sábado, 16 de dezembro de 2006

Cidade x Campinho

A casa de banho da minha casa é interior e não tem janelas, mas tem uma série de respiradouros espalhados por duas paredes e funcionam bem porque se nota que há circulação de ar e nem por isso tenho de gramar com os sons e cheiros característicos das casas de banho da vizinhança do resto do prédio, mas tem uma particularidade interessante (ou não!): ouvem-se os sons que vêm da rua. Quando estou sentado no cagueiro – acho que tem mais sainete do que dizer sanita ou latrina – oiço uma série de barulhos típicos da rua da frente da casa. Se fechar os olhos até parece que estou a arrear o calhau no telhado ou na varanda, pois a barulheira é mais que muita e também se sente corrente de ar, coisa que só sabe mesmo mal quando estou no banho, aí tenho mesmo de fechar algumas das grelhas para não rapar uma frieza desgraçada. O engraçado é que certos e determinados sons, como um cão a ladrar, um puto a chamar outro ou um trolha a assobiar enquanto carrega uma lata de 25 litros de tinta e vai dizendo alguns palavrões pelo meio, faz-me parecer que estão cá dentro de casa, ali mesmo na minha sala, a situação do cão foi a mais caricata de todas, porque apanhei um susto do caraças. São no mínimo curiosas, estas novas particularidades tão características da vida na cidade. É que até agora, e já vivi em Beja num r/c, em Faro num 3º andar e em Lisboa num 6º, nunca me tinha apercebido destas coisas. É caso para dizer “ai que bem que se está no campo Adelaide!”. Como vivo num bairro sossegado até me estou a habituar depressa e estou de facto a gostar da experiência de viver sozinho, mas a Courela do Tanganho domina, sem dúvida.

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