segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Condução, concentração e combustão espontânea

O meu nível de concentração a conduzir é de tal forma elevado e preciso que nem dou conta de certas outras coisas que se passam à minha volta devido à minha total, consequente e redundante distracção, resultante do excesso de investimento cerebral e emocional em tudo o que se passa fora da viatura. Tudo quanto é objectos móveis e imóveis residem no meu campo de visão, ou visão periférica que seja, e o que quer que aconteça nesses campos visuais não me escapa de forma alguma, mas por outro lado há pormenores que me escapam com relativa facilidade. Nunca atropelei ninguém, dou toda a atenção aos funestos desgraçados que não fazem piscas e aos infelizes que se decidem demasiado em cima do momento, vejo as carroças e as bicicletas, oiço as motas e dou pelos cães, gatos e crianças nas suas errantes e aleatórias escapadelas de passeios e terrenos baldios para a rua ou estrada, mas lá de vez em quando, assim tipo duas ou três vezes por mês, não me apercebo que faço pressão sobre o volante, sem querer, resultando numa buzinadela que me deixa tão apreensivo quanto irritado. Fico literalmente em sentido, quase a entrar em combustão espontânea, tentando perceber quem é o idiota que me tenta acusar fortuita e injustamente de algo menos feliz que eu não fiz nesse momento, até me desatar a rir quando percebo que fui eu que buzinei! Esta característica tão típica na minha personalidade, o esquecimento, é muito bom quando releio livros ou revejo filmes e séries, mas é péssima noutras questões como esta que se dá em trânsito, mas há coisas piores (ou não!).

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