terça-feira, 10 de novembro de 2009

Revolução musical senciente

Hoje deixo-vos uma listagem de bandas e projectos musicais, clássicos e contemporâneos, que revolucionaram a minha sensibilidade musical como melómano, assim como músico e compositor. A lista está feita segundo o critério “revolução musical senciente” e não tanto por gosto ou preferência. Digamos que foram músicos e bandas que mudaram a minha forma de sentir e fazer música e fizeram de mim, em parte, aquilo que sou hoje como pessoa.

(por ordem cronológica de experiência e conhecimento, do mais recente para o mais antigo)

The Beatles - acho que foi o meu primeiro contacto com a música, melodias e canções

James Taylor - a primeira vez que me deu vontade de cantar foi ao som do “You Got a Friend” (Carol King); Beatles e James Taylor são as grandes referências que guardo da minha mãe em termos de música, a grande maioria veio através do meu pai

Simon & Garfunkel - a minha primeira experiência com vozes

The Beach Boys - um amigo dos meus pais ofereceu-me um cassete porque eu adorei e lembro-me de ficar horas a ouvir as músicas no carro dos meus pais com o meu primo quando íamos à pesca ou acampar, tinham de nos tirar de lá porque gastávamos a bateria do carro

The Eagles - a par com os Beatles, Simon&Garfunkel e os Beach Boys, marcaram profundamente a minha forma de cantar e conjugar vozes para sempre

Queen - o meu primeiro contacto com o rock

Pink Floyd - reacção de estranheza: umas coisas soavam lindamente e outras pura e simplesmente não gostava… porque não percebia, claro!

Eric Clapton - introdução aos Blues, primeira experiência com uma guitarra aos 14 anos

Resistência - das primeiras experiências com a guitarra sozinho, passei para as Jams com amigos nos intervalos da escola secundária

Guns N’ Roses - mais uma banda que me fez evoluir na guitarra, juntamente com os amigos da altura, a par com AC/DC e outras do género

Janis Joplin - foi com ela que veio a vontade de fazer uma banda e tocar ao vivo num palco; fiquei encantado com a versão que ela tinha de Summertime

The Doors - começaram os devaneios, as primeiras bebedeiras, experiências com instrumentos e não só; despertaram-me para o fantástico som do Hammond

Paul Simon - por mera parvoeira, deixei para bem mais tarde a vontade de conhecer o trabalho dele a solo; despertou-me para a escrita de canções

Bob Dylan - mais um músico que me ajudou a levar a minha escrita de canções para outros meandros e abriu a minha sensibilidade para o fenómeno das versões: os seus temas são sempre melhores quando tocados e cantados por outras bandas. lol

Jethro Tull - o album "Catfish Rising" abriu-me a pestana para certos pormenores no Rock que me tinham escapado e o "Thick as a Brick", que viria a conhecer algum tempo mais tarde, deixou-me completamente ko; incrível a forma como trazem a música clássica para o Rock de uma forma tão bem conseguida e deliciosa

Chicago - uma banda que me foi apresentada com alguma insistência por parte do meu pai; ele adorava Chicago e Frank Zappa, que para mim soavam quase "mal", mas lá acabei por entender que a dissonância também faz parte da música e que pode interagir de forma impressionante com a melodia fazendo coisas incríveis; nesta altura voltei a ouvir Queen e Pink Floyd de outra forma e abri a minha mente para um admirável mundo novo!!

Miles Davis - a minha primeira experiência no mundo do Jazz... marado!

Harry Connick Jr. - a minha segunda visita ao mundo do Jazz, desta vez ligeiramente mais comercial mas também melódico e “comestível”! lol

Sarah Vaughan - fez-me crescer a vontade de cantar Jazz; tem uma voz impressionante!; aqueceu muitas noites de inverno, algumas com companhia à luz de velas e lareiras, com almofadas à mistura, e precipitou-me na invenção do termo "música para ouvir em dias de chuva", que viria a ser o início do meu projecto "Music By Mood"

Dexter Gordon - quando eu ganhei a pancada de tocar saxofone

Stevie Ray Vaughan - o primeiro virtuoso que admirei, e logo quem!

Blues Brothers - vi o primeiro filme sobre eles e voltei a apaixonar-me pelos Blues como um fantástico legado da humanidade que deve sempre ser preservado; nesta altura, Blues era o que se tocava sempre nas Jams com outros músicos e a malta já se cansava, mas bem tocados e com metais, é algo de fantástico!

Sheryl Crow - uma mais-valia no mundo Pop em termos de composição, vocalizações e arranjos de vozes; apaixonei-me por vozes femininas e pelo Country

Jorge Palma - é, sem dúvida, a minha maior referência na música portuguesa; despertou-me para o outros compositores como o Sérgio Godinho (cuja música era difícil de "aceitar" por ser densa) e os Trovante

Extreme - depois dos Guns, foi a experiência com o rock pesado que mais me marcou; foi quando ganhei a vontade de tocar e ter uma bateria; o Nuno Bettencourt é um virtuoso na guitarra, nos arranjos vocais, nas orquestrações e na produção de álbuns que admiro muito

Aerosmith - mais uma banda que me marcou pela presença em palco, pelas músicas e pelos arranjos e orquestrações; foi a primeira vez que dei atenção a este pormenor muito pela saturação, no bom sentido, que eles aplicavam aos temas em termos de produção; costumava dizer que era impossível acrescentar fosse o que fosse a cada tema de estúdio; foi a primeira vez que dei atenção a um videoclip: a Liv Tyler marcou, de forma indelével e irreversível, a minha sensibilidade e gosto em relação ao sexo oposto, foi quando eu percebi que gostava mais das morenas (lol); uma das namoradas que mais me marcaram era quase igual

Radiohead - depois de os ouvir, nada mais seria igual! O Creep libertou-me de uma forma que não consigo sequer começar a explicar

Lenny Kravitz - levou-me para o mundo do Soul com o álbum "Circus", onde vim a conhecer nomes como Otis Redding, Ray Charles, Solomon Burke, Wilson Pickett, The Foundations, entre muitos outros; além do Soul, abriu-me as portas para o Funk e para Prince, James Brown, Bill Withers, etc.

Alanis Morissette - quando saiu o álbum "Jagged Little Pill" foi um marco musical

Counting Crows - a forma como apresentam os seus temas originais, IndiePop com incursões pelo Folk e Jazz, marcou a maneira como passei a compor as minhas músicas

Dave Matthews Band - uma verdadeira revolução na forma como abordavam as actuações ao vivo: músicas extensas, concertos em que os músicos se voltam para si e se divertem numa espécie de comunhão espontânea e volátil, como acontece no Jazz, para, então, entreter o público; cada concerto é uma verdadeira pérola

Pedro Abrunhosa - quando apareceu em 1994, foi um desatino! Reeducou a minha paixão pela música portuguesa de uma forma incrivelmente intensa; fórmula perfeita de combinar Jazz, Pop e Rock. O primeiro concerto que vi dele com os Bandemóneo foi brutal!

Ben Harper - uma nova forma de fazer música de intervenção; outra voz masculina que me fascinou na forma e no jeito de cantar; a par com Jeff Buckley e David Growl, influenciou a minha educação musical como cantor

K's Choice - um colosso em termos de composição Pop e arranjos vocais. Algo de verdadeiramente avassalador para a minha sensibilidade

Kula Shaker - uma das bandas que mais me impressiona na forma como misturam e acrescentam Wolrd Music e coisas étnicas aos seus temas de Rock

Porcupine Tree - uma revolução na forma de fazer Rock Progressivo e Rock SInfónico

Sister Hazel - costumo dizer que são a versão de verão dos Counting Crows; vieram trazer um boom incrível à minha capacidade de compor e fazer músicas; depois deles, passei a fazer por volta de 20 temas por ano... hoje em dia o número aumentou e a qualidade também

Ornatos Violeta - fizeram-me voltar ao Rock de forma intensa, como já não sentia há alguns anos; o Manuel Cruz é um colosso na escrita!!

Aimee Mann - depois de ver o filme Magnólia, decidi conhecer a sua obra; grande influência em termos de composição, adoro a forma como cola as referências clássicas

Clã - a minha escolha como banda portuguesa de referência; são do melhor que há em palco, em vários tipos e formas de actuação, a compor em português (com a ajuda do T, do Sérgio Godinho, e outros) e a fazer versões... ui, a fazerem versões são um colosso!

Jamie Cullum - quando apareceu, fez explodir a forma como o Jazz chega ao público de massas (a par com a Norah Jones, Diana Krall e o Michael Bublé); as suas versões de temas do Jimi Hendrix ou dos Radiohead, bem como de vários standards de Jazz, trouxeram muita frescura ao mundo da música

Norah Jones - chamou o Pop, o Folk e o Country para o mundo do Jazz; tem uma voz perfeita e adoro o som do Rhodes nas suas músicas

André Indiana - a prova que se consegue ainda hoje fazer rock clássico de forma original e sem desrespeitar o que já existe; foi um prazer abrir um dos seus concertos com WHY em 2005

Pato Fu - uma surpresa interessante do outro lado do oceano; o que têm de bom, é de facto muito bom, e o que têm de menos bom não me chateia minimamente; banda de referência a par com os Skank e outros

John Mayer - trouxe uma percepção diferente do que pode ser um concerto, noutro tipo de ambiente, diferente da DMB, e de que vale a pena continuar a apostar nas minhas músicas originais enquanto as vou misturando com covers na Kazoo Love Orchestra

KT Tunstall - trouxe-me tanta coisa interessante... o seu álbum "Acoustic Extravanganza" é uma pérola!

Sondre Lerche - depois de ver o filme "Dan in Real Life", fiquei encantado com a música deste tipo; gosto da forma como mistura coisas de forma original

Joe Purdy - a sensibilidade em pessoa; mostra-me como a música pode ser simples e complexa ao mesmo tempo, algo que por vezes os músicos esquecem ou deixam de lado; ponho Damien Rice, Martin Sexton e Amos Lee na mesma categoria

The Gabe Dixon Band - talvez o som que mais se assemelhe, em termos instrumentais, ao que eu quero que seja a minha banda; não me incomoda nada que já existam!


Como é óbvio, deixei de fora muitos nomes de músicos, interpretes bandas e projectos musicais porque seria quase uma tarefa para durar anos ou até impossível de realizar. Assim, fiz a compilação que a minha memória permitiu em tempo útil.

Agora em jeito de adjuntamento sem rei nem roque (retirados os nomes que já referi):

- bandas e músicos que me dizem muito e não me apetece explicar porquê (lol):
Dire Straits, Supertramp, Crosby, Stills, Nash & Young, Deep Purple, Led Zeppelin, The Fleetwood Mac, Yes, The Who, Irmãos Catita, Pluto, Blasted Mechanism, Portishead, Sigur Rós, Pomplamoose, The Cardigans, Oasis, The Black Crowes, Tito & Tarantula, Xutos & Pontapés, Ladysmith Black Mambazo, Zero 7, Green Day, Skunk Anansie, Fiona Apple, Cat Stevens, Joan Osborne, Rui Veloso, Rita Lee, Jacques Brel, Gilbert Bécaud, Georges Brassens, Léo Ferré, Mafalda Veiga, Susana Félix, Tiago Bettencourt, Tori Amos, Mário Laginha, Joe Cocker, Sting, Bob Marley, Jimi Hendrix, James Morrison, Robbie Williams

- compositores que mexem comigo:
Roger Waters, Lou Reed, Thom Yorke, Mark Knopfler, Tom Waits, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Prince, Stevie Wonder, Van Morrison, Bryan Adams, Beethoven, Verdi, Astor Piazzolla, Rodrigo Leão

- vozes femininas que me impressionam (não sejam preconceituosos, ok!?): Joss Stone, Christina Aguillera, Whitney Houston, Mariah Carey, Beyoncé Knowels, Celine Dion (mais a cantar em francês), Sara Tavares, Sheryl Crow, Julianne Hough, Taylor Swift, Faith Hill, Brandi Carlile, as Dixie Chicks, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Etta James, Aretha Franklin, Maria João, Buika, Maria Rita

- vozes masculinas que me impressionam: Freddie Mercury, Bobby McFerrin, Michael Bublé, Harry Connick Jr., David Growl, Ben Harper, Stephen Tyler, Prince, Jeff Buckley, Brian Johnson, Manuel João Vieira, Francisco Menezes


Mesmo que vos pareça estranho, entediante ou fora de contexto e não apreciem este post, nem vos passa pela cabeça o prazer que deu a escrevê-lo! Nem imaginava, de início, no que viria a dar e as recordações deliciosas que me traria à memória presente. Fantástico! Qualquer dia faço um sobre cinema e talvez outras artes também...

10 comentários:

Marius disse...

De facto a música que ouvimos durante a nossa vida acompanha-nos e molda-nos intimamente, de tal forma que às tantas nos define. Ao ler a tua lista andei inadvertidamente à procura dos meus, mas a lista é tua. Muitos conheço, outros não, alguns explicam umas coisas, outros outras. Até pensei em escrever a minha, mas ou a fazes longa e possivelmente desinteressante aos outros ou fica incompleta... de qq modo não resisto em deixar aqui uns que me dizem mais, mm que já não os ouça muito, que não encontrei na tua lista: Blur, Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Ortigões, Fausto e ... agora começava a minha lista. Abraço

André Peixe disse...

Doors não usavam hammond.

Gandim disse...

Rashid:
sempre simpático...
ok, há outros como o Gibson Kalamazoo, o Farfisa, ou o Vox Continental, mas para o comum mortal, "hammond" engloba todos eles porque são semelhantes. dp há os Moogs, o Rhodes, etc.

Marius:
pois, de facto acaba por ser ingrato para alguns músicos ou bandas ficarem de fora por puro esquecimento ou por falta de relevância nos termos do critério que escolhi e que vem referido no título.
Os Ortigões, mais propriamente o Chico Baião, marcaram-me mas não tanto a nível musical, daí que não figurem na listagem, talvez devessem aparecer no final.
Pearl Jam e Soundgarden são grandes bandas mas não me afectaram muito (mais o Vitalogy e alguns temas soltos), já os Nirvana, que marcaram muito a nossa geração, não deixaram grande marca em mim. Gosto de música bem arranjada e bem orquestrada, com jogos de vozes... ainda que possam ter grandes guitarradas e solos a rasgar, aprecio se forem coisas melódicas ou dissonantemente compostas. Nunca me atraiu o Punk (tirando Green Day, Red Hot Chilli Peppers e uma ou outra banda mais evoluida em termos de arranjos como os The Presidents Of The USA, Blink182, Sum41, etc.) e o Grunge; acho-os muito estéreis em termos melódicos e quase me fazem comichão onde não consigo chegar para coçar, daí que tenha tido alguma dificuldade em aceitar os 2 primeiros albuns de Queen, a fase Sid Barrett dos Pink Floyd, Frank Zappa e outros durante algum tempo, mas são coisas complexas, ainda que estranhas e dissonantes, e acabaram por crescer em mim e arranjar o seu espaço cativo.



gosto destes comentários, eheh
venham mais!!

paulo disse...

para alem dos muitos que ja referiste e que o marius acrescentou, acho que faltam os Incubus, satriani, steve vai e Jonh petruci

Cristal disse...

Vamos lá listar isto: lol

1º excelente crescimento musical, és um rapazinho com uma bagagem invejável;
2º Não ser "tocado" por Pearl Jam é, no mínimo, inadmissível! vá lá que vi escrito Aerosmith e Guns n´Roses;
3º Finalmente alguém concorda com "Creep" dos Radiohead ser algo trancendental, muito obrigada (se bem que "house of cards" por pouco também lá chegava);
4º Jazz, e afins, Miles Davis e afins... mea culpa pela falta de sensibilidade;
5º Abrunhosa no meio disto é discutível, Mariah Carey e Celine Dion idem
6º E o Tony Carreira tá onde??? (lol, vi o outro post e sei que está nas coisas irritantes!)
7º Dave Matthews Band "Funny the way it is" e só assim comecei a apreciar, admitindo que em palco são uns verdadeiros músicos, daqueles assim... à séria.

Podia continuar? Podia, mas a lista é tua e estás mesmo de parabéns. Síntese fantástica!

Gandim disse...

Cristal, vamos por partes...
fiz esta lista, e tentei explicar isso logo de início, tendo em conta a forma como a música, músicos e bandas me influenciaram como músico e compositor, não apenas como melómano, o que significa que deixei muita coisa de fora que não "revolucionou" a minha sensibilidade como músico mas que obviamente me toca como apreciador e até fã!
Gosto MUITO de Pearl Jam e ADORO Foo Fighters e nem sequer os mencionei... Oops!
Também me esqueci de um porradão de músicos brasileiros, portugueses e britânicos... txiii, e mais americanos, irlandeses, franceses, espanhois... não dava, mesmo!

Como mencionei, os responsáveis pela "revolução" estão devidamente assinalados, os outros, são mais que às mães. LOL

Anonymous disse...

és um músico fantástico, com uma sensibilidade acima da média, tens uma cultura musical enorme, só pecas por seres preconceituoso em relação a alguns estilos e/ou compositores musicais, mas ninguém é perfeito. Continua com o bom trabalho.
Abraços

Gandim disse...

se não tivesse defeitos é que era de estranhar! eheh

não sou um músico fantástico, sou talvez um músico sensível que absorve tudo o que ouve e não se importa de trazer o que há de bom noutros para as suas criações, o que incomoda algumas pessoas, mas também posso dizer que tudo o que faço na música, seja a ouvir, compôr ou a tocar, é sem dúvida algo de fantástico para mim e fico extremamente reconfortado e agradecido por conseguir sensibilizar outras pessoas. acho que a música, tal como outras artes, serve exactamente esse propósito nas nossas vidas humanas: tocar pessoas, transmitir energias, partilhar sensações, etc.
não há NADA que aprecie mais neste universo que a MÚSICA, pois para mim é o princípio e o fim de tudo!

fiquei sensibilizado por todos os comentários, especialmente este último.
obrigado

NV disse...

Há um álbum que me lembra de ti, a banda sonora do filme "Pulp fiction" em cassete,directa de Beja para Évora,qual era o teu carro?
Porque a música também é sobretudo vivências.

um abraço

Gandim disse...

eheh, belos tempos esses de Beja e que vivências marcantes!!
o carro era um Fiat Uno 60SL branco com o nome de código "Jacky"
lol

outro abraço