar na outra mão o pack de 6 cervejas!!!

lol, tb já dei por mim com pensamentos muito esquesitos ao lado do tapete preto e aborrachado...