sexta-feira, 13 de julho de 2007

Os palhaços também têm dias tristes...

Este post é dedicado a um amigo meu que perdeu o pai nestes últimos dias.
A vida é madrasta, tem coisas bonitas que valem a pena serem preservadas e experienciadas, mas no dia-a-dia apercebemo-nos muitas vezes de haver pormenores que parecem deitar tudo a perder... e não é verdade! A morte faz parte da vida e do processo de evolução e amadurecimento, embora custe ver partir alguém, principalmente quando parecia ainda não estar bem no tempo. E haverá tempo para morrer? Para viver há de certeza, e esse é contado ao segundo. Felizmente ainda não morreu ninguém muito próximo de mim. Considero-me verdadeiramente afortunado por isso e mesmo partilhando da dor dos amigos e familiares que perdem alguém, não sei bem como isso funciona. Posso estar aqui com grandes balelas e depois é que vou ver como é! Um dia destes saberei de certeza como se sente alguém nessa situação, mas se me permites gostaria de te dar força e esperança.
A maioria das pessoas que passam pelas nossas vidas não deixam grandes marcas, é verdade, mas há aquelas especiais que as deixam e de forma indelével. Essas são as que nos ajudam, as que nos vêm ou fazem crescer, aquelas com quem partilhamos aventuras, gostos e desgostos. São as individualidades que vale a pena conhecer e de facto quando desaparecem, deixando de existir perto de nós ou em si mesmas, porque as vidas se complicam ou simplesmente se extinguem, deixam-nos uma profunda e intensa sensação de perda. Isso é mau no momento mas é reflexo do que elas nos deixam depois de partir, e uma vez cicatrizada a ferida, levando o tempo que for preciso, nós devemos sentir a força que essa pessoa significa para nós. Podemos e devemos celebrar a existência das outras pessoas mesmo depois delas já não existirem mais fisicamente, pois porque de tempos a tempos, ou todos os dias, a nossa memória irá oferecendo-nos recordações simpáticas dessas pessoas e do que elas significam para nós. É bom não esquecer, ajustando os níveis de saudade para um estado saudável que nos permita ter sempre um pedacinho dessas pessoas connosco.
Eu abomino a forma como certas religiões tratam do fenómeno da morte, e na nossa sociedade pouco espaço há para os que não acreditam em deus, não querem velar os mortos ou não querem cerimónias típicas ou tradicionais. Parece-me que violentam os que cá ficam com o exagerado tratamento que dão aos que partem… e depois há a chulice do costume, mas isso são outros quinhentos. No fundo o que eu quero dizer é que me custa ver a forma deprimente e depressiva como se trata de uma coisa que é tão natural como a própria vida, mas de facto há muito pouca naturalidade no que há própria vida diz respeito neste sistema e nesta sociedade a caminho da decadência. Eu acho que depois deste momento obviamente triste, vais ver que tudo se encaixa e cai em perspectiva, mas até lá, e depois, tens em mim tudo de bom e menos bom que um amigo pode oferecer a outro. Um grande abraço e força!

5 comentários:

Mauro disse...

OBRIGADO! Pela força, pelo apoio...Por seres meu amigo, enfim!Concordo com tudo o que dizes. De facto, a morte, mais do que algo intrínseco à vida, acaba por perder a naturalidade através do leque de rituais que, social e culturalmente, todos nós acabamos por tratar o fenómeno. Se morre alguém somos obrigados a usar preto, a levar flores e a chorar baba e ranho. Pior: as pessoas julgam aferir o que sentimos pela pessoa que nos deixa através da quantidade de preto que usamos, do tamanho das flores que levamos e do número de horas que levamos a chorar bem como do volume sonoro associado...As criticas nunca são claras mas sim em surdina, de forma hipócrita.Sente-se a reprovação no olhar das pessoas, sente-se que vão a um velório ou funeral como se de uma feira de vaidades se tratasse! Vão lá para...JULGAR! Como se se pudesse medir dessa forma a saudade e o quanto gostamos de alguém...Vou continuar a viver de forma alegre como o meu pai era e como ele, de certeza, quereria!
ADEUS PAI!

Marta disse...

Isso amigo kido! Continua assim com essa força e alegria de viver que, pelo jeito, herdaste desse grande ser humano que é o teu pai!
Ninguém está dentro de nós e consegue avaliar o que sentimos, mas os amigos não nos julgam!
Faz, diz, sente o que te apetecer, que connosco, os AMIGOS, contarás SEMPRE!!!
Beijão enorme!

Patricia disse...

Cmo n poderia deixar d ser, subscrevo td o q foi dito anteriorment. Considero q o humanismo patent na nossa sociedad é cd vez mais depriment e feito das aparências. Mas onde estará escrito cmo devem ser sentidas a dor, a saudade, a tristeza e a angústia d perder alguém? Nos livros? Nakels powerpoints fantásticos q recebemos diariament na nossa caixa d correio acerca da felicidad ou do espiritismo e bem-estar pessoal? Estou consciente q tendemos a comportar-nos conform o q é socialment correcto e sobretudo d acordo com as expectativas q, d forma por vezes tão injusta, são depositadas em nós. Não obstante, isso nunca poderá pôr em causa akilo q somos bem como os princípios norteadores da nossa existência. Deixemos as hipocrisias para o contexto laboral ou político, em q temos q levar todos os dias, cm um número infindável d "sorrisos amarelos" e palmadinhas nas costas!

Amor, ainda q n conseguiss atenuar o sofrimento q urgia dentro do teu coração, acompanhei-t, a par e passo, ness penoso processo, marcado por uma enorme ambivalência d sentimentos, bem como por um desgast físico e psicológico esmagadores. N o fiz para mostrar aos outros q sou 1 boa namorada, n o fiz pq era a minha obrigação, n o fiz para q gostasses mais d mim, n o fiz para ser aceite pela tua família. Fi-lo apenas pq eu t amo e pq kero estar do teu lado em todos os momentos da tua vida. Fi-lo pq,tb eu, perdi um elemento da minha nova família. Enfim... fi-lo pq o senti...
Mais do q um hino ao AMOR, estas palavras reflectem a certeza dos afectos q nutrimos pelas pessoas q foram e são essenciais à nossa vida, e isso... ninguém nos pode tirar.
Continua a ser a pessoa fabulosa q és e caminha d cabeça levantada com o orgulho q eu, o teu pai e todos temos por ti.
Mta força e já sabs... estarei aki para o q precisars.
Beijos do tamanho do mundo.

Mauro disse...

OBRIGADO!! Sem palavras...

Gandim disse...

quem fala assim... fico feliz por saber que estás bem acompanhado Mauro, é inteiramente merecido!
Patrícia: ainda não te conheço e já subiste ao topo da minha consideração. Cuida bem desse menino!