sábado, 14 de outubro de 2006

Nobel da Paz

Nos dias que correm, e de forma acelerada, já não se pode falar em mundos distintos, ocidental e oriental, como duas realidades separadas. Serão coisas diferentes, e em certos casos opostas, mas a sociedade global é uma realidade e um facto intransponível. Hoje em dia não há buraco onde alguém se possa enfiar que as câmaras de televisão ou de satélite não cheguem ou os GPS não captem – vejam o caso do Saddam Hussein. O dinheiro, o poder, a luta de interesses e a conquista da informação são o mobile que fazem o mundo girar, sem dúvida, mas ainda assim vamos assistindo a pormenores muito interessantes e deveras significantes. Certas instituições, tidas como conservadoras e relativamente paradas no tempo e no espaço, têm dado mostras de um genuíno interesse pela diferença e pela originalidade, contrariando completamente o esperado. É o caso da Academia de Artes e Cinema dos EUA, que nos tem surpreendido nas escolhas para os Oscars mais importantes. Mais recentemente, coisa que me deixou completamente siderado, o exemplo do Nobel da Paz para este ano: a escolha deste ano foi para Muhammad Yunus, um tipo do Bangladesh que, nos anos 70, decidiu fazer um banco de crédito (Banco Grameen) que faz micro créditos para pessoas altamente carenciadas, sem a necessidade de garantias bancárias, o que seria impossível noutro banco qualquer, com o intuito de erradicar a pobreza e a miséria no seu país. Ok, até podem dizer que se trata de mais um banqueiro, coisa que não surpreende muito, mas basta verem o tipo ao lado dos outros, todos eles de fato e gravata, iguais a si mesmos, para ver que este é diferente, por fora e por dentro. O homem emana uma serenidade e equilíbrio que faz impressão, mas isso é outra conversa. Estou aqui a tentar mostrar que há esperança e que talvez valha a pena apostar na mudança. Há cada vez mais actos de rebeldia e tentativas de revolução apelidados de terrorismo, mas também há quem consiga, por dentro ou por fora, ir mudando e moldando o sistema, apelando às consciências de forma muito inteligente e lúcida. É a prova de que as ideias podem, de facto, mudar o mundo! Temos de começar pelas consciências, combater a idiotice e a ignorância, provarmos às pessoas que todos são válidos e determinantes, pois só assim as coisas irão mudando para melhor, digo eu cheio de fé!
Em Portugal existe a Associação Nacional de Crédito que assenta na mesma ideia.

relembro:
http://ctanganho.blogspot.com/2006/03/meet-me-at-oscars.html

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