terça-feira, 16 de outubro de 2012

Luta, bullying e mamas de fora

A propósito desta intervenção (em baixo) de Miguel Tiago que apanhei no Facebook, decidi responder com um texto da minha autoria que pus também a circular no FB.

"A única coisa que me chateia nos voluntarismos e circo da luta é que afastam milhares e milhares de pessoas que querem mudar as coisas mas não querem um mundo de caixotes a arder nem de apedrejamento às polícias, nem de palhaçada. Quem não vê isso não percebe um boi de unidade. Continuo a achar que a luta pela luta, o individualismo e o folclore pseudo-revolucionários são tão graves quanto a apatia e o discurso do 'são todos iguais'."

Tal como certos discursos tipo cassete, cheios de clichés démodé, sermões eloquentemente padronizados com inúmeras frases feitas desprovidas de lógica, ou sarabandas repletas de soundbites giros mas vazios de sentido prático, a postura violenta não serve de muito à mudança... pelo menos nesta fase!
Claro que tem de haver muita agressividade neste braço de ferro, mas não se pode puxar a coisa para a batalha campal a cada oportunidade que apareça. O cidadão comum não deve ser confundido com um membro de uma claque futebolística ou de uma juventude partidária. Pro-actividade, motivação e agressividade focada na alteração de posturas, atitudes e acções concretas que mostram o nosso descontentamento e indignação, não devem diluir-se em actos violentos e provocatórios. Até porque é tão fácil a quem está do outro lado, usar isso como exemplo nos jornais, noticiários, comentários e entrevistas. Mais, quando isso não acontece, estranhamente, até há membros de forças policias disfarçados e cirurgicamente colocados no meio da populaça, que o promovem em vez dos verdadeiros manifestantes para que a coisa empole e pareça diferente do que realmente foi. Vamos deixar-nos de gaiatices frustradas e fantasias desajustadas. Isto não é um concurso de bullying, um estranho Jogo da Estátua ou algum tipo de praxe académica. Quem quer partir brita ou serrar presunto que vá trabalhar para as obras ou para um matadouro. Se querem gastar energia vão correr para a estrada ou inscrevam-se num ginásio. Quem quiser mudar o mundo, tenha tacto e seja inteligente! Há que ser-se estratega e fazer por preservar o seu sentido de humor, que é coisa preciosa em tempos de crise. Porque cores esbatidas e tons cinzentos, em cima deste futuro preto que nos querem vender, não muda nada, e o vermelho apenas compõe a estética que dá alento a estes aprendizes de fascistas que nos governam actualmente, por isso vamos com calma mas combativamente determinados!

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