terça-feira, 25 de setembro de 2012

Relações, frases feitas e a vida de todos os dias

Depois de algum tempo de interregno, em que andei... vá lá... de certa forma ocupado, volto ao meu cantinho no éter para os desabafos mais íntimos e devaneios insanos e descontrolados.
Durante este tempo tentei não deixar de cá vir e fui publicando coisas interessantes mas menos "minhas". Agora estou de volta e começo já a partir a loiça toda!
Saí de uma relação há poucos dias, que teimava em continuar quase que pelo seu próprio pé, e vejo-me envolvido, em alguma tristeza e mágoa, é certo, mas também em algumas conversas interessantes com amigos sobre o tema das relações, que me reforça a crença e a esperança nas possibilidades...
Perguntava-me uma amiga se eu gostava da parte da partilha do mesmo espaço, se sentia falta ou não e desenvolvi este raciocínio, que agora partilho aqui.

Eu gosto de partilhar espaço e tempo com alguém. A vida nos seus mais ínfimos e íntimos detalhes. Acho que é nessa construção que se vê se as pessoas são compatíveis. De certa forma, gosto até de apressar as coisas para chegar à fase em que realmente se partilha a vida com alguém, porque como dizia o John Lennon, 'a vida é o que nos acontece enquanto fazemos planos' e eu fartei-me de fazer projectos para um futuro que nunca chega. William Shakespeare também referiu que 'as expectativas estão na raiz de todos os males de amor' e talvez a melhor forma de estar bem e ter paz de espírito seja viver com simplicidade, dar muito, esperar pouco e amar de forma extravagante.
Nesta última relação, fartei-me de fazer planos, sendo que a esmagadora maioria ficou por concretizar, mas também vivi muita coisa interessante, importante e não menos efémera. As coisas mais simples também ficam para sempre, se as revisitarmos, claro, e é essa a minha postura. Pode parecer contraditório mas não é nenhum paradoxo.
Ir comer fora com alguém? Passear, sair à noite, ir a um barzinho, ao cinema ou até ficar em casa a jantar quando ambos se apresentam cheirosos e bem vestidos? Isso é fácil! Quem é que não se dá bem e não gosta do outro quando há atracção, interesse e ainda ninguém retirou pedaço do seu escudo ou despiu uma única peça de roupa!?
Quando o presente não se apressa e o futura não chega, é quando os envolvimentos se imortalizam. É talvez por isso, que quase toda a gente gosta mais dos inícios do que dos meios... já para não falar dos fins! Mas e intercalar os meios com os princípios de forma a nunca se chegar ao fim? Viver comprometido com o agora e de forma apaixonada cada momento que se nos apresenta, tentado fabricar boas memórias que podem ir alimentando o próprio presente, com sede de futuro, sendo esse o combustível da máquina da necessidade? Sem expectativas ou sem as deixar ganhar terreno. Não quero saber do lado solar de alguém, isso é peanuts! A mim interessa-me saber como é 'aquela' mulher na minha cama depois de acordar; a fazer uma refeição ao meu lado, de mãos sujas e a cheirar a alho; a vermos dois ou três filmes de seguida numa tarde chuvosa em que se tenta passar a perna àquela depressão mensal tipicamente feminina; a ler cada um o seu livro sem falar pelo meio mas a trocar cafunés numa rede brasileira; a ouvir música, olhando nos olhos um do outro sem proferir uma palavra, mesmo sem nos tocarmos; calcorrear paisagens de mão dada; andar de mota a engolir quilómetros num abraço apertado... é isto que me interessa e não vou desistir dessa dança, voltando assim que me conseguir pôr de pé e arranjar parceira.

1 comentário:

Unknown disse...

Será mais rápido do que pensas! É sempre assim!