Aqui há dias tive uma conversa interessante e lembrei-me de a transpor para aqui. Ok, foi mais um monólogo do que um diálogo, mas tinha todos os contornos de uma conversa. Explicava eu porque é que gosto tanto de ver os Oscars e nunca perdi uma transmissão desde que era bem puto. Não vejo por causa dos filmes, nem tão pouco por causa dos prémios, vejo sim porque acho que é uma experiência interessante e única. Assisto a cinema europeu, mas é óbvio que sempre fui inundado de cinema americano desde tenra idade, e música também, embora oiça tanto americana como inglesa (ou outra que seja), e nos Oscars até se nota uma estreita ligação entre ambos os mundos (não gosto de ver os Grammys, os MTV Music, Video ou Movie Awards Awards, ou os Emmy, só mesmo os Oscars… e os Golden Globes quando calha!). Um pouco como toda a gente, sempre fantasiei com os actores, as actrizes, os realizadores e o mundo do cinema em geral, e para mim o ponto alto revela-se naquelas quatro horas de emissão live, num domingo para 2ª feira, em que tudo pode acontecer. Passo a explicar: desde a famosa caça às bruxas, que o mundo do cinema nos EUA está dividido, mas nada disto se nota nas entrevistas, nas tournées, nas premieres, nas apresentações, ou nas conferências de imprensa, trata-se de um submundo bastante unido e coeso. Quedam estas alturas muito pontuais, em que se notam as divergências e as rachas no verniz. Começando pelos apresentadores, notamos que tem havido uma grande evolução e progresso mental, pois os americanos são um povo muito preconceituoso e hipócrita, mas revelam tudo o que têm de pior e melhor só em determinadas situações, como é o caso dos Oscars, senão vejamos:
Billy Cristal (standup comedian, actor) – ok, tem piada, mas é demasiado mainstream;
Steve Martin (standup comedian, actor) – esteve bem, mas na mesma linha do Billy Cristal;
Woopy Goldberg (standup comedian, actriz) – tem a sua graça, mas é muito politicamente correcta;
David Letterman (apresentador de talkshows), muito ao seu estilo, já foi uma mudança… pelo menos diferente do normal;
Chris Rock (standup comedian, actor) – grande mudança por um lado, mas sendo ele preto e tendo sido entregues 3 prémios a actores pretos no ano anterior (coisa inédita!), até se percebe; humor acido e intervencionista, brilhante;
Jon Stewart (apresentador do “Daily Show”) – mas que grande revolução, estaremos cá para ver!Aqui há uns bons anos, deram um prémio de carreira ao realizador Elia Kazan, conhecido por ter sido um bufo na altura da caça às bruxas, e o que aconteceu quando ele subiu ao palco é que foi aplaudido por muitos e vaiado por alguns, e essa foi a situação que mais me marcou até ao discurso de agradecimento do Michael Moore aqui há 2 ou 3 anos. E tendo em conta o país em que se encontram, o tipo de espectáculo que é, os motivos que o sustentam, e sendo a Academia retrógrada como sempre se tem mostrado, estas pequenas mas cada vez menos pontuais situações, mostram um pouco o carácter daqueles com quem fantasiamos e julgamos serem de uma determinada forma e afinal são de outra, ou até são mesmo como achávamos. Seja como for, é uma verdadeira experiência sociológica, digna de se ficar acordado até mais tarde para se poder assistir em directo. Sim, porque o que eles dão no outro dia é uma tanga cheia de comentários manhosos e censurado até mais não… vejam este ano que vai ser bombástico, pelo apresentador e porque ficaram de fora das categorias principais os blockbusters e as grandes produções. Este ano os Oscars vão ser um evento um pouco mais dedicado à cinefilia na sua vertente mais artística!
3 comentários:
...ehh, bela morraça!
o Jon Stewart, embora no seu registo habitual e genial, não conseguiu conquistar a audiência... pena! Gostei muito dos seus comentários em jeito de adlib.
O que é isso do adlib?
Desculpa lá, mas estava chocho nesse dia.
Verde
adlib = improviso no momento
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