quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Árvore, raízes e florescimento individual

The Tree Of Life (2011) *****

QUE COLOSSO DE FILME!!! Um elogio à fugacidade da vida, à espontaneidade da felicidade, à imponência do Universo e à estranha natureza das coisas e das pessoas. Um poema vivo, soberbo!
O filme transporta-nos de forma deliciosa, surpreendente e até simples - mas por mim nunca visionada em película - para a nossa meninice através das nossas próprias memórias de criança coladas às dos personagens.
O realizador coloca-nos num suspense muito interessante, que nos junta em três momentos diferentes da nossa existência e experiência individual - e tudo enquanto se sorve um filme com imagens, sons e paisagens cósmicas absolutamente arrebatadoras - Criança, Adulto e Progenitor.
Conseguimos recordar pormenores gravados na memória, ao mesmo tempo dando-nos felizes por sermos quem somos e por estarmos aqui, vivos, mas principalmente aceitando a responsabilidade que a Natureza (ou deus, para os menos cépticos) nos incute como seres humanos sensientes, orgulhosos de um percurso com princípio, meio e fim e sempre sem explicação ou contextualização que o justifique, porque tanto no início, como no meio e principalmente no fim, não há resposta para a pergunta mais universal de todas: porque estamos aqui!

Aprendemos qualquer coisa, ou muita até, sobre nós, sobre o nosso passado, fazendo um enquadramento sensível e sincero face ao tipo de ser humano que queremos ainda vir a ser, principalmente encarnando o personagem de progenitor... pai de alguém como nós já fomos e somos ainda!

Ali vivi o meu passado, cheio de coisas boas e menos boas, revivi a relação com os meus pais e irmão e acima de tudo perspectivei, de forma orgulhosa, e até com alguma ansiedade natural, o meu futuro como pai numa nova família, ou a extensão da que me foi... "atribuída"!
Da arte, e o cinema a este nível não é excepção, cada um retira o que quer, certo!?

Esta é uma viagem de cerca de duas horas aos e pelos sentidos, que nos toca de uma forma pouco vista nos meandros da cinematografia. Talvez só Stanley Kubrik conseguisse algo do género, mas de forma ainda mais subjectiva e abstracta. Este filme é um assombro e merece ser experienciado sem preconceitos e sem ideias feitas em relação a nós próprios e à nossa existência individual mas acima de tudo à Natureza cósmica e universal que regula e formata tudo o que conseguimos percepcionar, inteligir e imaginar.

Recomendo vivamente!

2 comentários:

E. Rosado disse...

E é aquilo que nos inspira que nos leva, por exemplo, a escrever textos fantásticos como este!!

umtesouropordia3 disse...

Fui ver este filme ao cinema com uma amiga...
Após 30 minutos de filme, estava a sala queda e muda a entreolhar-se do género "mas que raio?!". Assustou-me bastante a início, devo confessar.
Mas à medida que o filme se foi desenrolando e fomos vendo e ouvindo tudo aquilo que o compõe, começámos a perceber o porquê de tanta estranheza.
E saímos dali a fazer reflexões do género desta.