sábado, 12 de maio de 2012

Música, nacionalidade e o que há-de vir

Mais uma conversa interessante no Facebook deu origem a um post.

Esta é uma discussão que já tenho com muita gente - músicos, melómanos e apenas ouvintes - há já muito tempo e queria aproveitar este espaço para dar exposição e outro tipo de contornos a ela.

Música portuguesa não é só música em português!!
Não se deve ter esse preconceito ou incorrer nesse erro, porque há por aí muitos artistas portugueses a fazerem boa música noutras línguas. Olhem o exemplo do David Fonseca, André Indiana, Wraygunn, Blind Zero e tantos outros.

Cada um gosta do que gosta e também acho importante que se preservem estilos que marcam a nossa história como país, mas como país que abriu o mundo para ele mesmo, temos de respeitar as influências exteriores e o fenómeno da aculturação como algo positivo e producente, sob pena de nos anularmos como portugueses que somos.

Acho fantástico o que os Bicho do Mato estão a fazer (mesmo aqui ao meu lado e por amigos meus) ou o que os Dona Maria ou os Madredeus já fizeram antes. Acho muito interessante que o Fado tenha ganho outra vida nestes últimos anos com a Carminho e outros fadistas da nova geração (porque o Fado era muito conotado com o regime fascista e caiu em "desuso"), mas se fossemos por aí, rejeitando ou preterindo as influências anglo-saxónicas e norte-americanas (ou outras!), os Clã, o Jorge Palma ou mesmo o Pedro Abrunhosa não teriam chegado onde chegaram!

Já o disse muitas vezes e volto a referir que para mim só há música boa e música má. A questão dos estilos é completamente secundária ao processo criativo. A música é energia, é paixão, é sentimento e libertação e deve vir de dentro. Deve criar pontes entre pessoas sensíveis e, se possível, mudá-las para melhor. Pode até mudar o mundo! A música está em tudo o que nos rodeia, até o silêncio faz parte da música e a música do silêncio, e é A forma mais fantástica de comunicação que existe... só depois vem a Matemática!

Gosto de me assumir como músico e não ligo muito à forma instrumental ou ao veículo linguístico que utilizo nas minhas músicas, embora admite, claro, que em 20 anos que já levo como compositor de canções, raras foram as vezes em que me elogiaram pelas minhas letras. Confesso que voltei aos temas em português porque além da instrumentalidade, das ambiências e paisagens sonoras, dos arranjos vocais e das orquestrações, uma música que tenha letra, sobrevive se for compreendida, ou pelo menos aceite, por quem a ouve e embora continue a escrever em inglês, porque a minha educação musical viveu muito das referências exteriores e porque me sinto como peixe na água a fazê-lo, decidi, 20 anos depois, voltar a fazer uma incursão pela escrita em português e já recebi boas críticas ao que está aí para sair, muito em breve.

Independentemente de tudo, línguas, estilos e gostos, a Música é universal!!

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