terça-feira, 31 de julho de 2007

Copos d’água com fartura

Não sei a quantos de vocês isto sucede, mas a mim é com farta e atulhada frequência. Digamos que sete em cada dez copos de água que bebo são sete copos a mais de água com os quais eu me engasgo. Parece caricato e grotescamente ridículo mas é verdade, e desde pequeno que isto sucede. Já tentei perceber o porquê desta situação infernal mas não consigo chegar a grande conclusão. Reuni dados suficientes que me dessem a perceber que isto só ocorre quando bebo de pé e fora das refeições, sempre com água e nunca com sumos, chás, infusões, leite ou bebidas alcoólicas (excepção feita a uma única vez em que me engasguei com Coca-Cola e além de chegar ao goto até me saiu pelas narinas… episódio para esquecer mas que parece não dar descanso à minha mente viciada em recordações divertidas). Não importa se a água está gelada, fria, natural, tépida ou quente. Se é mineral, natural, salobra ou salgada – também já se deu o caso de me engasgar com água do mar, piscina, rio e barragem, mas aí o propósito e a condição norteadora eram outros e opto conscientemente por deixar de fora desta pequena dissertação. Já tentei beber devagar e mais depressa, pausadamente e sem inspirar ou expirar durante o processo de ingestão. Já teorizei e reflecti quase até à exaustão mas sempre longe de alcançar um desfecho que me aprouvesse. Não me parece ser um problema com fundamentos sobrenaturais, mas também não se resolve com análises empíricas ou intuitivas. Não consigo perceber porquê, irrita-me mais do que os 45ºC que estiveram ontem durante o dia, e canso-me de tossir a gastar, durante os aparentemente eternos três ou quatro minutos que se sucedem após cada incidente destes e que se dão na ordem das cinco ou seis vezes por semana.

E-mails do demo!

Abro as hostilidades neste post explicando que não vou tocar na questão dos powerpoints feitos por brasileiros.
Uma vez desfeito o possível equívoco criado pelo título do post, bem como do surpreendente e quasi abrupto prólogo a abrir o post, eis que me dedico à sua normal continuação.
Recebi na minha caixa de correio electrónica, pela enésima vez, um e-mail que anunciava a futura aparição de Marte no firmamento a 27 de Agosto como se de uma segunda Lua se tratasse. Que pela sua estranha e invulgar dimensão a olho nu, causaria um espectáculo de incomparável impacto visual. A par com os tais e-mails dos cãezinhos que estão prestes a serem todos liquidados se não forem resgatados a tempo por quem queira ficar com eles, esta situação desgasta-me a paciência para além da compreensão. Que há gente imbecil com orçamento para adquirir computadores e terem internet em casa, disso não haja qualquer sombra de dúvida – há até gente capaz de coisas muito piores, como votar, ler jornais e ver noticiários na televisão e considerarem-se desoprimidamente instruídas e decisoras do seu próprio destino – agora que eu tenha no meu leque de conhecimentos pessoas ignorantes, capazes de repassar e-mails idiotas, inicialmente sem fundamento e infinitamente repetidos, até à exaustão sem por isso darem conta como se se dessem a esse “trabalho”, tarefa que requer um mínimo de atenção, sem perceber o que lhes chegou e aquilo que ajudaram a fomentar, por muito ingénuo que o resultado possa parecer, isso já me faz alguma espécie. Leiam porra!!! …e se não for demasiado incómodo, pensem um bocadinho.
Gosto muito de tudo o que envolva a Astronomia e demais ciências exactas que a esta se associem no verdadeiro espírito da multidisciplinaridade, bem como de animais, principalmente os menos afortunados, agora este tipo de e-mails tem de acabar.

Dicas para acabar com esta calamidade:
1. leiam tudo, sempre
2. pensem, uma migalha que seja
3. datem os mails quando são vocês a compô-los ou a repassá-los
4. não andem p’raí a dormir!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ingmar Bergman

Hoje morreu um dos maiores cineastas de todos os tempos, talvez agora venha a saber in loco a verdade sobre o 7º Selo. Se não viram ainda filmes dele, vejam que vale a pena!

domingo, 29 de julho de 2007

Medo, liberdade e um texto fantástico

Tenho receio que se afastem deste texto por ser extenso, mas sem dúvida que vale a pena lê-lo, porque nos põe a pensar. Mais do que outra coisa qualquer, pensar e reflectir é irreversivelmente sinónimo de observar atentamente e criticar, mesmo que fique tudo guardado dentro de nós.

É importante que não deixemos cair certos e bons hábitos. LEIAM, PENSEM, FALEM, FAÇAM UM BLOG!!!

Utilizando uma frase mítica do cinema e do nosso imaginário, e uma outra da publicidade de uma marca conhecida, "fear is the path to the dark side", "have no fear".

grande abraço


Contra o Medo, Liberdade
Manuel Alegre

Nasci e cresci num Portugal onde vigorava o medo. Contra eles lutei a vida inteira. Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público. Casos pontuais, dir-se-á.

Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE. Casos pontuais em si mesmos inquietantes. E em que é tão condenável a denúncia como a conivência perante ela.

Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária. As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e de quê? Talvez os fantasmas estejam na própria sociedade e sejam fruto da inexistência de uma cultura de liberdade individual.

Sottomayor Cardia escreveu, ainda estudante, que "só é livre o homem que liberta". Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e a ameaçar a liberdade dos outros. Ora isso é o que nunca pode acontecer em democracia. E muito menos num partido como o PS, que sempre foi um partido de homens e mulheres livres, "o partido sem medo", como era designado em 1975. Um partido que nasceu na luta contra a ditadura e que, depois do 25 de Abril, não permitiu que os perseguidos se transformassem em perseguidores, mostrando ao mundo que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair noutra ditadura de sinal contrário.

Na campanha do penúltimo congresso socialista, em 2004, eu disse que havia medo. Medo de falar e de tomar livremente posição. Um medo resultante da dependência e de uma forma de vida partidária reduzida a seguir os vencedores (nacionais ou locais) para assim conquistar ou não perder posições (ou empregos). Medo de pensar pela própria cabeça, medo de discordar, medo de não ser completamente alinhado. No PS sempre houve sensibilidades, contestatários, críticos, pessoas que não tinham medo de dizer o que pensam e de ser contra quando entendiam que deviam ser contra. Aliás, os debates desse congresso, entre Sócrates, eu próprio e João Soares, projectaram o PS para fora de si mesmo e contribuíram em parte para a vitória alcançada nas legislativas. Mas parece que foram o canto do cisne. Ora o PS não pode auto-amordaçar-se, porque isso seria o mesmo que estrangular a sua própria alma.

Há, é claro, o álibi do Governo e da necessidade de reduzir o défice para respeitar os compromissos assumidos com Bruxelas. O Governo é condicionado a aplicar medidas decorrentes de uma Constituição económica europeia não escrita, que obriga os governos a atacar o seu próprio o social, reduzindo os serviços públicos, sobrecarregando os trabalhadores e as classes médias, que são pilares da democracia, impondo a desregulação e a flexigurança e agravando o desemprego, a precariedade e as desigualdades. Não necessariamente por maldade do Governo. Mas porque a isso obriga o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) conjugado com as Grandes Orientações de Política Económica. Sugeri, em tempos, que se deveria aproveitar a presidência da União Europeia para lançar o debate sobre a necessidade de rever o PEC. O Presidente Sarkozy tomou a iniciativa de o fazer. Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este que condiciona e espartilha em grande parte a acção do seu Governo.

Não vou demorar-me sobre a progressiva destruição do Serviço Nacional de Saúde, com, entre outras coisas, as taxas moderadoras sobre cirurgias e internamentos. Nem sobre o encerramento de serviços que agrava a desertificação do interior e a qualidade de vida das pessoas. Nem sobre a proposta de lei relativa ao regime do vínculo da Administração Pública, que reduz as funções do Estado à segurança, à autoridade e às relações internacionais, incluindo missões militares, secundarizando a dimensão administrativa dos direitos sociais. Nem sobre controversas alterações ao estatuto dos jornalistas em que têm sido especialmente contestadas a crescente desprotecção das fontes, com o que tal representa de risco para a liberdade de imprensa, assim como a intromissão indevida de personalidades e entidades na respectiva esfera deontológica. Nem sobre o cruzamento de dados relativos aos funcionários públicos, precedente grave que pode estender-se a outros sectores da sociedade. Nem ainda sobre a tendência privatizadora que, ao contrário do Tratado de Roma, onde se prevê a coexistência entre o público, o privado e o social, está a atingir todos os sectores estratégicos, incluindo a Rede Eléctrica Nacional, as Águas de Portugal e o próprio ensino superior, cujo novo regime jurídico, apesar das alterações introduzidas no Parlamento, suscita muitas dúvidas, nomeadamente no que respeita ao princípio da autonomia universitária.

Todas estas questões, como muitas outras, são susceptíveis de ser discutidas e abordadas de diferentes pontos de vista. Não pretendo ser detentor da verdade. Mas penso que falta uma estratégia que dê um sentido de futuro e de esperança a medidas, algumas das quais tão polémicas, que estão a afectar tanta gente ao mesmo tempo. Há também o álibi da presidência da União Europeia. Até agora, concordo com a acção do Governo. A cimeira com o Brasil e a eventual realização da cimeira com África vieram demonstrar que Portugal, pela História e pela língua, pode ter um papel muito superior ao do seu peso demográfico. Os países não se medem aos palmos. E ao contrário do que alguém disse, devemos orgulhar-nos de que venha a ser Portugal, em vez da Alemanha, a concluir o futuro Tratado europeu. Parafraseando um biógrafo de Churchill, a presidência portuguesa, na cimeira com o Brasil, recrutou a língua portuguesa para a frente da acção política. Merece o nosso aplauso.

O que não merece palmas é um certo estilo parecido com o que o PS criticou noutras maiorias. Nem a capacidade de decisão erigida num fim em si mesma, quase como uma ideologia. A tradição governamentalista continua a imperar em Portugal. Quando um partido vai para o Governo, este passa a mandar no partido, que, pouco a pouco, deixa de ter e manifestar opiniões próprias. A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude. Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, as alternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdade diz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdade de crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente. Qualquer deriva nesta matéria seria para o PS um verdadeiro suicídio. António Sérgio, que é uma das fontes do socialismo português, prezava o seu "querido talvez" por oposição ao espírito dogmático. E Antero de Quental chamava-nos a atenção para estarmos sempre alerta em relação a nós próprios, porque "mesmo quando nos julgamos muito progressistas, trazemos dentro de nós um fanático e um beato". Temo que actualmente pouco ou nada se saiba destas e doutras referências. Não se pode esquecer também a responsabilidade de um poder mediático que orienta a agenda política para o culto dos líderes, o estereótipo e o espectáculo, em detrimento do debate de ideias, da promoção do espírito crítico e da pedagogia democrática. Tenho por vezes a impressão de que certos políticos e certos jornalistas vivem num país virtual, sem povo, sem história nem memória. Não tenho qualquer questão pessoal com José Sócrates, de quem muitas vezes discordo mas em quem aprecio o gosto pela intervenção política. O que ponho em causa é a redução da política à sua pessoa. Responsabilidade dele? A verdade é que não se perfilam, por enquanto, nenhumas alternativas à sua liderança. Nem dentro do PS nem, muito menos, no PSD. Ora isto não é bom para o próprio Sócrates, para o PS e para a democracia. Porque é em situações destas que aparecem os que tendem a ser mais papistas que o Papa. E sobretudo os que se calam, os que de repente desatam a espiar-se uns aos outros e os que por temor, veneração e respeitinho fomentam o seguidismo e o medo. Sei, por experiência própria, que não é fácil mudar um partido por dentro. Mas também sei que, assim como, em certos momentos, como fez o PS no verão quente de 75, um partido pode mobilizar a opinião pública para combates decisivos, também pode suceder, em outras circunstâncias, como nas presidenciais de 2006 e, agora, em Lisboa, que os cidadãos, pela abstenção ou pelo voto, punam e corrijam os desvios e o afunilamento dos partidos políticos. Há mais vida para além das lógicas de aparelho. Se os principais partidos não vão ao encontro da vida, pode muito bem acontecer que a recomposição do sistema se faça pelo voto dos cidadãos. Tanto no sentido positivo como negativo, se tal ocorrer em torno de uma qualquer deriva populista. Há sempre esse risco. Os principais inimigos dos partidos políticos são aqueles que, dentro deles, promovem o seu fechamento e impedem a mudança e a abertura. Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: "Entre nós e as palavras, o nosso dever falar." Agora e sempre contra o medo, pela liberdade.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Disparates da publicidade

Hoje não vou escrever muito, limito-me a deixar-vos um cardápio de exemplos dos mais variados disparates (entenda-se mentiras ou exageros) que a publicidade traz até nós, esperando convencer-nos a comprar algo que muitas vezes nem queremos ou precisamos, mas que acabamos por apreender como sendo uma necessidade ou algo que vale a pena, mais não seja, experimentar. Acho a Publicidade uma forma arte muito interessante, mas é um perigo em potência, especialmente nas mãos erradas!

L-Casei imunitas
actilase
bio-alcool
bio-eficácia
bífidos activo
bifidos acti-regularis
saking soda
sabão natural
glutões
abas protectoras
...duo-activo
micro-ceras de frutos
hydra-caracóis
"água com sabor a água"
Omega 3

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Até já!

As minhas mais sinceras desculpas a quem segue regularmente este blog, mas a tríade trabalho, casa e banda tem-me ocupado todo o tempo disponível e o blog tem sido preterido. São três coisas que me ocupam muito tempo, mas resulta sempre proveitoso e bem investido. A par de tudo isto também vem o descanso, mas o meu covil dá muito que fazer e pouco é o tempo que gasto a dormir. Sempre que chego a casa tenho de ligar o programa “Fada do Lar”, pois há qualquer coisa que deixei por fazer, loiça, roupa, etc., ou que precisa de ser resolvida. Agora descobri que uma pessoa que vive sozinha, por força das circunstâncias, acaba por deixar estragar comida. É de lamentar que isto aconteça, mas os supermercados são os maiores culpados, uma vez que vendem mais coisas em pacotes e menos à unidade. No decorrer desta semana, diariamente apareciam coisas a cheirar mal na minha despensa. Primeiro as batatas, depois os alhos e finalmente as cebolas. Depois passou à cozinha, mais propriamente ao frigorífico, com o queijo fresco e o arroz branco que passarem ambos do prazo de validade dentro dos respectivos tupperwares. A julgar pelo ritmo de degradação e pelo padrão observado, daqui a três ou quatro dias chega ao quarto, mas se eu nunca me esqueço de colocar as meias no cesto da roupa suja, não estou bem a ver o que poderá apodrecer por lá… Viver sozinho e ter uma casa é muito bom mas dá trabalho demais para uma pessoa só. Seja como for, gosto e ando satisfeito!
Agora vou voltar à carga no que aos posts diz respeito. Até já…
…em vez de começar outro post, pego já neste e na típica expressão que quase terminava este post:
Até já é uma expressão que me agrada, é simpática, mas se for utilizada na altura certa e sem abuso, caso contrario até pode tornar-se banal e irritar as mentes mais sensíveis. Há quem, como o meu pai, se despeça com “ate já” como se fosse accionista da TMN, e depois há outros que pouco ou nada dizem ou apenas um banal “porta-te bem” ou um sempre político “hasta”. Por falar em TMN, hoje ligaram-me a dar a novidade de um novo serviço de internet gratuito durante 30 dias a experimentar no telemóvel, e no fim despediram-se, como não podia deixar de ser, com um rotundo e animado “até já”, tal como os tipos da Worten com o “wortem sempre”. Como já passavam das 20h e me apeteceu brincar com a situação (normalmente descarrego as minhas frustrações diárias em cima das operadoras de telemarketing dos bancos e seguradoras), quando a menina se despediu com “até já”, eu respondi: "até já não! Não me diga que me voltam a ligar às nove da noite, por hoje já chega, até amanhã!”. Ela riu-se e eu também. Este foi dos poucos telefonemas do género que correu bem. Normalmente tenho de lhes dizer vezes sem conta, enquanto dura o martírio do telefonema, que não preciso daquilo, ou que não estou disposto a experimentar. Eu sei que é um trabalho duro e até ganham pouco para o que fazerm, mas a mim tira-me do sério.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sexta-feira 13

Nas palavras sábias do grande Sérgio Godinho, digo-vos que "não sou supersticioso, dá azar ser supersticioso"!
Já estivemos mais longe do tempo em que a ta-feira 13 será mais um motivo para as grandes superfícies e marcas lucrarem com a ingenuidade e curiosidade do povo. Depois do Dia de S. Valentim e outros do género, este dia está mesmo na calha da degradação comercial e consumista, está-se mesmo a ver. Um dos indicadores disso mesmo é as feiras do oculto que se realizam um pouco por todo o país nestas alturas. Cada vez mais as pessoas se interessam pelo sobrenatural, pelas mesinhas e pelas sempre abundantes dicas de videntes e pseudo-profetas. Fazendo um real e comprometido esforço por não opinar muito sobre este fenómeno, só me apraz dizer que acho um tanto ridículo que haja feiras sobre o oculto, até porque aquilo que era anteriormente reservado, depois de divulgado, passa necessária e consequentemente a estatuto de revelado.

Os palhaços também têm dias tristes...

Este post é dedicado a um amigo meu que perdeu o pai nestes últimos dias.
A vida é madrasta, tem coisas bonitas que valem a pena serem preservadas e experienciadas, mas no dia-a-dia apercebemo-nos muitas vezes de haver pormenores que parecem deitar tudo a perder... e não é verdade! A morte faz parte da vida e do processo de evolução e amadurecimento, embora custe ver partir alguém, principalmente quando parecia ainda não estar bem no tempo. E haverá tempo para morrer? Para viver há de certeza, e esse é contado ao segundo. Felizmente ainda não morreu ninguém muito próximo de mim. Considero-me verdadeiramente afortunado por isso e mesmo partilhando da dor dos amigos e familiares que perdem alguém, não sei bem como isso funciona. Posso estar aqui com grandes balelas e depois é que vou ver como é! Um dia destes saberei de certeza como se sente alguém nessa situação, mas se me permites gostaria de te dar força e esperança.
A maioria das pessoas que passam pelas nossas vidas não deixam grandes marcas, é verdade, mas há aquelas especiais que as deixam e de forma indelével. Essas são as que nos ajudam, as que nos vêm ou fazem crescer, aquelas com quem partilhamos aventuras, gostos e desgostos. São as individualidades que vale a pena conhecer e de facto quando desaparecem, deixando de existir perto de nós ou em si mesmas, porque as vidas se complicam ou simplesmente se extinguem, deixam-nos uma profunda e intensa sensação de perda. Isso é mau no momento mas é reflexo do que elas nos deixam depois de partir, e uma vez cicatrizada a ferida, levando o tempo que for preciso, nós devemos sentir a força que essa pessoa significa para nós. Podemos e devemos celebrar a existência das outras pessoas mesmo depois delas já não existirem mais fisicamente, pois porque de tempos a tempos, ou todos os dias, a nossa memória irá oferecendo-nos recordações simpáticas dessas pessoas e do que elas significam para nós. É bom não esquecer, ajustando os níveis de saudade para um estado saudável que nos permita ter sempre um pedacinho dessas pessoas connosco.
Eu abomino a forma como certas religiões tratam do fenómeno da morte, e na nossa sociedade pouco espaço há para os que não acreditam em deus, não querem velar os mortos ou não querem cerimónias típicas ou tradicionais. Parece-me que violentam os que cá ficam com o exagerado tratamento que dão aos que partem… e depois há a chulice do costume, mas isso são outros quinhentos. No fundo o que eu quero dizer é que me custa ver a forma deprimente e depressiva como se trata de uma coisa que é tão natural como a própria vida, mas de facto há muito pouca naturalidade no que há própria vida diz respeito neste sistema e nesta sociedade a caminho da decadência. Eu acho que depois deste momento obviamente triste, vais ver que tudo se encaixa e cai em perspectiva, mas até lá, e depois, tens em mim tudo de bom e menos bom que um amigo pode oferecer a outro. Um grande abraço e força!

domingo, 8 de julho de 2007

Programas típicos de domingo

Tudo o que a um domingo diz respeito eu compreendo excepto a má programação. Sair de casa, passear com a família ou os amigos, dar uma volta de mota ou descapotável, ir ao Jardim Zoológico ver os desgraçados dos bichos enclausurados e tristes enquanto os putos se brigam contentes por um saco de pipocas, ver um jogo de futebol ou qualquer outro espectáculo, pesca, caça, descansar e curtir uma sesta no alpendre… tudo feito no seu ritmo. Isso eu percebo e até aprecio alguns desses programas típicos de fim-de-semana, só não entendo o porquê da má programação da televisão e principalmente os filmes maus. Será para castigar quem fica em casa? Que não merece melhor por não ter arranjado melhor programa? E pior, porque é que quando ficamos em casa a ver televisão, sozinhos ou acompanhados, nos deixamos ficar até ao fim de um filme mau, independentemente do canal em que passa, quer tenha intervalos ou não, e não decidimos dormir, ler um livro, jogar computador, seja o que for!? Parece ridículo mas é mesmo assim! Não sei porque processos passa o meu raciocínio lógico enquanto estou a ver televisão ao fim-de-semana, mas posso garantir que não me sinto eu mesmo durante esse tempo. Faz-me lembrar uma frase do Calvin & Hobbes de uma tira da banda-desenhada:

O Calvin ajoelha-se frente à televisão, ainda desligada, e com os braços esticados para a frente e a cara quase encostada ao tapete profere a seguinte frase:
- “Oh altar do entretenimento passivo, concede-me as tuas imagens incongruentes a uma tal velocidade que torne o pensamento linear impossível…”
Segundos depois, senta-se e ali fica a ver o que está a dar.


É mesmo esta a questão e com tanto canal que há hoje em dia até parece ridículo, irónico talvez, mas ficamos muitas vezes frente à televisão a ver o que dá e não necessariamente a ver o que queremos.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

7/7/7

Este número não vos diz nada? Será por ser mais uma capicua (demasiado redonda e redundante, por sinal), uma versão moderna da numeração luciferina ou porque significa prémio para quem costuma arrastar o traseiro pelos bancos das slot machines dos casinos? Nada disso! Para quem ainda não reparou na intensa e exagerada publicidade que a TVI, o, Continente e toda a corja a eles associados têm feito para promover o evento da escolha das novas 7 Maravilhas do Mundo, e só pode ser cego ou muito distraído, é o dia que significa o fim da tortura. Ele é jogadas de Marketing, manobras publicitárias e esquemas comerciais ao mais alto nível para nos fazer ir ao Estádio da Luz sem haver jogo ou assitir em casa pela televisão no referido canal, para que possamos assistir em directo ao veredicto final. A princípio achei uma certa piada, até fui ao site votar e tal, mas agora, depois de tamanho enjoo, já não posso ouvir falar nisso. Estou desejando que chegue a hora de almoço do próximo domingo dia 8 para saber o que foi escolhido, porque confesso estar curioso, e voltar a cara contra a almofada do sofá para me dedicar à sorna. Quanto às maravilhas de Portugal nem me interessa, e ver o Ben Kingsley descer tão baixo ao ponto de co-apresentar um evento à escala mundial ao lado do Goucha, por favor! Bem, seja como for, já faltou mais.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Ainda a xinfrineira das registadoras

Bem, hoje fui ao Lidl fazer compras e comparando com o Pingo Doce, não havia grande barulheira de apitos das caixas registadoras, o engraçado é que parecia uma orquestra meio desafinada. Cada uma das cinco caixas abertas tinham o apito do leitor de código de barras afinado no seu tom, o que fazia parecer uma música bizarra mas interessante. Pena que os preços do Lidl estejam a subir, uma vez que já conquistaram o seu lugar no mercado, porque é dos sítios onde gosto mais de fazer compras. É uma experiência sociológica engraçada, quase parece que estamos noutro país, e de corredor para corredor muda a língua ou o sotaque. Aconselho vivamente as seguintes compras: bolachas, chocolates, aperitivos, yogurtes, detergentes e outras coisas para a cozinha e wc. Lidl rula!

relembro:
As caixas registadores e os apitos infernais

quarta-feira, 4 de julho de 2007

As coisas que me vêm à cabeça logo de manhã

Hoje acordei com esta frase na cabeça: "Kalima shaptidê... kalima shaptidê!!"

terça-feira, 3 de julho de 2007

Tecnologia e gadgets bons Vs. Coisas mal pensadas

A tecnologia e os avanços científicos têm trazido até nós as coisas mais fantásticas no mundo automóvel. Todo o tipo de dispositivos de segurança, motores mais económicos e potentes, vantagens em termos ecológicos e ambientais, entre outras coisas. Ele é caixas de sete e oito velocidades, abs, airbags, controlo de tracção e estabilizadores de direcção, leitores de dvd, gps, informação holográfica no vidro da frente, câmaras de vídeo de infra-vermelhos, sensores de estacionamento, e todo o tipo de gadgets. Mas o que me irrita solenemente é a porcaria da buzina no volante! Quem foi que se lembrou disso? Ajeito o cinto enquanto estou parado numa passadeira cheia de gente e buzino sem querer, estaciono o carro encostado a uma parede e preciso de passar por cima do travão de mão e da manete das mudanças para sair pela porta do lugar do morto e buzino sem querer, faço uma travagem brusca numa descida e buzino sem querer… epá, assim de repente acho que a buzina no volante só dá jeito para os chicos espertos, os que são e gostam de barafustar com tudo e todos, e os que não são e precisam de chamar a atenção dos que são. Não dá jeito!