terça-feira, 13 de março de 2007

Justiça, culpa partilhada e piscas nas rotundas

A Polícia Judiciária está a investigar possíveis desvios de dinheiro no Supremo Tribunal de Justiça. Conseguem alcançar a ironia da coisa? É que não é uma câmara municipal, um instituto público ou um tribunal qualquer, é o Supremo Tribunal de Justiça. Quer dizer que acima desta só ao nível europeu. Pode ser que depois das investigações de pedofilia na Internet e crianças desaparecidas, da Casa Pia, Apito Dourado, Saco Azul de Felgueiras e tantas outras investigações em curso, ainda tenham tempo e capacidade para descobrir quem anda a comprar relógios e pratas com dinheiros do Supremo Tribunal de Justiça. Não me canso de referir “Supremo Tribunal de Justiça”, parece engraçado, quase anedótico, mas é o país que temos. E isto é apenas e só o que se vai descobrindo, resta imaginar o que haverá a mais que nunca ninguém dá por isso, ou dá e conseguem calá-los, a bem ou a mal. Continuamos na cauda da Europa no que diz respeito a quase todos os indicadores do Eurostat, pelo menos os mais importantes (economia, saúde, educação, emprego, etc.), inclusive depois da entrada de países como Malta… convém tirar uns segundos para reflectir sobre isto …já está!? Ok, bem sei que nos temos de preocupar com certas e determinadas situações a nível mundial, como o problema do aquecimento global e a ganância desmedida dos representantes de alguns governos e lobbys, mas hoje apetece-me dizer que este país fede e mete nojo. Mas querem saber quem mete mais asco do que os nossos governantes e representantes? Todos nós, que somos quem os elege! Somos nós os responsáveis pelo estado de sítio em que este país vai entrando, quando não pedimos facturas em lado nenhum, arrendamos casas sem recibo (sendo nossa ou estando lá a morar), quando não nos revoltamos contra a falta de saúde e justiça neste país e as constantes filhas de putíce que nos vão fazendo, umas vezes pela calada e outras à vista de todos. Somos nós que fazemos este país. Não houve uma geração, uns políticos, burgueses ou empresários que fizeram isto, fomos e somos todos nós! Pegando no bom exemplo de solidariedade e justiça social que foi o resultado deste último referendo, partindo do princípio que foi uma conclusão ponderada por parte dos que votaram, sabendo ainda que o nível de abstenção foi, ainda assim, alto, recomendo que passemos a ir votar sempre, mesmo que seja para escrever umas palavras feias no boletim de voto, colar a pastilha no biombo ou pura e simplesmente votando em branco. Temos urgentemente de mostrar que nos preocupamos com o nosso país, com a nossa cidade, com o nosso bairro, com os nossos amigos e a nossa família. Somos todos iguais e temos todos culpa nesta fase do campeonato. A nossa sorte seria os espanhóis terem a vontade de nos anexar, mas eles são tudo menos parvos, e sendo assim só nos resta fazer alguma coisa que não se pareça com deixar-nos ficar nesta mediocridade e apatia mental. Se somos bons a dizer mal, ao menos que o façamos para qualquer um ouvir e ler, e é bom aproveitar enquanto há liberdade de expressão, coisa que não durará muito tempo pelo andar da carruagem.
Como princípio, e por princípio, proponho três ou quatro medidas para mudar o estado letárgico em que nos encontramos (comfortably numb):
- pedir facturas em todo o lado e para qualquer bem ou serviço (assim é mais difícil fugir-se ao fisco)
- vejam mais televisão, se gostam, mas sem ser só novelas e reality shows
- leiam alguma coisa que não seja só jornais ou revistas de entretenimento
- levantem o cu do sofá!
- façam piscas nas putas da rotundas, porra!!!
- deixem de ver futebol até os clubes pagarem o que devem à Segurança Social, fiquem-se pelas selecções nacionais
…entre outras! (façam comentários com ideias, vá a ver!)
Por último, gostava de iniciar um movimento para levar as pessoas do continente a fixarem-se temporariamente na Madeira, fazendo também o recenseamento eleitoral, e votarem contra aquele pulha do A. João Jardim. Escolheu demitir-se, vamos então deixá-lo aproveitar a sua reforma milionária como deve ser.
Posso não fazer muito, mas gosto de verdades inconvenientes e nunca me calo!
Se nada disto der certo, podemos sempre pôr bombas e rebentar com isto tudo...

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