domingo, 28 de outubro de 2007

O tempo muda ou somos nós que (o) mudamos?

Esta noite mudou o tempo, aliás, a hora, o que é sempre um conceito e um processo de alteração da realidade perceptível, profundamente interessante. Assim que me levantei, ainda meio estremunhado e com a visão desfocada, pensando que já era meio dia, o que me dava muito pouco tempo de descanso no conforto do meu sofá da sala e me fazia ganhar consciência de que me deveria ir dirigindo para a cozinha por forma a ir preparando o que viria a ser, horas mais tarde, uma amostra pouco recomendável de um almoço, deparei de imediato com o brilho ofuscante do relógio do meu pouco utilizado vídeo VHS - que é automático nestas mudanças e acertos horários, pois que se liga ao teletexto, coisa que nunca percebi para que serviria até chegar ao meu primeiro equinócio de Inverno com este aparelho fantástico na minha sala, reparando neste extraordinário e mui útil pormenor - que me dizia que ainda eram apenas 11h. Passados alguns minutos no refastelo do meu sofá, recordei mais um episódio caricato dos meus tempos de adolescente.

Quando era puto, por volta dos 14 anos, uma das coisas que me dava real gozo era voltar para casa à noite fora do horário de chegada, pré-estabelecido em conversa com os meus pais, e chamar-lhes à atenção de que estava a cumprir integralmente o combinado, apenas que o horário tinha mudado. Para um típico adolescente com o normal respeito pelos seus progenitores, mas também com a emergente vontade de desafiar o estabelecido, isto era o culminar de muito tempo de espera e poder realmente desafiar a autoridade, sem que isso resultasse em qualquer tipo de sermão ou castigo. A chamada chapada de luva!

No Verão perdia-se uma hora, mas no Inverno era a loucura total. Mais uma hora para estar na rua com os amigos, ou nos copos com os amigos, ou na jogatana com os amigos, ou na cantoria e guitarrada com os amigos, ou na conversa com os amigos, ou aos beijos com as amigas. Belos tempos! Cerca de 30 minutos depois, muitas imagens deliciosas que passaram pela minha mente e todo um processo árduo de compilação, síntese e escrita, num portátil que me aquece as pernas mas que já vai sabendo bem porque o tempo, melhor, o clima, também está a mudar e ainda não tenho os meus gatos a viver comigo para me aquecerem e a manta que comprei no Ikea não é de lã e não aquece assim tanto, mas também quem me manda a mim estar de boxers e t-shirt numa altura destas em que acho que esta frase já vai chata e comprida demais para um razoável entendimento da minha escrita maluca, eis que me levanto a caminho da cozinha... bom resto de fim de semana.

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