quarta-feira, 18 de outubro de 2006

É a puta da miséria!

Que raio de país é este em que vivemos? Tudo aumenta excepto o poder de compra! Preços, adversidade, ansiedades e frustração. Nem me vou referir a coisas que encaixam no conceito de vícios, como por exemplo tabaco, ou certos aumentos que se justificam, mais não sejam porque são impostos pela conjuntura económica global, que seria outra conversa. Eu refiro-me aos combustíveis, aos impostos directos, à “taxas moderadoras”. Francamente! Assim de repente, até parece que quem decide, ou quem manda em quem decide, que por sua vez em quem de facto decide, quer tirar as migalhas aos mais desfavorecidos e ainda por cima expô-los como alvo de chacota. Para que servem as taxas de internamento hospitalar? Não estamos a falar de taxas moderadoras, pois quem é internado é porque precisa, e não para ver se a coisa passa à base de caminha e comida de hospital. E o anunciado aumento de 16% e 8% na factura da energia eléctrica para os consumidores domésticos? E o ministro ou o secretário de estado, não tenho bem a certeza porque apanhei a reportagem a meio e era na rádio, ainda tem a lata de dizer que estes aumentos são culpa dos consumidores, que andaram uma série de tempo a pagar menos? Então e os lucros astronómicos da EDP? E as empresas não pagam mais porque têm de se manter competitivas? Já dizem tudo! Nos dias que correm, estes cabrões têm tomates para dizer qualquer coisa. Se não são os espanhóis a tomar conta deste país em quanto é tempo, isto cai num buraco sem fundo e nunca mais nos levantamos. Prevejo que este país se torne num resort para gente que pode, com umas praias porreiras, monumentos engraçados, gastronomia boa, bons hotéis, e tudo a que os ricos têm direito. E a gentalha, que se move com fome e maltrapilha, mais dia menos dia, sem acesso a seguros de saúde e reforma, acaba por ir morrendo aos poucos, longe das câmaras dos programas da socialite e das revistas cor de rosa, porque não dá jeito nenhum darem nas vistas, mas se vierem pedir uns trocos, lá de vez em quando haverá um ricaço que tenha pena e lhes dê uma milena, que é como quem diz uma nota de cinco árois. Em consciência e bem ponderado, não consigo votar nos dois partidos que têm as melhores possibilidades de formar governo. Para dizer a verdade, não os distingo. Mas não deixarei de votar nos que não se calam, custe o que custar, e eu também nunca deixarei de expressar a minha opinião, porque mesmo que passe mais tempo no sofá do que em marchas e manifestações, tenho a noção de que as ideias que se dizem e se lêem também podem ir longe e mudar muita coisa, devagarinho, mas podem!
Este blog já há algum tempo que tem um público mais ou menos certo, e são pessoas de certa forma militantes. E se voltam cá, e de vez em quando até deixam uns comentários interessantes, é porque não apreciam apenas a minha insanidade nos posts humorísticos, mas também a minha lucidez nos posts sérios. Mas mesmo as coisas sérias podem ser tratadas com alguma leveza e humor, porque já bem basta o que basta! E sendo assim, venham daí esses comentários. Façam-se ouvir! Digam que sim ou que não, contradigam-me, digam que eu não tenho razão, mas façam-no com fundamento e com vontade, que eu responderei de volta…

3 comentários:

Gandim disse...

começo já eu...
O Orçamento de Estado para 2007 foi compilado para uma pendrive. Já lá vai o tempo dos CD's, das diskettes e também das dezenas de caixas de papel, mas eu sei bem onde é que deviam enfiar aquela pendrive...

Sidjoa disse...

A EDP teve um lucro recorde em 2005 de 1071 milhões de euros e no 1º semestre de 2006 um lucro de 580 milhões de euros (um acréscimo de 17% sobre o lucro astronómico de 2005).
E as chamadas "taxas moderadoras" nos internamentos e cirurgias são, de facto, autênticas taxas de utilização. Isto é: precisas de ser operado de urgência para tirar o apêndice (como já me aconteceu), e alguém te diz que além da taxa moderadora que já pagas, sim, porque já a pagamos, precisas de pagar outra de valor bem mais elevado. Portanto ou pagas na hora, ou, se não tiveres dinheiro, rebenta-te o apêndice e estás feito.
Junta-lhe os aumentos todos que falaste, mais o encerramento de cerca de 50% das escolas do 1º ciclo (no tempo do salazar ao menos o ensino primário era para fazer) o que vai levar muita criança a fazer kms e kms se quiser e puder, para ir à escola, mais aumentos em materiais escolares, mais exames, mais propinas. Junta-lhe a reforma da segurança social que é mesmo é para acabar com a segurança social pública (mais dia menos dia acabam-se os subsidios de doença, desemprego, as pensões, o direito à reforma - claro, para a canalha, quem quem pode, paga). Trabalhamos qualquer dia de sol a sol até morrer. É claro, o problema não é a crise. São as opções políticas que podem, e devem ser diferentes. Aliás, é cada vez mais urgente ínverter este rumo. E para isso, deixa-me que te "pique", é preciso lutar. Porque como sabemos, só o povo na rua pode dar a volta a isto. E já deu, como provou o 25 de Abril, mas também variadíssimas lutas em que os trabalhadores conseguiram travar determinadas ofensivas. Portanto, apesar de achar muito importante todos estes contributos, nos blogs, na mesa do café ou num sofá, acho que precisamos todos de começar a sair à rua, gritar bem alto que estamos vivos, lado a lado com tantos outros, a lutar pelo nosso futuro!

Sidjoa disse...

Faz o que eu digo.... não faças o que eu faço:

"O orçamento global para os vencimentos do primeiro-ministro e respectivos 16 ministros regista um aumento de 6,1 por cento face ao montante atribuído para 2006. A soma total da verba prevista para despesas com a rubrica ‘titulares de órgãos de soberania e membros de órgãos autárquicos’, pela qual são pagos os salários dos membros do Governo, ascende, em 2007, a 1 027 348 euros, contra os 967 980 euros orçamentados para este ano."

Correio da Manhã
2006-10-21 - 13:00:00