segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Natal e Circo

Já há algum tempo que me debato vivamente sobre esta questão: porquê Circo e Natal? Que estranha e alegadamente inócua ligação une estes dois conceitos tão díspares e aparentemente incompatíveis? Qual a razão deste fenómeno curioso? A resposta, além de simples, já tem barbas, e não são as do Pai Natal. Desde os tempos da Roma Antiga que as coisas se passam da mesma forma, e com as devidas excepções, claro está, talvez tenha sido sempre assim. Nem todos vamos atrás de modas e do que nos é apresentado como sendo normal, mas certamente haverá um instinto primitivo que nos leva a comportar de forma idêntica à do nosso “semelhante”. Não falo contra mim, pois sei que faço parte da excepção que confirma a regra, mas a maioria das pessoas comporta-se de igual forma, senão reparem: quando vêm um acidente na estrada param para ver como foi (inclusivamente causando mais acidentes); se houver um fogo até fazem fila para ir espreitar e tirar fotografias; devoram revistas cor-de-rosa; ingerem quilos de novelas por dia como se não houvesse mais nada; de uma hora e meia de notícias no telejornal só lhes interessa aquelas que referem o peeling da tia ou a referência à nova alarvidade que o Castelo Branco terá proferido enquanto defecava sentado numa sanita dourada na sua mansão; entre muitos outros exemplos. No fundo é tudo pão e circo – ou Bolo Rei e Circo – e o que a malta quer é distracção e entretenimento, qualquer coisa que seja fácil de mastigar e não custe muito a digerir. O Roger Waters tem toda a razão, não estamos muito longe de nos satisfazermos até à morte (“this species has amused it self to death”). Nesta época festiva, supostamente tão marcada por sentimentos dignos e verdadeiros como a solidariedade e a fraternidade, há sempre quem se aproveite da nossa distracção com a publicidade, filmes, Circo, compras, etc., mas o que realmente interessa é que há vida para além da televisão e o Natal pode ser passado de forma autêntica em família e com quem realmente interessa. Eu faço questão de não me deixar levar pelo sentimento consumista e de imediatismo tão característico desta quadra, e dedicar-me ao que realmente importa, as pessoas e não as coisas, e se nem por isso a coisa correr bem, resta-me sempre a grande máxima: o Natal é quando um homem quiser!

3 comentários:

Anonymous disse...

Circo, Natal e Lá Féria...após estas 3 "coisas" juntas não há nada que lhe escape, eles dominam o mundo!

cilas disse...

Éobvia a ligação entre circo e natal. E a explicação não passa pelo consumismo e esses termos cliché. Tu queres melhor número de circo (que congrega desde malabarismo a ilusionismo,a animais amestrados...)que o facto de um gaiato nascer sem ter sido semeado, ter chauffage a vaca e burro, ser visitado por reis que veêm de parte incerta seguindo uma estrela (um deles camuflado - sim, são sempre brancos pintados de preto) e depois andar por aí a fazer milagres e partidas e por último fundar uma religiõa que já dura há 2007 anos? É óbvio que o pai não era o zé mas sim um qualquer vitor hugo cardinalli.
O natal só é natal porque há circo. Qual circo russo ou circo chinês..! No fundo, Herman josé é um apóstolo tardio.

Boas entradas,
Simas

Gandim disse...

Grande Simas!
Nem mais...! Comentário fantástico, só tenho pena de não me ter lembrado disso quando fiz o post, mas é para isso que servem estes pequenos brainstorms em jeito de comentários, enriquecem o blog! Boa contribuição. Vai aparecendo...
abraço e boas festas para ti tb!