segunda-feira, 25 de setembro de 2006

O que se diz e o que se sente

Uma imagem vale mais do que mil palavras, um beijo revela mais do que um frase, e um olhar transmite mais do que um poema. De facto, há momentos em que sentimos tudo à flor da pele, temos tanto dentro de nós para deitar cá para fora que a comunicação verbal, por vezes, não permite que isso se faça em condições e em tempo útil. Resta-nos usar o olhar, a linguagem corporal, e porque não, o beijo. Como é que mostramos a uma pessoa que gostamos verdadeiramente dela quando as palavras não se ajustam verdadeiramente ao sentimento? Com actos? Com persistência? O que interessa, acima de tudo, é sermos fiéis aos nossos sentimentos e não deixarmos passar o tempo e as oportunidades que aparecem ou que se criam, para revelar o que nos vai na alma e no coração. E se nem sempre conseguimos deixar sair o que nos vai cá dentro com o uso das palavras, há sempre a hipótese de o fazermos com os restantes sentidos em conjunto com a nossa imaginação e romantismo. E há falta de material original, não há nada como a frase daquele filme ou o verso daquela canção. Em último caso, sempre temos o eterno cliché alentejano, “gos’ti porra!” – mas este funciona melhor com sotaque. O que vale, independentemente da forma e do estilo, é não deixarmos de ser sinceros e transparentes, connosco, e com quem é importante para nós. Se toda a gente fosse mais frontal e assertiva, não havia tempo nem necessidade para tanta confusão e conflito como os que se geram entre (certas) pessoas. Também não é para se dizer tudo o que nos vem à cabeça, é uma questão de se deixarem amadurecer os pensamentos (mudam com o tempo) que resultam de sentimentos (não mudam). O que se diz não deve ser muito diferente do que se sente, é apenas e só, uma questão de fazermos por isso.

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