quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Ecran meu, ecran meu, haverá alguém mais idiota do que eu?

Sinceramente, só eu para sonhar com alguém que não existe, numa situação muito pouco provável, com um efeito altamente impensável, acordar com mau feitio e passar parte do dia chateado a pensar nisso. Será que sou só eu ou mais alguém padece deste tipo de problema!? É que não é só uma ou duas vezes por ano, é mais uma ou duas vezes por mês, com pessoas e situações diferentes, cenários múltiplos e diversos, mas sempre ricos e extremamente reais. Sempre fui assim, mas nem sempre são coisas desagradáveis. Noutro dia sonhei com uma música tocada e cantada pela Norah Jones e pelo Bem Harper, já procurei na net e isso não existe, mas a música era excelente. Muitas das minhas músicas, letras e posts neste blog, são escritos durante a noite, e alguns deles até a dormir – sou sonâmbulo. Tudo o que é bom tem o seu lado mau, o tal reverso da medalha, mas nisto dos sonhos, o que é mau dura sempre mais tempo e perturba muito mais. Vamos lá ver como é que acaba este dia e como acordo amanhã.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O verdadeiro espírito motard

O melhor de um dia típico de Inverno é um passeio de mota. Parece estranho? Passo a explicar… Quando se anda de mota, e é óbvio que isso não é para todos, além de uma preocupação mínima para se fazer uma condução defensiva (de mota nem há outro tipo de condução possível), a sensação de liberdade é mais que muita e nem se pensa no frio. Aliás, só se repara nisso quando se pára, verificando que se está bem melhor assim, mas logo que se volta a ter sensação nos dedos das mãos e os pés respondem ao mínimo estímulo, está-se pronto e com vontade para seguir viagem. É a união entre homem e máquina numa simbiose perfeita que proporciona a ambos, momentos de prazer e liberdade singulares e irrepetíveis. Cada volta, cada passeio, cada viagem, são únicos e envoltos num gozo e satisfação, pouco mais descritíveis do que estas linhas que vos escrevo, só mesmo experimentando! Para quem vê muitos filmes americanos, andará perto da imagem que eles querem fazer passar das artes marciais e do surf, altamente envoltos em espiritualidade e união entre mente e universo… será qualquer coisa assim, o verdadeiro espírito motard, que (quase) nada tem a ver com admirar badochas sem soutien e apenas com uma t-shirt molhada, beber cerveja do barril, snifar gasolina super e ouvir hard-rock até cair para o lado. Andar de mota é belíssimo, seja quando e como for. Recomendo vivamente!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Dica culinária: ovos

Tinha dezenas de outros locais para apontar isto, postit no frigorífico ou um "txt" no desktop, mas decidi escrever este post para ter como recordar sem necessidade de fazer um ou dois telefonemas, e de certa forma também para partilhar. É que de facto é uma coisa tão dicotómica que não sendo utilizada todos os dias acabo por esquecer. Quando se faz o teste dos ovos para saber se ainda estão em condições, eles estão bons quando bóiam ou quando vão ao fundo? E a resposta, para os interessados e sem dúvida para os esquecidos é… estão bons quando vão ao fundo!
Para os esquecidos está feito o trabalho, mas para os interessados aqui fica a descrição de todo o processo:
1. encher uma tigela com água da torneira (Evian é cara e depois fica contaminada com caca da galinha, perdendo qualquer possibilidade de voltar a ser ingerida posteriormente) de forma que seja possível submergir completamente um ovo de galinha (o que também dará para ovos de codorniz mas será completamente impossível para ovos de avestruz), não se preocupem que não afogam o pintainho
2. colocar o ovo em questão dentro da tigela
3. observar o resultado
4. …não, o resultado já expliquei no princípio do blog, ide relê-lo, ide!
5. comentar este post fantástico
6. desligar a net e o pc porque está quase a dar o Dr. House
7. não, já chega de pornografia cibernética, tudo o que é demais enjoa!
8. este ponto já não interessa porque o pc já está desligado
9. o que é que eu disse!? vá a ver!
10. agora demorem-se...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Pedido de desculpas

Há dias revi na televisão um filme que marcou muito a minha adolescência, embora o tenha visto em criança. É um clássico que não passa despercebido a ninguém, e tinha eu os meus oito anitos quando literalmente obriguei o meu pai a ir comigo ao cinema, na altura, ver a última filmaça do Stallone, o Cobra. Como era puto não liguei à sua reacção e fiz trinta por uma linha até o convencer. Lá fomos ver o filme e escusado será dizer que gostei, e o meu pai aguentou-se como um senhor até ao final. Imagino a agonia que foi passar uma hora e meia a ver aquele filme, rodeado de gaiatos a grunhir, a atirar pipocas e a sorver coca-cola por palhinhas numa agitação digna de uma ópera de Wagner, mas não havia outra pessoa em quem eu confiasse tal tarefa, e por incrível que pareça, o filme era para menores de doze anos – alguém sofria de uma séria dependência do alcool na Comissão de Classificação de Espectáculos naquela altura (a julgar pelos títulos inventados nas traduções, essa pessoa ainda não se reformou). Até então, tinham sido muito poucos os filmes vistos em cinema e essa diminuta lista contava com o E.T. à cabeça, já estão, portanto, a ver o dramático que foi o salto de um filme para o outro em tão pouco tempo (1982–1986). Parecia ter um futuro tão promissor e cheio de esperança aos meus cinco anos e tinha de dar naquilo aos oito, mas hoje está tudo bem, e é exactamente por isso que eu escrevo este post tão pessoal. Pai, depois de ter lido a obra completa de Kafka e outras atrocidades que cometi sobre mim mesmo e a minha personalidade enquanto adolescente (I was young, I needed the money!), não te escrevo uma carta, mas um sincero e público pedido de desculpas. Não o devia ter feito, mas era apenas uma criança e sinto com muita convicção que a minha evolução pessoal e a caminhada rumo à maturidade se precipitaram precisamente depois de ter visto aquele filme. A minha inocência foi contra a parede e vi-a escorrer em sangue pelo meio de buracos de bala, cortes de faca (tinha aquela pega com picos, nunca mais esqueci) e reflexos do lazer apontador vermelho, mas hoje considero-me uma pessoa equilibrada e em harmonia, mesmo porque vi aquela porcaria naquele preciso momento. Valeu a pena o esforço, obrigado.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Post assim tipo Maria

Hoje, ao pôr desodorizante em forma de vaporizador, falhei a axila, veio uma boa porção para a cara, cheirei e engoli. Ainda tenho aquele sabor horrível na boca. Será que vou ter um cancro?
Buahahahahahahahah! lol

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Jipes, t-shirts e organização

Anda por aí uma moda muito estranha. Só vejo jipes e pickups com autocolantes a dizer “organização”.

Por todo lado os vejo estacionados ou me aparecem à frente em andamento e não se percebe o que isso signifique.

São jipes comuns, sem pinturas ou outros autocolantes característicos, apenas aquele com a palavra “organização”.

Mas não é só isto que me faz confusão, também já tenho visto pessoas com t-shirts a dizer “staff”. Ora, em bares, discotecas e num festival faz sentido, mas assim do nada? Esta malta anda a trabalhar para quem!?

Nos dias que correm, com o controle constante que é possível e de certa forma feito, dos nossos hábitos de consumo, para onde nos deslocamos e viajamos, e o que, de um modo geral vamos, fazendo, já vai sendo normal a sensação de perseguição e a permanência num estado de ansiedade constante.

Pensando bem, acho que vou mandar fazer um desses autocolantes para colocar no meu carro. Pode ser que passe despercebido e não me chateiem com multas de estacionamento, por exemplo.

Em relação à t-shirt, vou mandar fazer uma, vesti-la e usar o auricular com fio do telemóvel e tentar esgueirar-me nos espectáculos sem pagar.

"Se não os podes vencer..."

domingo, 21 de janeiro de 2007

O espaço e tempo de um momento…

Para me refazer da confusão criada pelo último post, e porque recebi comentários (mail e telemóvel) referindo a forma lamentável como tinha deixado o blog descair tanto com um post tão básico, decidi voltar a falar de coisas sérias – a malta anda mal habituada, posts simples de puro entretenimento também são interessantes (ou não!). Vi há dias o documentário do Al Gore, An Inconvinient Truth, e tirando um ou outro facto científico e algumas estatísticas mais actuais, nada do que era revelado naquela palestra soa a novidade para mim, mas nem por isso me deixa de surpreender, aliás, escandalizar! A forma simples e acessível como foi escrito e montado aquele documentário em género de longa-metragem, só não fere a susceptibilidade a quem for feito de pedra. É impressionante a forma diletante como temos vindo a apoderar-nos de tudo. Primeiro o espaço (físico), depois os recursos, e agora todo o planeta em si. Se pensarmos bem, o conjunto das decisões que tomamos são responsáveis por tudo o que fazemos, e se cada acção tem a sua consequência, as reacções anormais que se têm vindo a registar a nível climatérico e meteorológico nos últimos tempos, só podem querer dizer que já passámos o ponto de não retorno face ao que a natureza consegue aguentar até ter de reagir, como é naturalmente seu apanágio. Se desequilibramos e pomos em causa a harmonia que regula tudo o que é vida, só uma reacção aparentemente desproporcionada e bruta pode restaurar a estabilidade necessária. Mas será que se tornou irreversível esta espiral descendente em direcção ao abismo? Será de facto impossível voltar atrás e passar por cima dos erros cometidos, agora que temos a certeza da direcção que tomámos ser errada e sem sustentação? Todos os indicadores apontam para um redondo e corpulento sim, mas há esperança e a motivação é sempre a de subsistir. Não há satisfação individual sem a luta interior típica de quem se bate por um futuro, e esse, ameaçado pela iniquidade e pela ganância de alguns que desafiam a felicidade de todos, já parece estar seriamente comprometido e de forma alguma haverá a capacidade de existirmos como civilização humana se nos deixamos permanecer neste estado de dormência e inépcia geral. Há que levantar a cabeça, olhar mais além e perceber que o que é certo tem de ser, o que tem de ser tem muita força. Abram bem os olhos, sintam a energia da vida, deixem-se imbuir do espírito da verdadeira inteligência e aptidão humana e façam por merecer tudo aquilo que vos foi dado como privilégio e não por direito. As coisas só são nossas num determinado prazo, a propriedade e o sentimento de pertença são risíveis e altamente voláteis, a própria vida é fugaz, e nada do que temos à nossa volta é garantido, havendo sempre a real possibilidade de tudo isto desaparecer no espaço e tempo de um momento. Reciclem, poupem e economizem recursos, larguem a televisão, levantem o cu do sofá, façam desporto, não comam porcarias, evitem as “pré-ocupações” e as filas de trânsito, exijam mais e melhor dos vossos governantes (deponham-nos e candidatem-se caso eles não vos dêem ouvidos), informem-se, eduquem-se, votem sim no referendo, façam sexo e o amor até cair para o lado, aproveitem para se divertirem, sejam felizes, e já agora… não há mal nenhum nos decotes da Rita Pereira preencherem capas inteiras de revistas – é saudável! E tenho dito.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Séries, suores frios e mamas grandes

Epá, há duas coisas que não se fazem e tão pouco se pedem e estão nos antípodas da escala que as mede. A cena de ontem da série Nip Tuck, por sinal mais uma série americana que promete, em que o puto faz uma (ichhhh, só de pensar nisso!) circuncisão a ele próprio, e a capa de uma revista portuguesa que hoje vislumbrei, com bastante entusiasmo e excitação, na banca de uma papelaria. A primeira provocou-me um profundo mau-estar físico e psicológico que durou a noite toda, invadindo-me o sono sob a forma de pesadelos e suores frios, e se arrastou por grande parte da minha manhã de trabalho, só terminando quando comecei a imiscuir-me por entre pessoas numa qualquer terriola tipicamente alentejana, onde há sempre pessoas interessantes a contar histórias curiosas que extravasam os limites da própria conversa, entre essas mesmas pessoas, pois há sempre quem esteja à coca e com vontade de aprender – a minha sorte foi hoje não ter sido dia de dentista na clínica onde trabalho às quartas-feiras, senão o pesadelo prolongava-se o dia todo. A segunda, bem mais simpática, prende-se com a capa de uma revista feminina portuguesa que está neste preciso momento nas bancas (ide ver que não vos arrependeis) e que ostenta, de forma assombrosa e quase a roçar a escandaleira monumental, o peito da Rita Pereira que enche quase por completo a face da página. Escusado será dizer que fiz uma completa e total figura de urso enquanto o empregado de balcão me ia perguntando o que queria e eu não dava cavaca. Estive nisto durante uns bons quinze segundos que mais pareceram uma eternidade ao tipo, mas altamente fugazes para mim, mas de facto não tive a mais pequena intenção de comprar a revista, que nem faço puto de ideia qual seja, pois não tomei a mínima atenção à literatura nela patente …na capa, que eu desse por isso, e julgando apenas e só o decote, a Rita não tinha nenhuma tatuagem na barriga. Moral da história, depois de vinte minutos atribulados sem caber em mim de contentamento (não disse “literalmente”, pois não? Deixem-se de merdas!), agora já estou mais sereno. Sem dúvida que depois de tanto desassossego e calculando bem o rácio entre a cena desagradável de ontem e a fantástica revelação de hoje, o saldo é francamente positivo. Dijei-de cummigo: "bem dita sejas, oh grande Rita Pereira, proporcionada e harmoniosa deusa!"

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Chico-espertismo, o reverso da medalha

Continuando no campo da justiça (social), e porque este país está mal e todos os esforços para contrariar o que já vai parecendo irreversível revelam-se inúteis, parece-me de facto haver uma solução para algumas daquelas nefastas e eternas questões. A ideia será pôr os chicos-espertos, que são realmente mais do que as mães – a taxa de natalidade tem vindo a decrescer mas ainda assim vão nascendo chicos-espertos e na esmagadora maioria são do sexo masculino – a trabalhar para o bem da comunidade. Ok, bem sei que parece um paradigma, mas penso que é possível e altamente viável, senão reparem: quando os melhores piratas informáticos são caçados, colocam-nos a trabalhar para as autoridades, e o mesmo poderia acontecer com os chicos-espertos. Trata-se de os apanhar, não necessariamente em flagrante porque toda a gente sabe quem são, para os pôr a colaborar inter e proactivamente com instituições como o DIAP, a PJ, as Finanças, a Segurança Social, etc. Os que fossem realmente apanhados teriam penas acessórias de trabalho cívico para impedir que outros fizessem o que esses tão bem sabem fazer, assim na lógica do it takes one to know one. Para aqueles que nunca são apanhados, porque não se consegue ver bem a sua matrícula, ou o vizinho é mole demais para agir, ou quem sabe dele até é amigo de infância e outras razões do género, há uma forma de os ir amolecendo através do receio de serem apanhados. Não será bem uma forma de tortura de terror, talvez assente mais numa noção de coação passiva. A ideia de fazer listas de devedores e publicá-las é genial, quer seja a nível central ou ali na mercearia do bairro, mas há outras possibilidades do mesmo género, por exemplo: quando vamos na estrada e nos fazem sinais de luzes, e refiro-me a mais do que um carro, porque um ainda nos deixa na dúvida, temos sempre a tendência para abrandar na expectativa de avistarmos um jipe da GNR ou uma operação stop da BT, pois bem, todas as forças policiais podiam e deviam andar na estrada em carros descaracterizados a fazer sinais de luzes a quem passa como se não houvesse amanhã, e essa era uma forma de andarmos todos acagaçados e respeitarmos os limites de velocidade que já por si são para cumprir mas muito poucos ligam a isso, e os velhos andam de vagar mas muitas vezes em contra-mão, por isso também não contam. Por um lado não se verificariam decididamente tantos acidentes, por outro não haveria tantos agentes da autoridade à beira da estrada a esconder as médias (os tipos não bebem minis, é mesmo médias porque não correm o risco de deixá-las aquecer) quando passam carros, parecendo desinteressados e sem mandar parar ninguém. Assim todos estaríamos instituídos de forma a actuar no sentido da organização social. Ok, todos menos os cegos, mas esses não causam acidentes de viação e tão pouco conduzem.
Há duas coisas em que os tugas são realmente bons e que me parecem ser a consequência lógica e inevitável uma da outra: o chico-espertismo e o desenrasque; era uma questão de se aliar uma à outra definitivamente, tornando-nos a todos conscientemente producentes.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Ele há leis para todos os gostos e feitios, façam uma que funcione!

Uma sociedade democrática, livre, fraterna e solidária é algo no mínimo fantástico, e para que essa ideia se ponha em prática é necessário que cada um dos indivíduos que a compõem se dediquem à tarefa, muitas vezes ingrata e utópica, de a fazer ser aquilo que apenas o é em potência. Uma sociedade é muito mais do que um espaço e um tempo nos quais estamos e vivemos, é um estado de espírito. O todo é mais do que as partes que o compõem. Nós somos muito mais do que rodas dentadas num mecanismo gigante que se quer operante, mas para que o seja, e é claro que existe esse nível primário de consciencialização, ainda que pareça mera abstracção, todos temos de trabalhar para o mesmo objectivo último e comum: a funcionalidade. Não é só coincidência que esta palavra rime com felicidade, acreditem. Se pensarmos numa pessoa capaz de ser feliz, teremos de conceptualizar alguém provido de todos os sentidos, munido de inteligência, dotado de livre-arbítrio, mas também alguém que se enquadre e encaixe no panorama geral que é a sociedade, pois para sermos saudáveis fisiologicamente o nosso corpo e os órgãos que o compõem têm de funcionar como um mecanismo perfeito, mas também para sermos funcionais temos de estar física e psicologicamente sãos, esta é a base e o ponto de partida para a chegada a um possível e muito desejado estado de felicidade. No que diz respeito ao livre-arbítrio, muitos já tentaram descrever o que será esta estranha característica que nos distingue, desde filósofos clássicos e modernos, passando por escritores, compositores, músicos e uma infinidade de anónimos pensadores, mas é algo de tal forma tão subjectivo quanto objectivo. Não se sabe bem o que é e nem todos sabemos bem o que fazer com tal coisa, e uns aplicam-no arrogantemente, outros ingenuamente, mas é sem dúvida algo que nos qualifica enquanto seres humanos e de uma maneira geral todos nós exercemos esse direito que nos assiste. Como não vivemos numa anarquia (já ou ainda!?) e sim numa democracia pluralista e representativa que se baseia no sufrágio universal, todos temos o direito e o dever de votar em consciência sempre que nos é pedido e permitido, e o referendo do próximo dia 11 de Fevereiro não é excepção.
Tenho assistido a muita gente regurgitar todo o tipo de disparates e despropósitos, mas também tenho apreendido opiniões inteligentes e extremamente lúcidas. De entre muita coisa, há duas que são factos incontornáveis: ninguém é a favor do aborto e uma vida é vida desde o momento em que é gerada. Tudo bem, acho que ninguém contesta, mesmo os idiotas que afirmam categoricamente que os defensores do sim estarão a possibilitar um irreversível abrir de portas a um crescente e exponencial sem número de futuros abortos, mas acontece que os abortos já se fazem, com ou sem controle e com ou sem monitorização, mas vamos a factos (por tópicos):
- já se fazem abortos
- não há uma mulher que seja, que não sofra psicologicamente com a ideia, o acto e a consequência de um aborto
- existe uma lei que permite haver abortos sob vigilância médica para situações muito especiais (violações, etc.)
- esta lei não é cumprida
- existe a prática de abortos clandestinos
- há quem ganhe rios de dinheiros com isso
- muitas mulheres que fazem abortos clandestinos sofrem fisicamente, podem ficar sem a capacidade de ter filhos e até se sujeitam a morrer na altura ou com as complicações que daí podem advir
- muitas mulheres que fazem abortos clandestinos acabam por se ver apanhadas nas malhas da justiça, presas e julgadas como criminosas
- o aborto é considerado crime, não por uma questão ética ou moral, mas pura e simplesmente porque existe uma lei que assim o aprecia
Como referi anteriormente, não se põe em causa que um feto seja uma vida, que seja capaz de aprender ou registar sensações (sensações e não emoções), mas não é ainda um ser humano no verdadeiro sentido do termo. É um ser, sem dúvida, uma vida, mas…
- não é mais importante do que os seus pais
- não é obrigatório que venha ao mundo se estiver destinado a sofrer de uma doença ou de privações porque os seus progenitores ou a sua família não têm as mínimas condições de sustentabilidade
- ou que seja filho de alguém que leva uma vida desastrada ligada à prostituição ou a drogas
…entre alguns outros exemplos, não muitos, mas alguns. O que verdadeiramente interessa mudar é a forma como se tratam as mulheres que se submetem a abortos, porque vamos ser francos e honestos, sempre se fizeram e sempre se farão abortos, não há lei, referendo ou opinião que alguma vez venha a mudar isso, e de certa forma, se o sim vencer, será muito mais fácil controlar quem comummente utiliza o aborto como forma de contracepção. Porque também haverá quem o faça com esse propósito e de facto não está certo. Além de se alterar ou fazer uma nova lei, há que mudar as mentalidades e a forma como se encara o planeamento familiar, e se isto tiver de ser imposto, pois que se faça também uma lei nesse sentido. E já agora, uma vez que a natalidade é uma questão tão importante dos tempos que correm e nas sociedades ditas modernas, que se faça uma lei para ajudar quem quer ter filhos e não tem possibilidade de os ter fisiológica e financeiramente.
Sinceramente, para todas as regras há excepções e são elas mesmas que confirmam a própria regra, mas parece que é maior e mais significativo o desvio do que a normalidade, e é por tudo isto e muito mais que eu digo não ao aborto mas SIM à sua despenalização.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Moda x Política

Que estranho mundo este em que vivemos, que a as cotoveleiras à Art Garfunkel voltaram a estar na moda. De certa forma não eram só as cotoveleiras que proporcionavam ao Garfunkel aquele aspecto patusco e estranho, também o cabelo lhe dava um ar de esgazeado, mas de facto as cotoveleiras nos casacos de azine e blusas de malha voltaram a aparecer e não só na rua, mas também à venda nas lojas. Se fosse apenas em algumas pessoas que vemos passar, ainda se poderia supor que fosse uma certa nostalgia ou gosto peculiar, mas assim é mesmo a moda a dar a volta ao tempo, ou o tempo a dar a volta à moda! Mas estes artistas do tecido e criadores de moda não conseguem inventar algo que não seja roupa que ninguém usa ou roupa que já toda a gente usou há algum tempo atrás? Esta gente é criadora de moda e não criadora de roupa, isso sim! Estou para ver quando é que a política se sincroniza com a moda e voltamos ao tempo do mo, das gabardinas tipo Gestapo, chapéus de gangster, etc. A política, a julgar pela tendência na Europa, já vai perto dos anos 50 enquanto que a moda ainda só atrasou até aos anos 60, mas tendo em conta o ritmo que se sente e se observa com as transformações que a sociedade tem vindo a gerar, calculo que daqui a cinco ou seis aninhos estejamos outra vez num estado novíssimo, mesmo a tempo da Direita propriamente dita ter voltado ao poder, continuar durante relativamente pouco tempo esta política porca que o PS tem vindo a preconizar, e darem cabo de tudo definitiva e irreversivelmente. Logo vemos como é que a Geração X vai reagir, porque seremos nós a estarmos no “poder” nessa altura. Ou deixamos que isso aconteça ou devemos começar já a mudar qualquer coisita na nossa mentalidade, sempre se poupa algum sofrimento. Entretanto mais vale ir dando alguma atenção à roupa que nos vestem e à política que eles investem.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Hino à estupidez

Quando era puto e inconsequente, todos nós passamos por isso, também era dado a fazer partidas e de vez em quando lá havia um ou outro deslize para a parvoíce pura e simples. Entre tanta ideia maluca, mais ou menos original, aparecia uma ou outra em que não se pensava muito e se decidia pôr em prática imediatamente, normalmente isto acontecia quando era mais do que uma cabeça a trabalhar – o que contraria completamente a grande máxima – aliás, bem mais do que uma, p’raí umas dez, pelo menos! Quando somos mais novos e ainda estamos a formar o nosso carácter não temos grande alcance para perceber as consequências de certas brincadeiras e trapalhices, mas aquilo que aqueles dois gaiatos de treze anos (13 anos!!!) fizeram de avacalhar completamente a cena e porem-se a dar cabo de carros estacionados na rua mesmo no centro da cidade, onde há sempre gente a passar, a polícia fica a três minutos a pé, filmarem toda a acção, inclusivamente dizerem os seus nomes e sem sequer pensar um bocadinho na tamanha estupidez que se está a fazer é mesmo de gente completamente desprovida de senso. Eu também me lembro de alguém que eu conheço ter andado a saltar de tejadilho em tejadilho dos vários carros estacionados num determinado local da mesma cidade, mas estava lá e não me lembro de ter sido pensado, filmado e distribuído num dos sites mais conhecidos. Sinceramente não acho que seja a internet, os desenhos animados ou os filmes a fazer das crianças parvas e com uma ausência total de tacto, e da vez em que uma coisa semelhante aconteceu com alguém que eu conheço, não teve nada a ver com rebeldia, violência ou má índole, foi apenas uma situação de frustração psicológica levada ao extremo pelo álcool e o incentivo de muitos outros que nunca pensaram que chegasse a esse ponto. Epá, o rapaz andava chateado por não ter entrado para a Universidade e quisemos que descarregasse a frustração, só nunca pensámos que a bebedeira fosse tanta ou tão grande e que ele acabasse em cima de automóveis a gritar “I’m the lizard King, I can do any thing!” Voltando aos dois putos de treze anos... eram só dois e não me apercebi de ser outra coisa que não uma brincadeira (de muito mau gosto)! Totós!

sábado, 6 de janeiro de 2007

Top’s, trabalho e cortinas de casa de banho

Estou a escrever este post no primeiro hotel a entrar para o meu Top10 Dos Melhores Hotéis. Não me interessa muito que o hotel seja no Algarve, mesmo na praia e com um belíssimo aspecto. Que tenha cinco estrelas e tenha sido inaugurado há pouquíssimo tempo. Que o almoço tenha sido numa varanda com vista para o mar ou que a piscina seja maior do que a minha casa + quintal juntos. Que o quarto seja do tamanho de um salão de dança e com apenas duas camas. Que a casa de banho seja mais ampla e dotada de mais equipamento do que a minha cozinha e sala juntas, incluindo um varão aquecido para pendurar as toalhas de banho. Que ofereçam mais coisas do que uma caravana política na recta final de uma campanha eleitoral. Nada disto é relevante! O que de facto interessa; o que valoriza este hotel e o coloca no topo do até actual vazio Top10 Dos Melhores Hotéis Em Que Estive Instalado é o facto da casa de banho estar desenhada e concebida de uma forma tão bem elaborada que não haja qualquer tipo de corrente de ar e não seja necessário colar a cortina à loiça da banheira que de forma alguma ela mexe e toca no nosso corpo enquanto nos banhamos orgulhosamente. Isto é que é uma construção bem feita. Fantástico!
Ah, esqueci-me de dizer que vim em trabalho. Bom fim-de-semana!

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Abaixo-assinados precisam-se

Porque é que ainda ninguém se lembrou de fazer daqueles abaixo-assinados que se vêm na net mas para coisas realmente úteis, como por exemplo:

“pelo fim da Revista e o uso inteligente dos subsídios para a cultura”

“pela não volta do Santana Lopes à política e o incentivo para que fique em casa a escrever”

“pela proibição de ingestão de bolo-rei por parte do Presidente da República”

“pela investigação séria e definitiva de todos os casos que metam futebol e putedo”

“pela detenção do Major e dos seus pandans”

“pela recuperação do Parque Mayer, nem que seja para pocilgas”

“pela implosão e consequente afundamento da ilha da Madeira”

Há certas coisas que têm de ser feitas mas não se sabe ao certo quantos somos os que assim as querem fazer, desta forma será mais fácil o entendimento e a mobilização.
(comentários em jeito de mais exemplos precisam-se…)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Sketches novos, vidas novas

Os Gato Fedorento são o inegável substituto do Hérman José no panorama humorístico português. Não tanto pelo estilo mas pela capacidade de mobilização e de pôr toda a gente a falar dos seus sketches nos dias seguintes a terem aparecido na televisão, e desde que estão na RTP que o potencial é outro e o resultado efectivo tem sido exponencialmente maior (e melhor). Recordo com saudade o Hérman do Tal Canal, Hermanias, Humor de Perdição e Herman Enciclopédia, bons tempos, e nem vou comentar o seu estado actual, não gosto de me repetir. Voltando aos Gato Fedorento, e à razão pela qual escrevo este post, devo juntar também outro ingrediente importante, que é o Contra Informação. Não sei se as Produções Fictícias também escrevem para este programa, mas o que interessa é de facto certos sketches e personagens que neles apareceram retratados, mais propriamente o boneco do Marcos Mendes e a caricatura do Paulo Bento. O que é que eu quero mostrar com isto? Já vão perceber! Marcos Mendes, além do que nele se vê, não terá muito mais a dar à governação e à política portuguesa porque tem sido completamente ridicularizado e descredibilizado, e o mesmo acontece com o desgraçado do Paulo Bento. Estes dois nunca mais vão ser alguém, ou ninguém! Não se trataram apenas de sketches inocentes com algum sucesso, mas sim uma verdadeira revolução no humor português. O Hérman já tinha tido um programa suspenso por alegada provocação, mas o que se conseguiu com estas duas personagens, e talvez outras como o boneco do Santana Lopes, por exemplo, foi arranjar uma forma de não conseguirmos desligar a personagem da pessoa real. Eu tento, mas não consigo, e não há forma de olhar para qualquer um dos dois sem me rebolar a rir à espera que eles cometam uma gaffe (ou digam o que costumam dizer), e se assim não for, rio-me que nem um perdido na mesma, mais não seja pela lembrança que guardo dos sketches. O cúmulo disto tudo deu-se em dois momentos distintos mas de certa forma similares:
- Marcos Mendes, de visita a uma escola secundária, perguntou se o conheciam dizendo que era o responsável pelo partido da oposição, muito importante na nossa democracia, que já tinha feito parte de um governo, etc. e tal, até que, perfeitamente resignado, disse “sou o ganda nóia do Contra Informação”… não interessa quem se riu e quantos foram, toda a gente ficou a perceber quem ele era!

- Paulo Bento mudou de penteado e está a fazer um esforço enorme para falar de outra forma, menos pausadamente e sem a sonoridade típica do castelhano, e conta-se que a equipa técnica e todos os jogadores do Sporting, no treino da manha seguinte à exibição do famoso sketch, apareceram de risco ao meio e a proferir insanamente a palavra 'tranquilidade' como se não houvesse mais nada para dizer!

O que dizer desta situação e da forma como o humor pode influenciar a política e o futebol? Pois bem, felizmente nenhum destes programas foi suspenso, mas quando o Hérman fez as tais rábulas históricas, nomeadamente a entrevista à rainha D. Isabel no Humor de Perdição (1987) foi suspenso a meio do programa… o que quero eu dizer com isto? Ainda não chegaram lá!? Vivemos numa democracia moderna e há liberdade de expressão, mas pelos vistos não se pode brincar muito com a igreja, that’s what!! O Diácono Remédios não serve de exemplo, pois é uma tentativa demasiado politicamente correcta para aferir se houve ou não mudanças nesse plano, e de cera forma os Gato Fedorento têm avacalhado a cena religiosa mas ainda não o fizeram no canal do Estado. Os antigos pilares da sociedade portuguesa, os famosos três 'F' (Fátima, Futebol e Fado), terão definitivamente passado para 'I-F-P', Igreja, Futebol e Política – nesta ordem. Já os queimaram, cozeram e torturaram, agora estão mais amenos e delicados, mas o efeito é o mesmo… muito pouco ou nenhum! Podem atrasar a cultura e a própria civilização mas não conseguem travar definitivamente a vontade e a determinação humanas. Quando queremos, podemos! Mesmo que 'deus' assim não o entenda, e acho mesmo que o tipo não foi visto nem achado para a maior parte, senão todas as decisões da igreja, o homem sonha a obra nasce e a vida acontece (“enquanto fazemos outros planos” e regras (idiotas)).
Fecho o post com uma frase engraçada que pode ter vários sentidos (vários é mais do que um, certo!?) consoante o momento e a forma como se diz: “some things never change and some things do”.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Ano novo, o mesmo blog

Mais um ano passou e sem dúvida que cada vez parecem ser mais curtos, mas o que interessa é aproveitar cada um como se fosse o último. Parece um cliché, mas é uma grande verdade. Quantos mais planos fazemos, mais longe ficamos de viver o que se vai passando connosco no dia-a-dia, e isso é que é a nossa vida! Talvez seja essa a receita para a felicidade: se o sentido da vida é a viagem, sem dúvida que o segredo será aproveitá-la e ir vendo a paisagem. Desejo a todos um excelente ano, melhor e mais proveitoso que o que agora findou. Aproveitem as árvores que virem, não choquem contra elas, e acelerem quando houver oportunidade, pois não se deve andar em velocidade de cruzeiro a todo o momento, mas também não é nada bom andar sempre numa correria desenfreada.
Resposta: penso divertir-me até já ser velhinho!