quinta-feira, 12 de junho de 2008

Confissões, aspiradores e toda a morraça de um quintal

Tenho andado intrigado com algo que descobri recentemente. Um tipo solteiro tem de aturar muita coisa, principalmente quando se arma em fada do lar. Da lavagem da roupa à loiça, do passar a ferro à confecção de pratos e petiscos, da manutenção do chão à limpeza das prateleiras infestadas de pó, há de tudo um pouco para nos moer o juízo e impedir o descanso. Tenho investido em maquinaria para me ajudar nas lides domésticas, mas a mais recente aquisição, que por acaso até foi oferta, veio a revelar-se uma verdadeira tragédia. O aspirador portátil foi-me por demais recomendado como um dos melhores utensílios que se pode ter em casa. Pois que ajuda bastante a manter a casa limpa e evita termos de recorrer a toda a hora à vassoura e à pá ou ao aspirador grande, que nem sempre dá jeito tirá-lo do fundo da dispensa, acrescentar-lhe os vários módulos e adaptadores, esticar o fio e ligá-lo à corrente. De facto dá muito jeito, mas acabei por me tornar refém e escravo do cabrão do aspirador portátil! Passo o tempo todo de cu para o ar a aspirar desenfreadamente como aqueles loucos que procuram moedas e colares na areia da praia. Vejo um jeitoso conjunto de migalhas que se largaram da toalha da mesa quando a levantei, vou buscar o furioso e quando me agaixo para libertar o seu poderoso poder de sucção - sem esta potente redundância a piada perderia todo o seu poderio - acho um novelo de cotão debaixo daquele armário, ou um conjunto de pelos de gato junto do tapete da entrada - e eu nem sequer tenho gatos em casa - ou o que resta de duas pétalas das flores que tenho no quintal, ou pedaços já meio desfeitos das putas das bagas da árvore que está mesmo em frente ao quintal e dá uma valente sombra mas que caga morraça o ano inteiro, ou a porcaria dos restos do tapete que tenho à porta da cozinha que se vai desfazendo e suja mais do que limpa... bem, até cansa! Há coisas que deviam facilitar mas só estorvam.

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