terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Chico-espertismo, o reverso da medalha

Continuando no campo da justiça (social), e porque este país está mal e todos os esforços para contrariar o que já vai parecendo irreversível revelam-se inúteis, parece-me de facto haver uma solução para algumas daquelas nefastas e eternas questões. A ideia será pôr os chicos-espertos, que são realmente mais do que as mães – a taxa de natalidade tem vindo a decrescer mas ainda assim vão nascendo chicos-espertos e na esmagadora maioria são do sexo masculino – a trabalhar para o bem da comunidade. Ok, bem sei que parece um paradigma, mas penso que é possível e altamente viável, senão reparem: quando os melhores piratas informáticos são caçados, colocam-nos a trabalhar para as autoridades, e o mesmo poderia acontecer com os chicos-espertos. Trata-se de os apanhar, não necessariamente em flagrante porque toda a gente sabe quem são, para os pôr a colaborar inter e proactivamente com instituições como o DIAP, a PJ, as Finanças, a Segurança Social, etc. Os que fossem realmente apanhados teriam penas acessórias de trabalho cívico para impedir que outros fizessem o que esses tão bem sabem fazer, assim na lógica do it takes one to know one. Para aqueles que nunca são apanhados, porque não se consegue ver bem a sua matrícula, ou o vizinho é mole demais para agir, ou quem sabe dele até é amigo de infância e outras razões do género, há uma forma de os ir amolecendo através do receio de serem apanhados. Não será bem uma forma de tortura de terror, talvez assente mais numa noção de coação passiva. A ideia de fazer listas de devedores e publicá-las é genial, quer seja a nível central ou ali na mercearia do bairro, mas há outras possibilidades do mesmo género, por exemplo: quando vamos na estrada e nos fazem sinais de luzes, e refiro-me a mais do que um carro, porque um ainda nos deixa na dúvida, temos sempre a tendência para abrandar na expectativa de avistarmos um jipe da GNR ou uma operação stop da BT, pois bem, todas as forças policiais podiam e deviam andar na estrada em carros descaracterizados a fazer sinais de luzes a quem passa como se não houvesse amanhã, e essa era uma forma de andarmos todos acagaçados e respeitarmos os limites de velocidade que já por si são para cumprir mas muito poucos ligam a isso, e os velhos andam de vagar mas muitas vezes em contra-mão, por isso também não contam. Por um lado não se verificariam decididamente tantos acidentes, por outro não haveria tantos agentes da autoridade à beira da estrada a esconder as médias (os tipos não bebem minis, é mesmo médias porque não correm o risco de deixá-las aquecer) quando passam carros, parecendo desinteressados e sem mandar parar ninguém. Assim todos estaríamos instituídos de forma a actuar no sentido da organização social. Ok, todos menos os cegos, mas esses não causam acidentes de viação e tão pouco conduzem.
Há duas coisas em que os tugas são realmente bons e que me parecem ser a consequência lógica e inevitável uma da outra: o chico-espertismo e o desenrasque; era uma questão de se aliar uma à outra definitivamente, tornando-nos a todos conscientemente producentes.

1 comentário:

JT disse...

"O chico-espertismo e o desenrasque" chama-se a isto ser-se esperto ao contrário do ser inteligente ;)

Tuga = Gajo esperto que normalmente se referencia como o maior aldrabão ou 'calão' da Europa que só tem um bom desempenho quando emigra e apresenta manias de dono de um principado senão rei quando volta de férias ou definitivamente, voltanto a ser esperto, leia-se esperto!! e não inteligente.

Português = Pessoa culta e inteligente que se referencia com a eloquência do ser constante em saber estar e fazer, para o qual o mundano é trivial e a vida pessoal e social uma responsabilidade única e indivisivel do seu próprio ser.