sábado, 11 de novembro de 2006

Nacionalismo, Iberismo e gargalhadas

Não pude evitar de soltar uma gargalhada visceral quando vi uma reportagem hoje no telejornal à hora do almoço. A peça mostrava os argumentos de um grupo de alegados nacionalistas que fizeram uma queixa à Procuradoria Geral da República visando um ministro do governo português que terá feito insinuações à volta da questão das possíveis vantagens de uma união entre Portugal e Espanha. É claro que o ministro retorquiu e se refugiou no facto de ter sido uma forma de apelar ao interesse ibérico sem nunca pôr em causa a independência de Portugal, mas sim mostrando que o futuro do nosso país passará por relações cada vez mais estreitas com Espanha, no sentido de beneficiar ambos os países de forma producente e acertada. Não me espanta o raciocínio do ministro, pois até concordo, o que verdadeiramente me espanta é o sentimento bacoco que o tal grupo de nacionalistas mostra na sua exposição, ou não fossem todos eles militares ou ex-militares decadentes. Eu sou a favor da inclusão de Portugal no espaço Ibérico, pois parece que temos estado de fora há já muito tempo, talvez desde os Descobrimentos, e porque não a formação de um país único, composto por várias nações e culturas. Esta é uma característica definitiva da Espanha que nós conhecemos, mas que no mundo não percebe, pois não passa pela cabeça de ninguém, nem dos próprios Bascos, pelo menos na sua grande maioria, que o país se divida (já tenho ouvido rumores da existência de separatistas galegos se quererem juntar a Portugal, mas se os nossos bimbos são loucos, os galegos, que respiram o mesmo ar e habitam a mesma terra, não devem andar muito longe da insanidade também). E sendo assim, Portugal seria apenas mais uma província de um novo conceito de país, não muito longe da ideia da Espanha actual, forte e assertiva. Talvez assim isto tomasse um rumo certo e decisivo. Só vejo boas coisas a virem desta ideia:

- Portugal tornava-se mais competitivo economicamente, e nos dias que correm, dado o sistema em que a sociedade global se insere, infelizmente, permitam-me acrescentar, é na economia que está a razão de ser da maioria dos problemas de um país, quer seja numa óptica puramente liberal ou mesmo a da procura de um estado social justo e fraterno para todos

- alcançaríamos finalmente a possibilidade de ter quem governasse o país, na verdadeira acepção do termo (na pior das hipóteses, quem fosse afastado numa eleição, por exemplo, por má gestão, negligência ou incúria, jamais voltaria ao poder pois os espanhóis não são estúpidos, e por esta ordem de ideias os ibéricos tão pouco o seriam, nunca esse tipo de políticos conseguiriam voltar à política activa e ganhar uma eleição que fosse, nem para presidente da Comissão de Reformados da Junta de Freguesia lá Detrás dos Quintais ou do raio que a parta)

- teríamos horários de trabalho decentes e inteligentes durante o verão e a possibilidade de fazer a sesta que tão bem sabe e tão produtiva pode ser

- os feriados seriam todos “encostados” aos dias de fim de semana para que se pudesse descansar bem nesses dias, e trabalhar melhor nos restantes

- ainda teríamos mais peso, como ibéricos, do que os espanhóis têm agora no seio da UE, e mesmo que assim não fosse, os espanhóis já têm peso suficiente e nós precisamos disso

- os subsídios da UE seriam devidamente aplicados e a agricultura seria encarada de forma séria

- não precisaríamos de recorrer ao emprego que as fábricas das multinacionais internacionais “oferecem” quando se instalam aqui, nos chupam a força de trabalho, os subsídios e ajudas do Estado, e depois se transferem para outros países “mais pobres” antes de cumprirem o acordado e sem por isso terem de pagar as indemnizações estabelecidas, pois os espanhóis têm uma industria suficientemente forte no panorama internacional, fixadas em território nacional, capaz de dar emprego a muita gente, e industrias como a do calçado e têxtil só sairiam a ganhar desta fusão de países tendo em conta a investigação que por cá se faz e o investimento que por lá se faz

- enfim, poder-se-ia comer pão em território espanhol que não fosse de plástico eu definitivamente merdoso (gastronomicamente, as vantagens para Espanha seriam bestiais)

- e finalmente, apareceria alguém com tomates para chutar aquele desgraçado infeliz do Alberto João Jardim de onde ele nunca devia ter assentado arraial.

Voltando aos argumentos do tal grupo de nacionalistas e à argumentação que deu fundamento à sua queixa contra o tal ministro: está contemplado da Constituição Portuguesa e no Código Penal que o acto de proferir frases e ideias como as que acabei de escrever, coisa que também faço em conversas, pois sou tudo menos hipócrita e cínico e digo sempre o que penso, e penso exactamente que seria melhor para os portugueses que nos aliássemos definitivamente aos espanhóis, podem ser interpretadas como traição à pátria. O que é que eu tenho a dizer disso? Pois bem, que se lixe o que está escrito se não foi escrito no melhor e talvez verdadeiro interesse dos portugueses. Também está escrito que é para se fazer a Regionalização, também está escrito que a saúde é para ser de qualidade e gratuita, bem como o ensino, a cultura, etc. O que está escrito, normalmente é esquecido, mas não por mim! Este país está moribundo e a nossa classe política atingiu um grau de nefastitude (se esta palavra não existe deviaria ser inventada!) que só mesmo sendo corrida à paulada e a insultos e impropérios. Há excepções, pois há, mas já não vão tendo força para se fazerem ouvir (se bem que eu ainda os ouço). Eu escrevo e falo para poucos e não faço muito mais do que isso, mas já é um princípio e as ideias podem, de facto, mudar o mundo. É caso para dizer, não faças o que eu digo mas faz como eu faço. Talvez se houver mais gente verdadeiramente motivada e interessada em mostrar o que pensa e o que sente, este país tenha um rumo, e mesmo que não seja com os espanhóis, certamente será sempre ao seu lado.

Pronto, já desabafei!

Notas:
Iberismo – ideologia política dos partidários da união política de Portugal com a Espanha.
Nacionalismo – preferência, por vezes exclusiva, por tudo o que diz respeito à nação de que se faz parte; doutrina política (ou do partido político) que faz desta preferência o seu programa de acção; patriotismo.
Patriotismo – amor à pátria; qualidade de patriota; seios da mulher, quando volumosos.


Post Scriptum: eu sabia que havia qualquer coisa de bom em ser-se patriota, e sinceramente parece-me que estes nacionalistas andam é todos à mama e há muito tempo!

4 comentários:

Rafi disse...

Se os espanhóis quiserem uma unificação com Portugal, então não são assim tão espertos.
Os tugas são um povo que não interessa a ninguém.

Não é dizer que não valemos nada.. mas valemos muito pouco.

The Joker disse...

Cá estou eu a responder ao teu apelo já que parece que quase ninguém lê o teu blog eh eh eh

Apraz-me antes de mais dizer que este é sem dúvida um sério candidato ao post mais longo da história do blog Courela do Tanganho.

Sobre o tema em questão diria apenas duas coisas: 1º sim à unificação de Portugal a.............................. o resto dos países que compõem o espaço europeu porque, afinal, é para lá que cminhamos. Uma espécie de Estados Unidos da Europa. Ou seja, o post é um bom post mas está temporalmente desenquadrado.
2º Deixa lá o Alberto João que pôs aquela ilha no mapa, muito acima do rendimento médio per capita nacional e quem te dera a ti que mandasse no País. Ao menos diz o que pensa e trabalha. Os frutos estão à vista e só não vê quem não quer.

The Joker disse...

Entretanto vou processar-te judicialmente por desrespeito dos meus direitos de autor - "Pronto. Já desabafei!"

Gandim disse...

Em primeiro lugar, devo dizer-te que o Alberto João Jardim é um bandido, seja onde for e dê lá por onde der!
Em segundo lugar, há provas cabais que fomentam esta "acusação", pois o tipo tem "obra feita" porque alimenta a máquina regional madeirense, de forma inadmissível, permite-me acrescentar, à custa do dinheiro de todos os contribuintes, inclusive os do continente (e isto não tem nada a ver com o Belmiro de Azevedo), que deveria ser distribuído equitativa e equilibradamente por todo o território nacional. Não há necessidade de tanta auto-estrada numa ilha, ou talvez ele não devesse ter mandado comprar todos os exemplares da sua biografia com dinheiros públicos, entre tantos outros exemplos... no ramo em que trabalho, vejo muita gente a precisar de ajuda por parte da Segurança Social e isso muito raramente acontece, mas na Madeira é tudo de graça, pois há comparticipação da Segurança Social para tudo e todos… quem paga isto? Será justo!?
Em terceiro lugar, o "Pronto já desabafei!" era mesmo para picar! ;)