quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Férias, campainhas e palavreado descontextualizado

O post anterior fez-me lembrar uma história engraçada dos meus tempos de adolescente, que é como quem diz de há meia dúzia de anos ou coisa do género…

Tinha tirado a carta de condução há pouquíssimo tempo e encontrava-me legalmente apto para conduzir nas estradas públicas, quando eu e uns amigos decidimos fazer uma viagem até à Costa Alentejana, mais propriamente até à Zambujeira do Mar, para passar uns dias de férias naquela que seria a primeira vez que iríamos de carro a algum lado. Na altura, folgando de ideias e váipes bem piores, andávamos com a pancada de nos tratarmos no feminino quando queríamos gozar uns com os outros, e na manhã em que estava acordada a partida, sendo que tinha ficado planeado que eu apanharia todos, cada um à porta de sua casa e por uma determinada ordem, encaminhei-me para ir buscar o último contemplado na ronda e ele não estava à porta na hora combinada. Pode parecer estranho, mas numa altura em que ninguém tinha telemóvel, a melhor forma que encontrámos de o chamar foi mesmo atirando pedras ao estore da janela do seu quarto enquanto lhe chamávamos marrã, cocozito, tortulho e coisas bem piores. Como não respondia, partimos do princípio que estaria a dormir, e como estavam todas as outras janelas com os estores levantados, presumimos que seria o único a estar em casa – nesta altura alguém se lembrou que os pais dele estavam no Algarve – e foi sugerida a ideia de se tocar à campainha como se não houvesse amanhã… e não haveria se o sacana não acordasse rapidamente e se despachasse em pouco mais de 15m e ai dele se a mala não tivesse já feita de véspera!! Fui o eleito para dar a volta ao prédio e colocar o dedo indicador no botão, sem o retirar da dita cuja até que o desgraçado aparecesse à porta. Assim fiz até ouvir uma voz meio entaramelada do sono que dizia algo que não entendi num primeiro momento porque o som da campainha se ouvia pelo intercomunicador. Tirei o dedo e disse:
- vá minha puta, toca a acordar!!!
Do outro lado do intercomunicador ouvia-se então:
- …hum!?
E eu:
- abre a pestana minha cona de sabão; levanta o cu da cama, orienta a tua tralha e põe-te a mexer!
Então a voz aclarou um pouco e passou a ouvir-se:
- mas quem é?
Com o entusiasmo não estranhei e continuei:
- é o boda, troll! Vá a ver!!
Nisto a voz mudou radicalmente de tom, frequência e género e então ouviu-se:
- mas que raio de brincadeira… a uma hora destas da manhã… onde é que já se viu...
Nem 3 segundos se passaram do início da frase anterior, ainda com o dedo no intercomunicador, e uma segunda voz, decididamente masculina e grossa demais para ser quem eu esperava, aparece do outro lado entrecortando a primeira, que também não era, de todo, quem eu pensava… isto enquanto se abria a porta do rés-do-chão esquerdo e se ouvia numa estranha estereofonia de mistura entre o som roufenho do intercomunicador e o eco das escadas:
- que raio de coisa vem a ser esta!? quem é esse tipo que está praí a grasnar alarvidades e a tocar à campainha que nem um louco logo pela manhã!?!?
…depois disto tudo, e já com os restantes por trás de mim a rir que nem desalmados, como é que eu explicaria aos pais do meu amigo que era normal a gente tratar-se no feminino, apenas e só como forma de brincar uns com os outros e especificamente sem ofender qualquer um dos intervenientes, em particular a mãe, que já tinha ouvido tanto desaforo pelo intercomunicador???

Com o meu poder de argumentação, mesmo com muita confusão e nervosismo à mistura, porque era o mais velho e supostamente o mais responsável do grupo, lá me safei e seguimos viagem.
Ficou para a história!


Nota: afinal havia outro... este!

3 comentários:

Cristal disse...

LOL - de rir à brava!

grande melão! suas "doidas"!!!

Marta disse...

Será que estamos a falar de quem eu estou a pensar?...quarto nas traseiras...deixar-se dormir... e a voz grossa do pai... será que estamos a falar do "man dos 19"? ;))

Muito bom!
Eh eh eh

Gandim disse...

sim e essa alcunha nasceu de um equívoco no meio de uma conversa pejada de parvoeira, entre amigos, copos meio vazios e muita neblina à mistura!