segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Filmes, bebidas licorosas e piadolas foleiras

Segunda-feira é, por defeito, a noite do cinema, pelo menos cinema em sala de cinema. É o dia das sessões mais baratas e é quase sempre uma noite morta em que não se faz grande coisa, é quando dá jeito. Mas eu ando viciado no dvd – filmes, séries, documentários – e já não vou ao cinema há mais de três meses. Em casa posso comer o que quiser enquanto vejo um filme, o único a comer pipocas sou eu e com o barulho que faço a comer posso eu bem, vou à casa de banho quando bem me apetece e demoro lá o tempo que achar necessário, e faço ou não intervalos se bem me aprouver. No cinema, principalmente às segundas, e sobretudo em época natalícia ou de férias em geral, arriscamo-nos a gramar com um bando de putos irrequietos muitas vezes a roçar o insuportável. Mas a verdadeira razão que me tem afastado das salas de cinema durante tanto tempo, e sim, muito tempo para quem ainda há três anos chegava a ir três vezes por semana, desde a sala mais comercial ao tugúrio mais alternativo, passando pelos ciclos e festivais de cinema – aliás, os típicos ciclos de cinema em Évora não passavam de filmes bons em cenários maus: cadeirita de pau, projector de filmes do tempo da Segunda Guerra Mundial, o filme era visto projectado na parede, mesmo com escápulas e um ou outro cartaz de festas do 25 de Abril e há quinze anos atrás, pouco mais havia que beber do que cuba livre e mojitos, e outras características do género – prende-se com o facto de não ter companhia. Se estiver em Lisboa ou outra cidade qualquer em formação, férias, ou seja lá o que for, sou capaz de ir ver um filme sozinho, não considero tempo perdido, antes pelo contrário, mas já cá em Évora não consigo ter vontade de o fazer, soa-me sempre a tempo gasto quando podia estar a fazer outra coisa “melhor”. Talvez não tenha grande explicação, mas sinceramente não consigo ganhar vontade de o fazer regularmente, fi-lo uma vez e não me soube muito bem. Com quem é que eu vou mandar bocas sarcásticas ou lançar piadolas foleiras a arranhar o ordinário? E se precisar de perguntar “quem era aquele tipo dos óculos com mau aspecto que saiu da casa do mafioso, o gajo não estava do lado deles? E a loira é quem!?”. O cinema fez-se para se apreciar em companhia e não sozinho. Por outro lado, também achei algum interesse em estar na sala e ir dando atenção às reacções do público a certas cenas do filme – era um thriller. Há sempre coisas boas a aproveitar em qualquer situação, mas sozinho no cinema perco mais atenção ao filme do que se estiver acompanhado e constantemente a ouvir e mandar bocas.

1 comentário:

Gypsy disse...

Ó Pinto estou chocadíssima, atão na me digas que não tens companhia para ir ao cinema? Com tantas amizades hás-de arranjar de certeza alguém que te acompanhe. Já sabes que sempre que quiseres tens um grupo a quem recorrer: os fãs incondicionais de cinema. Parabéns pela mudança de casa e obrigado pela ajuda ao gato-bravo.
Beijos