Certamente já terá acontecido a toda a gente, mesmo depois de se ter passado pelo extenso e pormenorizado ritual matinal de limpeza e arranjo, que a meio da manhã, assim pela altura da pausa do cafezinho, se dê conta de que há uma ramela naquele olho, que subsistiu a tudo e ali permanece resistente e orgulhosa sem dar mostras de cansaço. O passo seguinte consiste em tentar retirá-la de imediato, mas a magana da ramela é teimosa e enquanto não descola, arranha-nos e faz-nos chorar como se do maior turbilhão emocional se tratasse. Passados três ou cinco minutos de diligente e empenhado esforço num processo de remoção activa sem precedentes e nunca antes visto em ambiente de trabalho – talvez apenas explorado noutras áreas da face, como o ocasional burrié ou um acidental fio de bacalhau inconvenientemente entalado entre dois dentes, ou até mesmo noutras áreas do corpo, como acontece com a tentativa de retirar o cuecâme do conduto regal ou mesmo com o esforço deliberado de endireitamento e desenrugamento de uma meia face à sola do sapato e do pé – ali ficamos com cara de derrotados, dado o choro e a brutal contorção facial empreendida durante toda a comoção, mas também com o estranho mas sereno sentimento de dever cumprido no final de tanta e efervescente agitação. Não há ramela que me estrague o dia!
relembro:
Ramela Domin'atrix
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